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Da renúncia ao mercado financeiro aos dez anos da Geekie

Sonho de transformar a educação com personalização e uso de dados moveu empreendedores sociais

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Claudio Sassaki

Mestre em educação pela Universidade Stanford (EUA) e graduado em arquitetura e urbanismo pela USP, é fundador da Geekie e venceu o Prêmio Empreendedor Social em 2014.

Eduardo Bontempo

Formado em administração pela FGV, é fundador da Geekie. Foi reconhecido como inovador do ano pelo MIT Technology Review e venceu o Prêmio Empreendedor Social em 2014.

A transformação promovida pelos empreendedores da educação acontece, muitas vezes, em ondas. A primeira é pequena e ganha o formato de um incômodo pessoal, compartilhado em conversas profundas com amigos.

Da dúvida sobre em qual escola deveríamos matricular nossos filhos à constatação de que vivemos em um país que negligencia a educação –e que é tão desigual em oportunidades– nasceu uma insatisfação enorme. E basta um ser humano insatisfeito, no nosso caso dois, para iniciar uma revolução.

uma lousa cheia de nomes em preto e branco se destaca na foto, com dois homens na parte de baixo sorrindo, um olhando para o outro
Eduardo Bontempo e Claudio Sassaki deixaram o mercado financeiro em 2011 com o sonho comum de transformar a educação no país - Renato Stockler

Nossa conversa começou quando trabalhávamos no mercado financeiro. Ficamos amigos após passarmos três dias presos em um escritório, lapidando um projeto do banco que envolvia a captação de R$ 1,4 bilhão. Entre rápidos cochilos e lanches engolidos às pressas, descobrimos um interesse comum: a educação.

O Brasil de então vivia a abertura de capitais, mas era um país que não classificava a educação como oportunidade de negócio.

Com olhos abertos para enxergar um problema que nos pareceu grande demais para ser ignorado e uma confiança mais baseada em coragem do que em fatos, fundamos a Geekie em 2011 com o sonho de transformar a educação no Brasil.

Apoiados em um mestrado em educação na Universidade de Stanford e em estudos de tecnologias no Massachusetts Institute of Technology (MIT), renunciamos às carreiras no mercado financeiro e mergulhamos nessa jornada intensa.

homem escreve em lousa à direita, logo da Geekie está à esquerda na parede
A Geekie é uma plataforma de educação que apoia estudantes e professores com estratégia de ensino personalizado e uso de dados - Divulgação / Geekie

A empresa nasceu da necessidade e da vontade de colaborar com uma educação individualizada – mais justa, eficiente, significativa.

O sonho era que esse educar fosse permeado por metodologias ativas, interativas e multimídia, combinando recursos que preparassem os estudantes para o mundo real, respeitando múltiplos estilos de aprendizagem. Uma educação, aliás, que a tecnologia pode potencializar, à medida que apoie o professor.

Para nós, a premissa era clara: dois alunos não aprendem da mesma forma. Passamos a desenvolver tecnologias que ajudavam a levar o aprendizado personalizado de qualidade por todo o Brasil.

Na prática, aplicativos web e mobile que nos permitiam adaptar o ensino ao perfil de cada estudante, oferecendo ferramentas necessárias para desenvolver o próprio potencial e se preparar para o mercado de trabalho do futuro.

Com olhos abertos para enxergar um problema grande demais para ser ignorado e uma confiança mais baseada em coragem que em fatos, fundamos a Geekie em 2011 com sonho de transformar a educação no Brasil.

Claudio Sassaki e Eduardo Bontempo

Fundadores da Geekie

Nesse processo, contamos com profissionais incríveis e talentosos; gente que poderia trabalhar em qualquer empresa global de tecnologia, mas que escolheu transformar a educação do Brasil.

No início, o foco era no Ensino Médio, e, para esse público, aliamos tecnologia de ponta a metodologias pedagógicas inovadoras. Fomos a única plataforma brasileira de ensino adaptativo a ser credenciada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para o Guia de Tecnologias Educacionais –que identifica soluções tecnológicas capazes de melhorar a qualidade do ensino.

Nessa trajetória, alcançamos mais de 5.000 escolas públicas e privadas de todo o país, impactando cerca de 12 milhões de estudantes.

Como parte do programa "Hora do Enem", em 2016, atingimos o propósito de levar educação de qualidade para 4,5 milhões de alunos, chegando a 98% dos estados brasileiros. Óbvio que ficamos felizes e orgulhosos dos frutos plantados e colhidos, mas estávamos longe de considerar o jogo ganho.

Em 2014, Geekie ganhou o reconhecimento do Prêmio Empreendedor Social e visibilidade pelo desenvolvimento de três soluções pioneiras nos respectivos segmentos: Geekie Teste (ferramenta de avaliação externa que simula o Enem e auxilia a tomada de decisões pedagógicas e na eficiência do ensino, gerando informações sobre o desenvolvimento cognitivo de cada aluno); Geekie Lab (plataforma de apoio ao professor, que oferece videoaulas, resumos e exercícios para complementar o conteúdo de sala de aula e traçar trilhas de aprendizagem personalizadas); e Geekie Games (aplicativo de preparação para o Enem e vestibulares).

Em 2017, lançamos o Geekie One, nossa mais completa iniciativa, que constitui a primeira plataforma de educação baseada em dados para produzir evidências do aprendizado.

Essa solução foi criada a partir de uma visão profundamente amadurecida da personalização da educação, construída nos últimos dez anos da empresa; da troca com centenas de escolas; e da observação dos padrões de estudo de milhões de estudantes.

Hoje, nossa estratégia é oferecer soluções para o ensino básico de ponta a ponta: a partir de 2022, Geekie One estará disponível para os anos iniciais do Ensino Fundamental e para a Educação Infantil nas mais de 300 escolas que já adotam a plataforma.

Antes de criarmos a Geekie, pensávamos que seria incrível trabalhar com pessoas que partilhassem do nosso propósito. Hoje, temos esse privilégio diário de atuar com profissionais das mais diferentes áreas e educadores visionários que nos inspiram todos os dias.

Lá atrás, pensávamos que tínhamos uma ideia que poderia impactar a educação no Brasil e resolver grande parte dos desafios que vemos nas escolas.

Agora, pensamos que aquela ideia era apenas uma semente, pois o que construímos em uma década é diferente e infinitamente melhor do que imaginávamos, sobretudo porque foi construído com muitas mãos; não para as escolas, mas com elas.

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