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Dinheiro na mão em tempos difíceis

Bancos Comunitários Digitais, iniciativa de destaque no Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19, distribuiu mais de R$ 180 milhões para moradores de comunidades vulneráveis

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Maysa Provedello
São Paulo

Moradoras do bairro Palmeira, em Fortaleza, Valdênia da Silva (43 anos), Naiara Sousa (27) e Marília Gomes (29) têm em comum o fato de passarem, de uma hora para outra, no começo de março, de uma situação de relativo equilíbrio nas contas familiares para nenhum dinheiro disponível para gastos mais elementares.

Era o início da quarentena e o trio se viu tragado pelos impactados negativos da chegada do novo coronavírus, que deixou um rastro de desemprego em massa e quebradeira geral no país.

Valdênia e o marido são higienizadores de garrafas para indústrias da cidade e, de uma hora pra outra, pararam de receber vasilhames para lavar. “Nosso dinheiro é curto e vi que não teríamos o que comer da Semana Santa em diante”, relata ela.

Valdênia da Silva (de amarelo), Naiara Sousa (de marrom) e Marília Gomes (de azul), usando máscaras, são moradoras do bairro Palmeira, em Fortaleza, beneficiadas pelos Bancos Comunitários Digitais durante a pandemia
Valdênia da Silva (43), Naiara Sousa (27) e Marília Gomes (29), moradoras do bairro Palmeira, em Fortaleza, beneficiadas pelos Bancos Comunitários Digitais durante a pandemia - Arquivo pessoal

Uma amiga contou que o Banco Palma estava cadastrando pessoas e ela foi até lá saber do que se tratava. Ela foi cadastrada para receber recursos destinados aos moradores de zonas vulneráveis da capital cearense. Dinheiro arrecadado pelo movimento Supera Fortaleza, composto por empresários da cidade, e pela organização social Somos Um.

No total, foram distribuídos R$ 3,5 milhões a 15 mil moradores da cidade.

“Bem na véspera da Páscoa consegui o dinheiro e comprei comida e produtos de higiene no supermercado do bairro”, conta ela, que tem três filhos, de 12, 15 e 18 anos.

No caso de Valdênia, a senha para o uso dos R$ 200 recebidos chegou pelo smartphone da família. O mesmo celular usado para as aulas das três filhas. Teve ajuda providencial do vizinho, que empresta a rede wi-fi para que a família possa acessar a internet.

Naiara, que mora com marido, a filha de 9 anos, a mãe e irmãs e cunhados, além de outras 3 crianças numa mesma casa, também foi alertada por uma amiga de que poderia contar com o socorro emergencial disponível no bairro. Ela não usou tecnologia.

“Fui com o meu nome e meu documento, o CPF, no mercadinho e comprei arroz, feijão, mistura, fruta e mais algumas coisinhas”, afirma.

Os adultos da família fazem pequenos bicos e todos ajudam nas despesas globais, inclusive Naiara, que fazia artesanatos para serem usados nas garrafas de uma famosa marca de cachaça da região.

“Quando vimos, não tínhamos mais nada e essa ajuda foi muito boa no começo desses meses que ficamos parados, quando ainda não sabíamos como íamos fazer com a falta de dinheiro”, relata.

A terceira das amigas, Marília, vive com os seis filhos, com idades que variam de 7 a 14 (sendo dois pares de gêmeos, um com 10 e outro com 4 anos) e o marido, desempregado. Ela também relata uma sensação de medo e ansiedade no começo da pandemia.

“Nossa situação é muito ruim, pois já faz um tempo que vivíamos de bicos e doações. Quando dava, eu fazia faxina em um restaurante, ficamos quase sem nada para comer”, diz. Segundo ela, o dinheiro recebido via banco comunitário foi o que os salvou nesta crise.

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