Assistente virtual no Twitter ajuda a combater violência contra mulher

Iniciativa do Instituto AzMina identifica relacionamentos abusivos e orienta por mensagem

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São Paulo

Apostando na tecnologia como instrumento para enfrentar a violência contra mulheres, o Instituto AzMina, em parceria com o Twitter, lança uma assistente virtual de atendimento. Batizado Penha, o recurso ajuda a identificar sinais de relações abusivas e orienta caminhos e direitos para interromper situações violentas de maneira segura.

"Queremos atender a três perfis de mulheres", diz Marília Moreira, gerente de projetos do Instituto AzMina. "Aquelas que querem informação sobre serviços jurídicos e psicológicos gratuitos, quem quer ajudar uma amiga e mulheres com dificuldades de sair de uma relação abusiva."

Para receber o atendimento, que é sigiloso, basta enviar uma mensagem direta (DM) para o perfil @revistaazmina no Twitter a partir desta segunda-feira (2).

Penha faz referência à Lei Maria da Penha, símbolo da luta das mulheres contra violência doméstica. "A identificação da violência ainda é gargalo porque naturalizamos comportamentos machistas", diz Moreira.

"Outra dificuldade é a vergonha que mulheres têm de pedir ajuda, então esperamos que a interação com a assistente virtual quebre essa barreira."

Para desenvolver as interações do serviço automatizado, o Instituto AzMina analisou centenas de atendimentos realizados nos últimos cinco anos.

O projeto surgiu a partir de conversas com o Twitter, que financiou o desenvolvimento da tecnologia e dará visibilidade ao tema na semana em que a Lei Maria da Penha completa 15 anos.

"A iniciativa é parte de uma série de esforços guiados por nossa missão de servir e ajudar a promover a conversa pública global e garantir que a plataforma seja um lugar saudável, seguro e democrático, incluindo esforços para garantir a segurança das mulheres na plataforma", diz Fernando Gallo, gerente de políticas públicas do Twitter no Brasil.

A experiência é inédita no país e o Instituto AzMina disponibilizará o código aberto da ferramenta para que possa ser replicada até mesmo em outros países.

card roxo com robô escrito chame a penha
Assistente virtual Penha ajuda a identificar sinais de relações abusivas - Divulgação / Instituto Azmina

"Nenhuma ferramenta sozinha dá conta da violência contra a mulher e sabemos que é restrita a pessoas alfabetizadas e com amplo acesso à internet", afirma Marília Moreira.

Entretanto, o investimento em informação e tecnologia que a organização vem fazendo, que inclui uma revista digital, o aplicativo PenhaS e campanhas de combate à violência, traz retornos positivos e pode "furar a bolha".

"Há duas semanas, recebemos um áudio no WhatsApp pedindo orientação sobre como obter pensão alimentícia", conta Moreira. "A mulher tinha ido a uma Unidade Básica de Saúde, acabou mencionando o problema familiar na consulta e a profissional de saúde indicou AzMina."

Como não sabia ler ou escrever, o atendimento foi realizado inteiramente pelas conversas em áudio.

Uma das possibilidades durante a interação com a Penha é a indicação de serviços da rede de apoio mais próximo, a partir do fornecimento do CEP.

Entre eles, locais públicos de denúncia, como Delegacias da Mulher, Defensoria Pública e Ministério Público, espaços de assistência e acolhimento, como a Casa da Mulher Brasileira, e unidades de saúde.

Segundo dados publicados desde 2020, a violência doméstica no país ocupa a quinta posição no ranking mundial de feminicídios e foi agravada durante a pandemia.

No dia 5 de agosto, às 19h, o instituto realiza o evento virtual "Conecta Penha: #ChameAPenha" com Amelinha Teles (Promotoras Legais Populares), Luiza Trajano (Magazine Luiza e Mulheres do Brasil) e Regina Célia Barbosa (Instituto Maria da Penha), Natália Neris (Twitter no Brasil). Também participam Marília Moreira, de AzMina , e a jornalista Mariana Kotscho (Portal Papo de Mãe).

"Queremos promover a ideia de que para enfrentar a violência precisamos estar fortes, ter outras mulheres na rede de apoio e estrutura pública dando suporte", diz Moreira.

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