Lariane Silvestre, 21 anos, moradora de Diadema (SP), ficou internada no hospital de campanha do Ibirapuera, na capital paulista. Foi diagnosticada com Covd-19 ao ser atendida em uma unidade móvel da Fleximedical, que conta com tomógrafo instalado.
A startup de saúde levou suporte e acesso à saúde a pacientes do SUS em comunidades vulneráveis durante a pandemia. A ação foi uma das 30 premiadas no Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19, na categoria Mitigação dos Impactos.
"No dia 15 de maio, eu tava com mal-estar, febre, indisposição. Mas como tenho sinusite, achei que era isso.
Procurei a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Taboão da Serra (SP) e lá o médico me examinou e disse que era sinusite. Tomei duas injeções e ele me receitou outros medicamentos. Mas eu fui piorando: perdi o paladar, a febre só aumentava, chegou a 40. No dia 22, eu decidi voltar ao médico, mas fui direto para o Hospital Municipal de Piraporinha.
Eu mal aguentava andar de tanta falta de ar, também não conseguia comer. Expliquei os sintomas, e o médico pediu um raio-X. Ele disse que eu estava com uma pneumonia forte e que iria me internar. Fui piorando.
No hospital, me disseram que não tinham suporte para me tratar e que iriam me transferir. Fiz o teste para Covid-19 e fiquei internada. No dia seguinte, fui transferida para o hospital de campanha do Ibirapuera.
Quando o Samu chegou para me buscar, fui passar de uma maca para outra e minha saturação começou a cair de vez. Quando cheguei lá no Ibirapuera, os médicos me trataram superbem e fizeram todos os procedimentos que precisava.
Consegui fazer a tomografia e, na hora, o médico disse que era Covid porque comprometeu 70% do pulmão. Fui levada para o meu leito e aí começou a luta.
Eu tive trombose, embolia pulmonar, inflamação no coração, no fígado, pneumonia forte. Foi por pouco que não parti desta para melhor. Eu estava muito fraca, não conseguia tomar banho, ir ao banheiro. Não saía do oxigênio para nada.
Os profissionais me deram toda a assistência: tive nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga. Como não podia ter acompanhante, eles não me deixavam ficar abatida.
No dia 29, consegui sair da máscara [de oxigênio]. Foi uma grande vitória, já que, para mim, eu não iria voltar pra casa.
No dia 1o de junho, a melhor notícia chegou: me deram alta. Foi aquela alegria. É uma pena que não dava para abraçar. Bateram palmas, me levaram até minha mãe.
Todos cuidaram de mim aqui, no coração, porque é uma doença difícil. Você fica isolado sem contato com ninguém. Eles deixavam a gente se sentir acolhida. Não tem explicação, só tenho a agradecer.
Esses hospitais de campanha ajudaram muitas pessoas assim como eu. Porque se eu não tivesse tido aquele suporte e minha força, eu não estaria aqui para dar meu relato. Se cuidem, o vírus tá aí e ele leva quem a gente mais ama.
Não me esqueço que no dia que me transferiram para o Ibirapuera, uma enfermeira lá do outro hospital me disse que seria bom se minha mãe me levasse algumas coisas porque ela me veria viva. Aquilo me doeu muito.
Fiz 21 anos no dia 15 de julho, mas agora também comemoro meu aniversário em outra data: o dia em que tive alta. Sou grata a todos. Já fiz um check-up e estou ótima, mas o médico me deu seis meses de repouso porque tive muita coisas de uma vez só.
Ah, e o resultado positivo do meu teste só chegou quando eu estava para ir embora [do hospital]. Hoje, esse sorriso está aqui por causa de toda essa equipe e pela minha fé e força."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.