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Mobilize pelo propósito e dê espaço para contribuição

Propósito de impactar vidas por meio do empreendedorismo social exige conhecimento e estrutura

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Alexandre Amorim

Cofundador da Asid Brasil e da AGO Social, foi vencedor do Prêmio Empreendedor Social do Futuro em 2013

Enquanto o mundo debateu pautas urgentes para a sobrevivência da humanidade na Cop26, cem lideranças globais foram laureadas pela Meaningful Business (MB100) por se destacarem ao aliar lucro ao propósito de gerar impacto positivo na sociedade.

Como uma destas lideranças e diante de tantos desafios que o empreendedorismo social enfrenta, é especialmente inspirador ser reconhecido e integrar uma rede de pessoas que enxergam a sustentabilidade financeira sob esta perspectiva.

Líderes que demonstram que os negócios podem —e devem— contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

três homens sorrindo
Alexandre Amorim, Luiz Ribas e Diego Moreira, fundadores da Asid Brasil e vencedores do Prêmio Empreendedor Social de Futuro em 2013 - Na Lata

Até chegar ao reconhecimento da MB100, são mais de 13 anos atuando ao lado de pessoas que acreditaram e continuam acreditando no meu propósito.

Em 2008, ainda não tinha ouvido falar sobre empreendedorismo social, mas tinha o sonho, compartilhado com Diego Tutumi e Luiz Hamilton Ribas, de construir uma sociedade mais inclusiva para a pessoa com deficiência.

Começamos com nossos R$ 330, um trabalho de faculdade e inspirados por Laura, minha irmã que tem síndrome de Down e autismo. Iniciamos, assim, a Asid Brasil.

Chegamos a 20 estados brasileiros, impactamos 130 mil pessoas e tivemos a honra de ganhar uma série de prêmios, entre eles o Empreendedor Social de Futuro, em 2013. Ganhamos bolsas de estudo para Harvard, Stanford, Insead, Fundação Dom Cabral e muitas outras instituições.

Após 12 anos empreendendo à frente da Asid Brasil - Associação Social para Igualdade das Diferenças, ampliei meu olhar e percebi que existem milhares de pessoas que, como eu, têm um propósito forte e a vontade de transformar realidades.

Mas também dei conta de que muitas delas têm pouco conhecimento sobre como ir adiante e estruturar um empreendimento social que faça esse propósito gerar impacto real.

Foi nessa fase que eu resolvi aceitar o convite (e o desafio) de iniciar um empreendimento para alavancar o sonho daqueles que se propõem a transformar nossa sociedade e a fazer parte da mudança.

Junto com Alexandre Barbosa e Araceli Silveira, comecei a AGO Social, que segue a missão de levar conhecimento, conexões e capital a empreendedores e empreendedoras sociais.

Esse percurso deixou grandes lições na minha atuação. A primeira é: mobilize pelo propósito e dê espaço para contribuição. Na Asid, encontrei pessoas que se motivaram com o propósito que fazia nossos olhos brilharem e resolveram ajudar de todas as formas possíveis —de ideias ao apoio financeiro.

Cada pessoa que encontrávamos representava a oportunidade de falar sobre a causa e os nossos ideais. Ouvimos contribuições e criamos um conselho consultivo de pessoas com diferentes pontos de vista, mas que compartilhavam o mesmo propósito. Isso foi fundamental, pois não adianta mobilizar pessoas, mas não dar espaço para que elas possam contribuir.

A segunda lição que aprendi é que a organização pode até ser sem fins lucrativos, mas nunca nunca deve ter fins de prejuízo. Muitas vezes, olhamos fortemente para o propósito e nos esquecemos de olhar para as metas de receita, vendas, captação de recursos ou mesmo lucro e sobra de caixa.

Nenhuma organização vai para frente sem sobra financeira para inovar e investir no time. Quando nosso "orçamento" na Asid Brasil era de R$ 900, tínhamos controle de fluxo de caixa e metas de uso do dinheiro.

A mesma lógica serve para gerir um ou cinco milhões de reais. É preciso sempre fazer a pergunta "quem vai pagar essa conta?" e "por quê?".

A terceira lição é que a gente precisa se questionar a todo tempo sobre como podemos ir além. Se hoje são 5.000 pessoas impactadas, como você vai impactar mil? Se hoje a receita é de R$ 1 milhão, como pode chegar a R$ 10 milhões?

Precisamos pensar em crescimento e escala. A nossa sociedade pede por isso e é preciso que cada um faça sua contribuição, dando o melhor de si.

Hoje, atuando na AGO, é gratificante poder olhar para empreendedores sociais e compartilhar o que tenho aprendido nestes 13 anos, dizer que acreditamos em cada um deles e dar nosso melhor para que alcancem sonhos que são deles, mas também são coletivos.

Receber o reconhecimento do prêmio MB100 é um combustível para seguir minha trajetória no empreendedorismo social, sempre acreditando que o lucro não deve ser visto como fim, mas como meio para gerar impacto positivo, desenvolver e aplicar soluções que atendam às demandas da humanidade.

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