Descrição de chapéu Coronavírus

Respirador projetado pela Nasa está em produção no Brasil

Aparelho passou por alterações para a nacionalização e adequações às normas brasileiras no SENAI-Cimatec, em Salvador, e será produzido pela Russer, no interior de São Paulo

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São Paulo

Chamado de "Vida", o primeiro ventilador pulmonar desenvolvido pela NASA a ser homologado no mundo está pronto para ser replicado em escala industrial.

O aparelho será produzido pela Russer, indústria de equipamentos médicos, depois de passar por adaptações no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Cimatec) em Salvador, instituição vinculada à Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), durante cerca de dois meses e meio.

O SENAI pôs toda a sua estrutura a serviço do combate aos efeitos do novo coronavírus. Por meio da Plataforma Inovação para a Indústria, formou parcerias entre empresas para ampliar a oferta de ventiladores pulmonares produzidos no Brasil.

Professor do SENAI conserta respirador danificado em meio à pandemia do coronavírus em São Paulo - Rahel Patrasso/Reuters

Além disso, coordena uma rede voluntária de 28 instituições e empresas que já consertou mais de 2.000 respiradores que estavam parados por falta de manutenção.

“Na parceria com a Nasa, criamos um arranjo produtivo baseado nas competências técnicas do SENAI Cimatec, que tem quatro Institutos SENAI de Inovação, com empresas brasileiras para recepcionar uma tecnologia nova com enorme redução de custo, que vai ao encontro da perspectiva de apoiar a indústria brasileira no seu processo de reconversão industrial”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI-Cimatec, Leone Peter Andrade, o aparelho poderá ser usado no tratamento de doentes graves da Covid-19. “É um projeto robusto, com as características e funções necessárias para tratamento de 95% dos casos críticos de Covid-19, em que a intubação seja necessária”, explica.

De acordo com Valter Beal e Luiz Amaral, líderes técnicos do projeto no SENAI-Cimatec, o trabalho de adaptação e incrementos realizado na instituição baiana envolveu dez profissionais da casa.

A expertise tecnológica da equipe permitiu que uma função única se tornasse o diferencial do equipamento: é o único do segmento a suspender o funcionamento durante um procedimento de reanimação de paciente, sem perder os parâmetros ajustados anteriormente.

A homologação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi obtida na última segunda-feira (17) e a Russer, que tem mais de 35 anos de experiência na indústria de equipamentos médicos, deve produzir um primeiro lote de 300 aparelhos. A empresa é responsável por toda a cadeia de suprimentos, fabricação, montagem e comercialização final dos respiradores.

O equipamento, projetado por uma equipe de engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência aeroespacial norte-americana, foi chamado de Vital, da sigla em inglês de Ventilator Intervention Technology Accessible Locally.

A Nasa realizou chamada pública para licenciar a tecnologia e atraiu 331 empresas do planeta e 30 do Brasil. Do total, 28 foram selecionadas —nove delas dos EUA e duas no Brasil (SENAI-Cimatec e Russer)— para desenvolver e fabricar o produto.

A agência norte-americana liberou a patente do equipamento durante a pandemia, dispensando os royalties. No Brasil, o projeto está sendo aprimorado por meio de recursos da Russer, do SENAI e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Um dos objetivos do SENAI-Cimatec será arrecadar recursos de instituições e empresas para produzir e doar cerca de 50 ventiladores para os estados e os municípios brasileiros.

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