Pesquisa analisa impacto da Covid-19 às organizações da sociedade civil

Com mortalidade crescente, organizações sofrem para se manter durante a pandemia

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São Paulo

Realizada pelas empresas Mobiliza e Reos Partner, a pesquisa "Impacto da Covid-19 nas OSCs brasileiras: da resposta imediata à resiliência" buscou entender como as organizações da sociedade civil enfrentam a pandemia e como estarão após a crise.

Foram ouvidos 1.760 representantes de organizações de todas as regiões do país, que responderam a um formulário, entre 17 e 31 maio de 2020, para uma análise do impacto imediato no primeiro semestre de 2020.

O levantamento demonstrou que 87% das OSCs ofereceram algum tipo de atendimento às populações afetadas pela Covid-19.

Entre as ações destacam-se distribuição de alimentos e/ou produtos de higiene, além de atividades de prevenção e conscientização da pandemia.

Apesar dessa resposta imediata, a maioria foi afetada pela crise. De acordo com a pesquisa, 87% das OSCs relataram ter todas ou parte de suas atividades regulares interrompidas ou suspensas por conta da crise; 87% se mobilizaram para realizar atividades diferentes das realizadas antes, 44% das organizações ouvidas adaptaram suas atividades para atenderem seus públicos de forma remota e 73% das disseram que a crise as enfraqueceu.

Parte das OSCs recebeu recursos doados por pessoas e empresa, doações que já passam de R$ 6 bilhões de acordo com o Monitor das Doações Covid-19, da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).

“Esse apoio dado pelas organizações, movimento, coletivos e grupos, são fundamentais para conectar os recursos emergenciais às populações mais vulneráveis. Mas ao mesmo tempo, podem esconder uma crise de médio prazo que não se encerrará com o final da pandemia”, alerta Fernando Rossetti, da consultoria Reos Partner, um dos responsáveis pela pesquisa.

46% das OSCs pesquisadas apontam que têm orçamento disponível para operar no máximo por mais três meses, sendo que 1 a cada 5 declara estar sem nenhum recurso financeiro para continuar suas atividades.

As três respostas mais relevantes dizem respeito ao apoio da sociedade para que as OSCs possam se manter —69% precisam de recursos para manter seus custos operacionais, 46% indicam a necessidade de engajamento da sociedade (indivíduos) para apoiar as ações de ajuda à população vulnerável.

Os principais impactos negativos enfrentados são a queda na captação de recursos e o distanciamento do público atendido. 73% das OSCs respondentes relataram a diminuição da captação de recursos como impacto negativo da Covid-19, em contraste às notícias e registros de aumento dos recursos filantrópicos para enfrentamento dos efeitos da pandemia nas populações mais vulneráveis.

No levantamento, as OSCs mais afetadas pela crise gerada pela pandemia foram as das área de Cultura e Recreação, ao contrario das que atuam na área de Saúde, que foram as mais fortalecidas.

O tamanho das organizações também demonstrou influenciar o impacto sofrido na crise. As organizações que tiveram maiores orçamentos em 2019 (orçamento anual acima de R$ 3 milhões) foram mais fortalecidas que as organizações de orçamento menor.

Sobre o pós-coronavírus, 59% acreditam que a demanda por seus serviços deve aumentar após o final da pandemia. Outros sentimentos relatados foram o impacto positivo do maior uso das ferramentas digitais, o engajamentos e envolvimento das equipes e a maior visibilidades para a própria organização ou causa.

O estudo revela, ao mesmo tempo, que a sociedade brasileira tem oportunidades importantes para fortalecer este setor, que tem se mostrado crucial para a resposta a vários dos problemas causados pela Covid-19, em particular envolvendo as pessoas mais pobres.

A pesquisa também traço um quadro de recomendações para empresas, terceiro setor, poder público, cidadãos e para a imprensa.

“Nós vemos no momento atual um desafio mas também uma janela de oportunidades para todos os públicos envolvidos na nossa pesquisa, a partir de seu campo de atuação específico, contribuir para o fortalecimento e o impacto da sociedade civil organizada no Brasil”, afirma Rodrigo Alvarez, sócio diretor da Mobiliza.

Passada a etapa mais emergencial da ajuda humanitária, toda a sociedade é chamada a cumprir seu papel para que as OSCs possam seguir relevantes e resilientes, enfrentando os desafios sociais e ambientais decorrentes da pandemia e fortalecer o tecido social brasileiro.

O estudo foi coordenado pelas consultorias Mobiliza e Reos Partners e cofinanciado pela Fundação Tide Setúbal, Fundação Laudes, Instituto ACP, Instituto Humanize, Instituto Ibirapitanga, Instituto Sabin e Ambev.

A iniciativa conta ainda com parceria técnica da Move Social e um Comitê Estratégico voluntário, que apoia nas articulações do projeto e na análise dos dados, formado por ABCR, Arredondar, GIFE, Instituto Filantropia, Move Social, Nossa Causa, Ponte a Ponte, Prosas e Rede de Filantropia pela Justiça Social. Também vol Because faz a identidade visual e os materiais de comunicação.

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