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Verduras e hortaliças enriqueceram prato de famílias vulneráveis na pandemia

Afetados pela crise sanitária, pequenos produtores participam de #FaçaUmBemINCRÍVEL, uma das 30 iniciativas de destaque do Empreendedor Social do Ano, na categoria Legado Pós-Pandemia

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São Paulo

No auge da pandemia, os pratos estavam praticamente vazios nas casas de muitas famílias do distrito Iguatemi, na zona leste de São Paulo, localizado a cerca de 20 km do centro da capital.

É considerada uma das regiões com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais baixo da cidade. São cerca de 130 mil habitantes distribuídos pelos 23 bairros da região e muitos tinham perdido o emprego ou não conseguiam desempenhar os bicos que traziam poucos trocados para casa, em tempos normais.

Quando parecia que nada iria acontecer, chegaram as primeiras doações do projeto #FaçaUmBemINCRÍVEL, uma das 30 iniciativas de destaque do Empreendedor Social do Ano, premiada na categoria Legado Pós-Pandemia.

Criado por Simone Silotti, o projeto tem por objetivo criar uma rede de segurança para o produtor rural e alimentar comunidades que pedem socorro. “O projeto é maravilhoso e ajudou famílias. Muitas não tinham mistura para comer. E as misturas viraram os legumes e as verduras que chegaram de doação”, diz a líder comunitária Joana Darque Santos Silva.

Segundo ela, foram cerca de 5.000 famílias que se beneficiaram da ação dos produtores rurais da Quatinga, no cinturão verde da Grande São Paulo. A estimativa de Joana é que 20 mil moradores do distrito não tenham renda fixa.

“Essas folhagens que vinham toda semana nos ajudavam muito. Eles entregavam alface, rúcula, agrião, coentro, couve, muitas, muitas, muitas verduras. Tudo fresquinho e com embalagens individuais”, conta ela.

Na outra ponta, o projeto também mudou a vida dos produtores rurais. “Antes do projeto, estava decidido a parar as atividades. Feirantes eram meus principais compradores, mas 90% deles estavam parados.", relata o produtor Julio Hagio, diante da angústia de ver as plantações se perdendo no campo no auge do isolamento social causado pela chegada do coronavírus.

Após a criação de #FaçaUmBemINCRÍVEL, ele resolveu prosseguir com as atividades. “Não dispensei nenhum funcionário. Fui criado como produtor rural desde criança, queria muito manter a produção até o fim da minha vida.”

A opinião é a mesma de outro produtor, Fábio Sussumu Hagio, que planta hortaliças há 12 anos na mesma região. “Eu vendia 10 mil maços de almeirão, alface, agrião e rúcula em uma semana e, na outra, passei a vender 500. Com essa queda foi inevitável fazer o descarte dos alimentos", diz. "Cerca de 70% da produção foi jogada fora."

Para ele, a mobilização de Simone, que envolveu também cooperativas, fez um bem para todos. "Beneficiou o campo e trouxe esperança para os produtores.”

Inconformada em jogar comida fora com tanta gente passando fome, Simone arregaçou as mangas para viabilizar o projeto que uniu duas pontas vulneráveis, pequenos produtores no campo e comunidades.

“Um momento de incerteza e dificuldade se tornou algo muito bom. Foi gratificante saber que o alimento que estava sendo perdido passou a ir para a casa de famílias que precisam”, reume Vagner Hagio, outro produtor da região.

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