O Jardim Colombo, bairro na zona oeste de São Paulo, foi a primeira comunidade a receber unidades da solução de acesso à água da Florescer Brasil.
Em abril, Felipe Gregório, líder da empresa social, instalou com as próprias mãos as duas primeiras unidades das pias comunitárias que idealizou para evitar o coronavírus nas periferias. Uma comunidade que tinha de ser a primeira, pois, para Felipe, é um exemplo de engajamento coletivo.
"O que mais toca no Colombo é o envolvimento dos moradores na resolução de seus problemas", relata Felipe Gregório. "Ver a força de vontade dessas pessoas em situação tão vulnerável é o que nos motiva a continuar."
Os lavatórios não só previnem o contágio como estimulam esse engajamento na comunidade. A instalação utiliza a mão de obra local para gerar renda e agregar valor aos lavatórios, que devem ser preservados, além de influenciar também a economia circular por meio dos tambores de óleo.
O Colombo também será a primeira região a utilizar o app Florescer, pelo qual os moradores poderão responder perguntas e enviar dados e, assim, resolver juntos os problemas.
Com o sucesso dessa primeira instalação, a iniciativa passou a integrar a ação Cidade Solidária da prefeitura de São Paulo.
Em parceria com o órgão público, a Florescer espalhou 120 lavatórios por mais de 30 comunidades. Já em âmbito nacional, foram quase 300 unidades instaladas em cinco estados do Brasil durante a pandemia, impactando mais de 650 mil pessoas.
Depois do Colombo, foi a vez do Jardim Lapena, na zona leste, que conquistou a equipe da Florescer com seu cuidado com os lavatórios.
As mais de 3.500 famílias da região receberam cinco pias comunitárias, instaladas graças à parceria da empresa social com a Fundação Tide Setubal.
"O que mais nos chamou a atenção no Lapena foi o cuidado que a população tem com as pias", relata Felipe Gregório. "Retornamos ao local com menos frequência em relação às outras comunidades, já que os lavatórios estão impecáveis, talvez até mais bonitos do que quando foram instalados."
Mas um case que realmente tocou Felipe foi o da Portelinha, um dos locais mais vulneráveis em que puderam atuar durante a pandemia.
Localizada no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, a região abriga entre 1.500 e 2.000 famílias em casas de chapas de madeira compensada e chão de terra batida.
Um território, como diz Felipe, sem qualquer serviço essencial prestado pelo poder público. Uma comunidade esquecida e marginalizada. Sem rede de água ou coleta de esgoto, o abastecimento é intermitente, e a água chega por meio de conexões clandestinas sempre de madrugada e durante poucas horas.
Após ouvir os moradores (a parte principal da atuação da Florescer) e analisar as características do local, instalaram oito lavatórios.
A Florescer chegou à Portelinha graças à parceria com a ONG Projeto Rizoma, que visita a comunidade semanalmente. Uma das idealizadoras do Rizoma contou a Felipe que ficou desacreditada ao ver que finalmente poderia lavar as mãos naquele local, antes tão sujo.
"Se para ela que visita o local algumas vezes por mês foi emocionante, imagina para quem tem sua rotina diária na comunidade", diz Felipe.
Dessa forma, conforme aponta o líder da Florescer, as soluções não só promoveram o acesso à água para os moradores, como também abriram portas para mais ações de impacto naquela região.
O sucesso da ação nas três comunidades paulistanas foi o que deu base para a equipe ampliar sua atuação para outros estados do Brasil, entre eles o Amapá, visitado por Felipe na época em que os habitantes enfrentavam o racionamento energético pós-apagões, em novembro de 2020.
"A água é um bem essencial ao qual muitos não têm acesso. A gente tá levando vida para as pessoas e soluções para o bem devem ser copiadas", afirma Felipe Gregório.
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