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Diversidade como propulsora de mudanças

A experiência da Impact Hub no tema passa por um comitê de diversidade, a criação de um movimento e comunicação externa

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Henrique Bussacos

Cofundador do Impact Hub São Paulo, Floripa e Manaus, é responsável por parcerias estratégicas do Impact Hub na América Latina

Camila Oliveira

Comunicóloga e relações públicas, é analista de comunicação no Impact Hub Brasil

Estamos presenciando um importante período de transformações, seja na ciência, na forma de trabalhar e até mesmo no modo como nos relacionamos. Porém, há ainda um lento crescimento de iniciativas voltadas à diversidade e inclusão, mesmo conhecendo os impactos positivos que elas trazem a grupos e organizações.

Como 'maker' do Impact Hub há mais de 15 anos, pude observar a força da pluralidade dentro da nossa rede que, por estar em mais de 100 cidades ao redor do mundo, tem essa característica como algo intrínseco.

Roda de conversa no Impact Hub Floripa
Roda de conversa no Impact Hub Floripa - Divulgação

Na última semana, conheci de perto o programa "Ell'Accelere", do Impact Hub Bamako (República do Mali), focado em acelerar negócios de empreendedoras mulheres. Também posso citar as práticas de contratação de imigrantes e refugiados do Impact Hub Boston, entre outras boas experiências da rede.

Se temos consciência e evidências de que uma agenda organizacional pautada em diversidade e inclusão foi propulsora da mudança na rede Impact Hub e nas comunidades em que atuamos, como comunicar e engajar mais pessoas e negócios em torno dessa causa?

Antes de pensar para fora, revisitamos nossa história e políticas internas, realizando ajustes para poder falar com ainda mais propriedade e intencionalidade.

Uma das iniciativas que surgiram foi a criação de um comitê de diversidade e inclusão em São Paulo. Liderado por Ingrid Silva, analista de comunicação e marketing do Impact Hub São Paulo no IdeiaGov.

Para entender quão diverso nosso Hub era, o caminho traçado pelo comitê começou pela contratação de uma consultoria de diversidade. Ingrid conta que ao trabalhar mensalmente temas delicados, igualou o nível de conhecimento de todos e melhorou o entendimento de subjetividades e vivências, tornando o ambiente mais acolhedor. Outro ponto é que o comitê busca dar voz e protagonismo a grupos que geralmente não são ouvidos.

Nosso objetivo é reunir narrativas de quem faz parte da rede, incentivando nossos 'makers' a compartilharem percepções acerca do que é diversidade e de como podemos abrir espaços mais inclusivos em nossas falas e atitudes.

Como mulher negra, nordestina e integrante da comunidade LGBTQIA+, eu, Camila, considero a diversidade como possibilidade de enxergar no outro aquilo que eu posso ser, é sobre ter referências.

E essas referências nem sempre são fáceis de encontrar, ainda mais se olharmos para dados como: no Brasil, 61% da população LGBTQIA+ prefere omitir sua sexualidade no ambiente de trabalho, por receio de colocar em risco seu cargo.

Como mulher negra, nordestina e integrante da comunidade LGBTQIA+, considero a diversidade como possibilidade de enxergar no outro aquilo que eu posso ser

Camila Oliveira

Impact Hub

Integrando o time de 'makers' do Impact Hub Brasil, quando enxergo a criação de espaços de reconhecimento e aceitação da diversidade, me sinto pertencente àquele lugar, amplificando meu potencial de ser e transformar.

A principal forma de desconstruir a realidade atual é reconstruir a percepção. Acolhendo, enquanto organização, as diferenças; permitindo que o time se desenvolva e assuma papéis de protagonismo e expresse sua autenticidade, para que assim possamos ampliar olhares sobre raça, gênero e cultura.

Sobre isso, conversamos ainda com Heitor Cameu, diretor de arte do Impact Hub Floripa. Ele conta que trabalhar em lugares que permitem explorar a autenticidade de cada um é libertador e que isso leva à construção de relações interpessoais mais leves e sinceras.

Estar em uma equipe em que ele não precise se preocupar sobre o peso social que sua existência carrega faz com que a rotina seja mais produtiva e criativa. Trabalhar sem precisar controlar a forma de expressão possibilita ir além na qualidade das entregas e contribuições.

As conversas, estudos e transformações que partiram do movimento interno #vozesdiversastemvez, idealizado pelos seis Impact Hubs locais, resultaram em duas ações principais, ambas promovidas pela rede do Impact Hub no Brasil.

A primeira delas é uma série especial em nosso podcast, o Hubcast, chamada "Vozes Diversas: 3 perguntas, 1 pensamento". Estamos entrevistando pessoas que buscam desenvolver constantemente a diversidade e a inclusão em suas carreiras e projetos.

A segunda é o lançamento de um guia com nossos principais aprendizados e práticas, construído pelos Impact Hubs de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Manaus e São Paulo. Nele há um glossário, construído pela Singuê, para que possamos ampliar o vocabulário sobre o tema.

Ainda temos muito a aprender e evoluir nessas temáticas, temos nossos próprios desafios, mas queremos fazer isso juntos. Para nós, o impacto não consegue acontecer de forma isolada. Ele requer ação coletiva.

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