Movimento propõe diálogo após grito de alerta de mais de 250 organizações sociais

A partir da carta aberta 'Precisamos de Ajuda', empreendedores sociais continuam mobilização para superar desafios da pandemia e fortalecer setor

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São Paulo

Um grito de alerta e um chamado à ação. Foi com essa dupla missão que começou a ser gestado o manifesto “Precisamos de Ajuda”, por meio do qual mais de 250 organizações da sociedade civil já se manifestaram frente ao colapso sanitário, ao aumento da fome e à escalada no número de mortes por Covid-19 no Brasil.

A carta aberta, publicada neste domingo (11) na Folha, é fruto da articulação de empreendedores sociais para chamar atenção sobre o papel fundamental da sociedade civil organizada para o país e, em especial, neste momento crítico da pandemia.

“Não fossem associações de bairros, centrais de favelas, instituições filantrópicas, movimentos indígenas e articulações empresariais, dentre tantas iniciativas solidárias no combate à Covid-19, estaríamos muito piores”, diz o documento assinado por líderes de entidades que representam uma multiplicidade de atuações na linha de frente no enfrentamento à crise.

grupo de pessoas em cima de um palco
Os empreendedores sociais das redes Folha e Schwab em evento pré-Fórum Econômico Mundial no Teatro Folha, em São Paulo - Eduardo Anizelli / Folhapress

Puxado por líderes da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, como os irmãos Eugenio e Caetano Scannavino (Saúde & Alegria); Fábio Bibancos (Turma do Bem); Alice Freitas (Rede Asta); Ivaneide Bandeira Cardozo, (Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé); Maria Teresa Leal (Coopa-Roca); e David Hertz (Gastromotiva); o movimento contou com adesões que vão do Instituto Ethos, com mais de 500 empresas associadas para aprimorar práticas sustentáveis, ao Movimento dos Sem-Terra (MST).

Subscrevem o documento também universidades, ONGs pequenas, como Associação Jenipapense de Assistência à Infância, do Vale do Jequitinhonha (MG), e grandes entidades que são referência no terceiro setor, como SOS Mata Atlântica, além das fundações Avina e Tide Setúbal, passando pelo Instituto Ronald McDonald.

“O manifesto foi uma prova viva de nossa potência e capacidade de articulação e foi além das organizações da Rede Folha”, ressalta Erika Foureaux, do Instituto Noisinho da Silva, uma das porta-vozes do movimento.

A carta é assinada por representantes de outras redes de empreendedorismo social, como Schwab e Ashoka, além de 46 integrantes da Rede Folha, composta por 112 líderes de ONGs e negócios de impacto social, entre finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social.

Membros de comunidades como Young Global Leaders, ligada ao Fórum Econômico Mundial, também subscrevem o manifesto, entre eles Ilona Szabó, colunista da Folha e fundadora do Instituto Igarapé, e Leandro Machado, um dos sócios da Cause.

“São representantes de vários campos de atuação, o que mostra a diversidade de atores neste campo social”, ressalta Fernando Assad, do Vivenda, um dos líderes da articulação na Rede Folha.

“A premissa do movimento é o diálogo. Temos nomes que frequentam o Fórum Econômico Mundial e o Fórum Social Mundial. É o contrário da polarização vigente, ao congregar ONGs, empresas e negócios de impacto de diferentes áreas e territórios.”

Ao fazer um balanço do movimento, Assad destaca que neste momento em que o Brasil é visto como grande ameaça biológica mundial e questionado por ataques à democracia e ao ambiente, o objetivo do manifesto foi demonstrar que existe também uma antítese.

“Apesar dessa imagem internacional, mostramos ao mundo que aqui existe um ponto luminoso, representado pelo campo do empreendedorismo social, com uma série de inovações e ações ligadas à saúde, democracia, ambiente, direitos humanos", diz.

A ideia é fazer o manifesto ganhar espaços no exterior. O documento foi traduzido para o inglês, o francês e o espanhol. Pode ser acessado na página precisamosdeajuda.org, onde novas adesões continuam a ser coletadas.

Como representantes de parcela do campo social no Brasil, os integrantes da Rede Folha estão construindo novos passos pós-manifesto. “A premissa é a colaboração e colocar a mão na massa”, explica Assad.

“Estamos no processo de explorar formas de atuação mais estruturadas e coletivas, em rede e entre redes.” Assad cita como exemplos a colaboração com o movimento Unidos pela Vacina, capitaneado por Luiza Helena Trajano, e com o movimento Catalyst 2030 Brasil, recém-lançando com o objetivo de catalisar forças para acelerar a implantação dos ODSs no país.

Erika também destaca a importância de os empreendedores sociais ganharem voz e visibilidade em meio a uma campanha de criminalização do trabalho de ONGs.

“Precisamos voltar a ocupar o espaço que sempre tivemos aos olhos da população, como celeiro de políticas públicas”, afirma a empreendedora social. “O terceiro setor é pilar importante para assegurar direitos.”​

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