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'Precisamos acreditar na força do sertão e fazer acontecer', diz lavradora

Moradora de povoado no Piauí se beneficiou do projeto Quintais Produtivos Agroecológicos, finalista do Prêmio Empreendedor Social 2021

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A lavradora Rozinalva da Silva Rodriguês, 44, a Rosa, é integrante de uma das primeiras famílias do projeto dos quintais produtivos no povoado de Quixadá, em Betânia do Piauí, no sertão nordestino.

Ela conta sobre os impactos na vida familiar desse projeto, criado por José Carlos Brito e Karla Fernandes, que foram finalistas na categoria Soluções Comunitárias do Prêmio Empreendedor Social 2021.

A lavradora Rozinalva da Silva Rodriguês, 44, a Rosa, é integrante de uma das primeiras famílias do projeto dos quintais produtivos no povoado de Quixadá
A lavradora Rozinalva da Silva Rodriguês, 44, a Rosa, é integrante de uma das primeiras famílias do projeto dos quintais produtivos no povoado de Quixadá - Renato Stockler

Nasci, me criei e estou seguindo a vida por aqui, no sertão do Piauí. Apesar de todas as dificuldades que já existiam, com essa pandemia, elas se tornaram ainda mais gigantes, mas o momento agora, creio eu, é de esperança, tempo de colher bons frutos.

Moro num pequeno sítio, localizado em Quixadá, um povoadinho de Betânia do Piauí. Sou casada, só tenho um filho, um rapaz de 14 anos. Estamos, todos nós, tentando transformar as nossas vidas.

Aqui sempre se produziu muito pouco. Tinha apenas um canteirinho, onde a gente colocava um varinha e só plantava ali um pouco de coentro e cebola. Nada mais.

Até o que o pessoal do Instituto Novo Sertão trouxe até nós um curso sobre novas formas de cultivar e produzir alimentos. Rapaz, passei cinco meses estudando. Depois das aulas da Escola Beta, foi que comecei a trabalhar de verdade no nosso quintal.

Nem tudo é fácil. Nem tudo se faz só, muitas vezes, dependo do marido e do filho. Mas hoje, quando digo 'nós vamos fazer', está todo o mundo ao meu lado, trabalhando e construindo juntos, em família.

Atualmente, veja só, tenho plantado coentro, alface, cebolinha, couve, pimentão e pimentinha. Não acabou ainda, não. Tem mais: mamão, banana, abóbora. Meu quintal está só aumentando.

Consigo vender os meus produtos, tudo sem nada de agrotóxico, não só na feira da Quitanda dos Quintais. Também faço as minhas próprias vendas. Recebo ligação de gente pedindo. Fica um pouco para o consumo de casa e quase tudo segue para ser comercializado.

Esse projeto mudou muita coisa na minha vida. Primeiro, talvez até mesmo o mais importante de tudo isso, eu estou tendo uma alimentação saudável. Não como mais fruta, nem verdura nem legume, nada com agrotóxico. Hoje, é tudo do meu quintal. Que orgulho eu tenho disso.

Nós aprendemos a conhecer melhor a nossa terra, descobrimos o valor dela, coisa que antes a gente não tinha conhecimento. Tenho comigo que esse projeto foi um grande aprendizado.

Trabalho no meu quintal e ainda repasso tudo o que aprendi e coloquei em prática aqui em casa para moradores de outras duas comunidades vizinhas.

Sem contar que me tornei uma empreendedora, né? Não sou tão sábia, mas tenho um prazer enorme em repassar o que aprendi para outros sertanejos.

O sertão é marginalizado demais, só que é uma terra repleta de oportunidades. Para quem quer, para quem tem coragem e vontade de aprender, dá para ser feliz no sertão. Basta acreditar. E eu acredito!

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