Era para ser uma ação emergencial para amenizar a solidão de pacientes com Covid-19 isolados nos hospitais. Mas a iniciativa do fotógrafo André François se tornou projeto de humanização que melhora a experiência de internação em mais de 35 hospitais brasileiros.
Com celulares e aplicativos próprios, a ONG ImageMagica conseguiu diminuir a sensação de distanciamento entre profissionais dos hospitais, pacientes e seus familiares.
As videochamadas que conectam internados a seus familiares acontecem principalmente nos leitos de UTI, espaços que não permitem visitas, de hospitais públicos de referência. Entre eles, Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Hospital das Clínicas de São Paulo, Hospital de Campanha do Anhembi, Hospital de Amor, Hospital Santa Marcelina, Tide Setúbal e Rede Mário Gatti.
“As equipes de saúde indicam quem está há mais tempo em isolamento”, diz François. Então os educadores –como são chamados os profissionais capacitados pela ONG a atuar naquele ambiente— se aproximam, verificam o nível de consciência e convidam pacientes para as videochamadas.
Ainda que tenham smartphones, boa parte dos pacientes graves, a maioria deles idosos, não têm planos de dados nem domínio sobre aplicativos. A ação, segundo o fotógrafo, contribui para a melhora do quadro clínico e para a saúde emocional. “As conversas são íntimas e amorosas, perguntam sobre o cachorro, sobre a rotina e pedem para ver as crianças”, afirma.
Os profissionais de saúde ganharam crachás humanizados que identificam os rostos por baixo das máscaras, óculos e toucas. “O sorriso é uma maneira de acolhimento e a máscara nos tornou impessoais”, diz uma enfermeira que estampa simpatia no crachá.
A identificação carrega uma foto produzida pela ONG com frases como “tudo passa” ou “juntos, caminhamos” e o nome pela qual a pessoa é conhecida no hospital. “Instigamos a procurar o lado amoroso dentro delas”, diz François.
A iniciativa Conexões do Cuidar foi um dos destaques no Prêmio Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19. Desde abril de 2020, as visitas virtuais envolveram mais de sete mil pacientes e seus familiares e foram produzidos 16 mil crachás humanizados.
Como finalista na categoria Ajuda Humanitária do prêmio, o projeto vai à votação popular, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor.
O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias ao longo de três meses, em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação.
COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR
Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem
Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação
Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em "Doar agora"
Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em "Enviar"
Os vencedores da Escolha do Leitor, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados em um dos eventos de comemoração aos 100 anos do jornal ao longo de 2021.
Para André François, quando a imprensa traz à tona a dimensão humana que habita os hospitais durante a pandemia, o público se abre para apoiar iniciativas de humanização. “Vocês criam uma ponte que envolve quem está fora daquele ambiente e as pessoas ajudam porque toca o coração”, afirma.
As doações obtidas pela plataforma serão aplicadas na ampliação das atividades, que dizem respeito aos custos com os educadores e a tecnologia envolvida no projeto.
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