Na crise da Covid-19, Paraisópolis aposta em doações, negócios de mulheres negras e diálogo com poder público

Comitê das Favelas concorre na Escolha do Leitor em que público pode, além de votar, doar para ações de enfrentamento à Covid-19

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São Paulo

Um ano após a chegada do vírus, gestão de crise liderada por Gilson Rodrigues em Paraisópolis se articula em diversos níveis para combater os efeitos da pandemia. De um lado, mobiliza doações e parcerias com pessoas e empresas que asseguram socorro a vulneráveis e investimento em negócios da favela. De outro, abre diálogo com poder público para garantir direitos fundamentais aos 100 mil moradores.

A metodologia dos presidentes de rua –pessoas que cuidam de seus vizinhos– avançou pelo país, deixando legado de organização da comunidade. Se na primeira onda eles eram especialmente responsáveis por monitorar casos de Covid-19, nesta se dedicam a entregar cestas para uma população que sofre com a escalada da fome.

“No meio no caminho percebemos que a pandemia se agravaria pela crise econômica que mais uma vez atinge famílias vulneráveis”, diz Gilson. “Com o auxílio [emergencial] não dá para comprar botijão de gás, arroz e carne.”

As doações para a campanha Panelas Vazias possibilitam a distribuição de 2.000 quentinhas por dia em Paraisópolis. Ainda é pouco se comparado às 10 mil oferecidas há um ano, uma vez que a fila não para de crescer no pavilhão social. “Agora vamos fazer uma rodada para entregar pelo menos 30 mil cestas pelo país.”

Do ponto de vista econômico, Gilson enxerga no empreendedorismo uma chance de enfrentar o desemprego que assola os mais pobres.

Com o G10 Favelas, bloco de líderes e empreendedores que buscam desenvolvimento econômico e social, ele fomenta 22 iniciativas que incluem a criação de um banco: o G10 Bank. Jovens e mulheres negras com negócios escaláveis em áreas como alimentação, beleza, construção civil, logística e moda têm prioridade de crédito.

Na primeira rodada de investimentos, foi levantado 1,8 milhão de reais. O objetivo é chegar R$ 20 milhões para cada uma das favelas, oferecendo, além de microcrédito, maquininhas de cartão, poupança e educação financeira.

O protagonismo de Paraisópolis no enfrentamento à Covid-19 também abriu diálogo com o poder público. Após sucessivas manifestações e ação contra a Sabesp, pedindo instalação de pontos de água, Gilson diz enxergar um avanço.

“Tivemos reunião com o vice-prefeito da cidade e com o presidente da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] de São Paulo”, diz o líder comunitário. “Eles perceberam nosso protagonismo e agora, diante da situação grave da crise, entenderam que não conseguimos continuar sozinhos”, completa.

Na reunião com Ricardo Nunes (PSDB), Gilson pediu a instalação de uma base do Samu em Paraisópolis. Apesar da presença de ambulâncias em 2020, em ação emergencial e financiada por doações, desde o dia 28 de fevereiro não há mais atendimentos na favela. A Caio Augusto, presidente da OAB, foi solicitado apoio jurídico para situações como a da falta de água.

Ainda que a gestão de crise –que foi destaque no Prêmio Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19– seja fundamental para garantir a retomada econômica, Gilson é categórico em afirmar que estas iniciativas precisam andar lado a lado com políticas públicas. “O Brasil não tem como superar a crise sem olhar para as favelas.”

A iniciativa Comitê das Favelas – Presidentes de Rua vai à votação popular na categoria Mitigação da Covid-19, concorrendo com outras nove iniciativas na Escolha do Leitor.

COMO VOTAR NA ESCOLHA DO LEITOR

Passo 1 Acesse folha.com/escolhadoleitor2021 e escolha a iniciativa que mais fez seus olhos brilharem

Passo 2 Clique no botão "Quero votar" e aguarde a confirmação

Passo 3 Faça uma doação para uma delas clicando em "Doar agora"

Passo 4 Preencha seus dados, valor da doação e clique em "Enviar"

O público poderá eleger seu finalista favorito em cada uma das categorias em formato inovador no qual a enquete, no site da Folha, torna-se também plataforma de doação.

As contribuições serão destinadas às iniciativas de combate à fome em Paraisópolis. Os vencedores, tanto os recordistas de votos quanto os líderes na captação de doações, serão anunciados ao longo de 2021.​

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