Descrição de chapéu

Negócios de impacto socioambiental furam bolha ao longo de década e pandemia

Primeiro estudo nacional a avaliar impactos da Covid-19, mapa aponta maturidade do setor e empreendedores bem posicionados para oferecer soluções na crise sanitária

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mariana Fonseca

Coordenadora do Mapa 2021 e cofundadora da Pipe.Social e da Pipe.Labo, o maior centro de estudos e conhecimento aplicado sobre o mercado de impacto no Brasil. Também está à frente do @hidrapodcast.

Estouramos a bolha do impacto! Essa é a boa notícia que o Terceiro Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental vem trazer em meio à crise provocada pela pandemia.

Se antes os empreendedores focados em resolver problemas sociais e ambientais por meio dos seus negócios dialogavam com um mercado de nicho –de poucos institutos e fundações, investidores, governos e marcas–, hoje existe uma infinidade de organizações que compreendem a urgência e a potência destas iniciativas de impacto positivo.

De fora para dentro, os mercados vêm puxando a tendência: estamos diante da "Década da Mudança", com pouco menos de dez anos para apresentarmos os resultados da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Além disso, com a crise da Covid-19, o Brasil e o mundo viram o termo ESG (environmental, social, and governance, da sigla em inglês para ambiental, social e governança) subir de patamar. Investidores têm, cada vez mais, assumido o posicionamento de buscar empresas com melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

Outra força veio por meio de grandes marcas que têm adotado, progressivamente, o ativismo empresarial. Ou seja, empresas se mobilizando e se engajando para ajudar a resolver problemas relevantes da sociedade com uma postura ativa e efetiva, de forma imediata e/ou a longo prazo.

Propósito e impacto positivo passaram, nos últimos anos, a fazer parte do escopo de trabalho e reuniões de gigantes nacionais e internacionais. Esses ventos externos parecem ter aberto portas para empreendedores de impacto desenvolverem e experimentarem suas soluções no último ano.

Essa é uma das muitas conclusões trazidas pela terceira edição do Mapa, levantamento realizado com 1.300 negócios dentro de um cenário de extrema incerteza para a economia mundial e sob o impacto da pandemia.

A pesquisa, que garante a continuidade da leitura sobre o "pipeline" de negócios de impacto brasileiro, surge como o primeiro estudo em nível nacional a revelar os impactos da crise neste setor.

Um ganho inicial do mercado foi no número de negócios atuando dentro dos critérios de impacto. Houve aumento no volume: a primeira edição do mapeamento contou com 579 empresas; a segunda, com 1.002; e a terceira, com 1.300.

Além disso, a crise chega como divisor de águas. De um lado, 6% dos negócios mapeados fecharam as portas; de outro, 52% viveram a crise como uma oportunidade. Chama a atenção que 30% dos negócios tenham visto quedas em suas vendas e somente 7% tenham caído em suas faixas de faturamento.

A combinação das informações indica que as quedas tenham sido pequenas, se observamos os desafios financeiros atuais do país como um todo.

Para sobreviver à pandemia, a medida mais comumente adotada pelos empreendedores de impacto foi a de se implementar novas ações de marketing e promoção do produto/serviço (25%), em conjunto com a abertura de novos canais de venda (20%), mudanças impostas pelos distanciamentos na forma de se vender –que tanto beneficiaram varejistas online.

Em seguida, a redução de contas e/ou despesas administrativas (25%) e as mudanças nos planos de expansão (18%) foram as medidas mais recorrentes, comuns a períodos de crise. Por fim, 80% dos negócios esperam crescer em 2021, o que revela sobretudo o espírito do empreendedor de impacto, confiante em superar mais um desafio e fazer crescer seus projetos.

Na prática, o mapa revela que o empreendedor do setor está mais maduro na compreensão de diversos termos e conceitos do universo de impacto, como mais consciente dos recursos financeiros e apoios de que necessita em diferentes estágios de desenvolvimento.

Embora jovem, o ecossistema de impacto socioambiental registra importantes "benchmarks" e casos de saídas de investidores, provando que investir no impacto positivo e fomentá-lo são ações interessantes do ponto de vista de negócio.

Na análise histórica dos últimos seis anos de mapeamento, conseguimos identificar importantes passos dados e desafios que ainda perduram para um desenvolvimento mais rápido e robusto deste cenário.

Entre os avanços significativos estão os ganhos em diversidade do perfil dos negócios, no avanço de uma base de ideação rumo à experimentação da solução e no compromisso do empreendedor com o impacto que gera.

Convidamos todos a acessar a íntegra do Terceiro Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, pesquisa conduzida pela Pipe.Labo com apoio de Enimpacto, Aliança pelos Negócios de Impacto, Climate and Land Use Alliance, do Fundo Vale, Instituto Clima e da Sociedade, e do Instituto Sabin.

O evento online de lançamento acontece em 28 de abril, às 16h. O conteúdo do estudo ficará disponível para acesso público no site mapa2021.pipelabo.com.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.