A agroecologia enquanto ciência estuda e orienta os cultivos agrícolas e a relação humana com a natureza. Busca a produção para a segurança e soberania alimentar, com a coerente compreensão da importância do equilíbrio do meio ambiente.
Vista antes como alternativa, a agroecologia hoje é tida como caminho de salvação do planeta em meio à catástrofe ambiental em curso. Os danos podem ser revertidos se houver o entendimento, principalmente pela base do agronegócio, de que a forma de cultivo adotada por esse segmento produtivo não tem gerado vida, e sim morte.
Muitos ainda preferem não acreditar que as atividades relacionadas à natureza estão extremamente conectadas e que, exatamente por isso, deve-se buscar uma produção de alimentos que não ajude a promover aquecimento global, escassez de água, diminuição de alimentos saudáveis, crise na produção de energia, aumento da pobreza etc.
Hipócrates, médico grego considerado pai da medicina, há 2.400 anos pronunciou a seguinte frase: "Que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio."
Cada vez mais a ciência comprova a relação estreita entre hábitos alimentares e a diminuição de doenças. Do contrário, podemos chegar a um estado em que se tenha dinheiro, como fruto da ação desordenada e sem ética na exploração ambiental, mas não qualidade de vida, ambiente para respirar, alimento saudável para comprar.
Nessas circunstâncias pode-se afirmar que houve avanços? Como manter a vida digna no planeta?
Iniciativas de base familiar e comunitária vêm sendo desenvolvidas, tendo a agroecologia como base de orientação e estudo. Mas essa produção ainda não tem seu merecido valor, principalmente no âmbito das políticas públicas governamentais, nem assumem o devido lugar do ponto de vista de divulgação nos principais veículos de comunicação, que são influenciadores de modos e formas de vida.
O Cepfs - Centro de Educação Popular e Formação Social, organização social com mais de 35 anos de atuação em comunidades rurais no semiárido da Paraíba, tem estimulado iniciativas de captação e manejo de água de chuva, dentre elas hortas orgânicas com economia de água.
São iniciativas do tipo construção de cisternas, tanques em lajedos de pedras, barragens subterrâneas, para captação e manejo de água para o consumo humano e para a produção de alimentos saudáveis, referenciados em princípios agroecológicos.
Além dessas iniciativas e processos formativos, tem sido incentivada a criação de pequenos animais (caprinos, suínos e galinhas) e a organização de bancos de sementes crioulas na região denominada "sementes da paixão".
São experiências organizativas no âmbito familiar e comunitário que promovem a resiliência da agricultura familiar, tendo a agroecologia como referencial científico, metodológico e prático.
Experiências pequenas que assumem valor importante no fortalecimento da agricultura familiar como meio para a segurança alimentar e nutricional das famílias camponesas. Mas que sofrem com impactos de grandes crises vivenciadas nos últimos anos, principalmente a pandemia do coronavírus e a escassez de chuvas.
Entretanto, são referenciais a serem reaplicados por políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável, uma vez que se apoiam em princípios agroecológicos, onde o equilíbrio do meio onde se produz é tão importante quanto a produção de alimentos saudáveis.
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