Grupo Mol e Simbiose Social somam forças para acelerar cultura de doação no país

Plataforma de gestão de doações nasce na pandemia para ajudar a mensurar impacto do investimento em causas

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São Paulo

Dois atores de destaque no ecossistema de impacto no país, Grupo Mol e Simbiose Social se unem para cocriar ferramentas que aceleram a cultura de doação no país. O primeiro entra com investimento e conexões de um modelo consolidado junto ao varejo, enquanto a startup oferece tecnologia e inteligência de dados.

O objetivo é oferecer uma plataforma de gestão do investimento social privado. Por meio dela, empresas conseguem mensurar o real impacto de suas doações para organizações da sociedade civil.

dois jovens brancos posam em rooftop de empresa. usam roupas sociais, um está sentado e o outro de pé ao lado
Mathieu Anduze e Raphael Mayer, fundadores da Simbiose Social, apostam em plataforma de gestão de doações para 2022 - Renato Stockler/Folhapress

"Na pandemia, empresas nos procuraram pedindo ajuda para doar cestas básicas e EPIs, para organizar voluntariado, recursos que iam além do incentivo fiscal", diz Raphael Mayer, 27, cofundador da Simbiose.

A startup estava organizada para mapear e conectar empresas que fazem uso de leis de incentivo federais, estaduais e municipais com ONGs aptas a receber o recurso. Uma maneira de descentralizar a aplicação destes recursos para causas como educação, cultura, saúde e esporte em todo o país.

"O orçamento de responsabilidade social é um só nas empresas e começamos a identificar uma demanda de mensuração de impacto padronizada", afirma Mayer.

Matchfunding, arredondamento, fundos filantrópicos, ESG —as práticas de doação que vieram para ficar na pandemia poderiam ser gerenciadas pelas empresas em um único canal.

A ideia foi partilhada com o amigo Rodrigo Pipponzi, 41, cofundador da Editora Mol. Ambos se conheceram na cerimônia de premiação do Empreendedor Social, realizado pela Folha e pela Fundação Schwab em 2018.

Naquela noite, Pipponzi e sua sócia, Roberta Faria, foram os grandes vencedores na categoria principal. Eles criam e vendem produtos editoriais, como a Revista Sorria, em redes varejistas para arrecadar microdoações –ação que destinou, desde 2008, mais de R$ 40 milhões para ONGs e projeto sociais.

A dupla dividiu o mesmo palco da premiação com Raphael Mayer e Mathieu Anduze, reconhecidos também naquela edição na categoria Empreendedor Social de Futuro.

"Não foi por acaso", diz Pipponzi, que se tornou investidor na rodada de captação feita pela startup, avaliada em R$ 70 milhões, neste ano.

"Aprendi especialmente dentro da Rede Folha sobre impacto colaborativo. É mais negócio se reunir com quem faz bem do que criar novas soluções."

"São modelos distintos: uma editora com produtos físicos há 15 anos no mercado e uma molecada com tecnologia e dados", diz Mayer, que deixou o mercado corporativo para fundar a Simbiose, em 2017, e já movimentou R$ 350 milhões em incentivos fiscais.

Com o protótipo rodando, Simbiose e Mol devem levar a plataforma ao mercado em meados de 2022.

"Investidores terão acesso a indicadores, resultados, saberão se as ONGs estão com a auditoria em dia", explica o administrador. "Sem acompanhamento eficiente, o projeto fica capenga, e não tem como fazer isso sem tecnologia."

Além da plataforma, a startup também pretende escalar seu processo de auditoria automatizado, que avalia o risco do investimento em organizações sociais. A iniciativa tem apoio de Pedro Chiamulera, fundador da empresa antifraude Clearsale.

"Não é uma Serasa das ONGs", brinca Mayer. "A ideia é trazer mais confiança para o setor de impacto."

Ideia apoiada por Pipponzi, que neste ano transformou a Mol em grupo ao unir três pontas: editora, consultoria e um instituto que promove a cultura de doação no país.

"O que falamos por anos de responsabilidade social está entrando para valer na cabeça de quem lidera grandes negócios. Não é moda, é um movimento robusto que veio para ficar."

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