Descrição de chapéu sustentabilidade

Sete jovens são reconhecidos como líderes transformadores na Amazônia

Ashoka identifica representantes de nova geração que se mobilizam em favor de causas locais e globais na região

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São Paulo

Em sua 3ª edição brasileira, o programa Jovens Transformadores Ashoka selecionou sete lideranças entre 16 e 18 anos na Amazônia, que vão se somar ao grupo que promove transformação social em todo o mundo.

A seleção final aconteceu na última semana, em Manaus, após um processo de três meses, no qual os jovens brasileiros passaram por entrevistas e conversas com empreendedores sociais, educadores, comunicadores e gestores públicos, começando uma jornada para ampliar suas redes de colaboração.

jovens usam camisa branca encostado em parede branca
Jovens Transformadores Ashoka elege lideranças da Amazônia - Divulgação/Ashoka

"A Ashoka identifica jovens, entre 12 e 20 anos, que já entenderam que todos podem contribuir," explica Helena Singer, líder da estratégia de juventude na Ashoka América Latina.

"Esses jovens estão à frente de algum movimento ou projeto e relatam que seu maior desafio está em garantir que todos possam se entender como agentes de mudança."

Entre os selecionados nesta edição estão: Beatriz Lacerda Grajaú, 17, negra, de Ananindeua (PA); Clara Gentil, 17, indígenas, de Santarém (PA); Gabriel Santos (kenai), 16, branco, de Altamira (PA); Gleice Tukano, 18, indígena, de São Gabriel da Cachoeira (AM); Livia Silva, 17, negra, de Capanema (PA), Rian Corrêa, 16, quilombola, de Cachoeira do Ariri (PA); e Samuel Benzecry, 17, branco, de Manaus (AM).

A seguir, o perfil de cada um dos selecionados em 2021 e das iniciativas que lideram.

Beatriz Lacerda Grajaú (Projeto Equidade)

Ao ingressar no Ensino Médio, começou a refletir sobre como a estrutura do sistema de ensino poderia melhorar, principalmente no que diz respeito a ter espaços onde estudantes possam ser ouvidos.

O projeto se concentra em raça, gênero e sexualidade e educação. Em oficinas, estimula a reflexão de estudantes sobre suas próprias questões e identidade, para a partir daí transformar suas realidades.

Clara Gentil (Plantar um Mundo Melhor)

Iniciou seu projeto quando era aluna da Escola d’Água, com foco no reflorestamento de áreas afetadas pela exploração madeireira. Mesmo não sendo mais aluna da instituição, a iniciativa continua ativa e conta com a participação de outros estudantes, com impactos visíveis no meio ambiente de sua cidade.

Além do reflorestamento e do plantio de mudas, realizam limpeza de córregos, destinação correta do lixo nas escolas, compostagem, integração com o povo Borari, além do lançamento de um programa de rádio dedicado a aproximar vozes de pessoas de diferentes comunidades.

Gabriel Santos (Jovens pelo Futuro do Xingu)

Iniciativa envolve jovens na busca de soluções para a poluição do rio Xingu, a violência social e suas conexões. Suas ações estão voltadas principalmente para a limpeza do rio Xingu aliada a ações de educação ambiental. A equipe é composta por dez jovens, além de 30 voluntários.

Ao todo, 4.000 litros de lixo foram recolhidos do rio pelo projeto. Seu trabalho busca criar um espaço de aprendizado para engajar cada vez mais jovens ativistas conscientes do seu poder de transformação no mundo.

​Gleice Tukano (Juventude Indígena pelo Bem Viver de Hoje e das Futuras Gerações)

Como adolescente indígena do povo Tukano, foi afetada pelos problemas de sua comunidade e dos povos indígenas no Brasil. Percebeu cedo que eram questões que também afetam diretamente o potencial de desenvolvimento e bem-estar da juventude.

Ingressou no grupo de jovens da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), que trabalha de forma coordenada para superar os desafios das 23 comunidades indígenas da região. Engaja jovens lideranças com o objetivo é dar protagonismo aos jovens indígenas, fazendo com que suas vozes sejam ouvidas para promover mudanças.

Livia Silva (Levanta Jovem)

Foi a primeira jovem da sua comunidade a ter a oportunidade de vivenciar um programa de intercâmbio nos Estados Unidos. A experiência a fez adotar um olhar mais crítico e defender o fortalecimento da juventude local.

Fundou iniciativa que oferece mentorias e formações para desenvolver autoconhecimento, oratória, trabalho em equipe, formação de projetos e negócios sociais entre jovens de sua região.

Rian Corrêa (Biblioteca Gurupá)

O jovem escritor e poeta promove ações, como peças de teatro e discussões sobre histórias que trazem à tona temas relevantes para os membros da comunidade, como a gravidez precoce ou a identidade cultural.

Viu a necessidade de construir um espaço para que mais pessoas pudessem conhecer o poder transformador da leitura e do cultivo das tradições. Junto com amigos decidiram arrecadar recursos para construir uma biblioteca comunitária que também servirá como espaço para atividades culturais.

Samuel Benzecry (Grupo de Estudos Themis)

Iniciou o grupo de estudos ao perceber que os currículos das escolas da região não abordavam de forma satisfatória as histórias e cultura da Amazônia. Os membros da equipe têm diferentes papeis, como pesquisas e postagens sobre os temas de estudo no site e no instagram do projeto. O impacto do projeto está relacionado com a melhoria das competências acadêmicas e conhecimentos dos participantes, cerca de 50 jovens.

A rede de Jovens Transformadores Ashoka está presente em países como Brasil, Bangladesh, Estados Unidos, Índia e Indonésia e conta com mais de cem jovens que mobilizam centenas de outras pessoas. Por meio de processos de aprendizagem colaborativa, a iniciativa global procura fortalecer habilidades fundamentais para que os jovens continuem promovendo transformações positivas na sociedade.

No Brasil, a Ashoka reconhece Jovens Transformadores desde 2019. Os sete novos escolhidos neste ano vão ampliar a representação da Amazônia na rede internacional.

"Essa iniciativa é muito importante num momento em que a Amazônia se aproxima de um ponto crítico para a sustentação dos sistemas sociais, econômicos e naturais que dependem da floresta", afirma Rafael Murta, diretor de comunidade e territórios transformadores da Ashoka Brasil.

Na Amazônia, duas localidades despontaram como Territórios Transformadores: a região metropolitana de Manaus e a Bacia do Tapajós. Andrea Margit, líder de novos paradigmas e comunicação da Ashoka, define tais territórios como epicentros da transformação social.

"Não é à toa que essa aglutinação de pessoas transformadoras também gera uma tensão em relação ao futuro. Elas estão propondo mudanças de paradigma que levem à emergência de novas maneiras de entender o desenvolvimento da região e de imaginar o potencial de cada pessoa."

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