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Ana Fontes

Precisamos falar sobre empreendedorismo feminino

A mulher empreendedora carrega desvantagens injustificadas como falta de crédito financeiro, jornada tripla, insegurança e desconfiança

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Ana Fontes

Empreendedora social, fundadora da Rede e do Instituto Rede Mulher Empreendedora e Delegada Líder no W20, braço da ONU que trata de igualdade de gênero

O empreendedorismo, assim como toda atividade econômica, é uma iniciativa humana em constante transformação, que acompanha o dinamismo e a ebulição da sociedade. Para ser menos acadêmica e mais objetiva, posso dizer que nos últimos dez anos muita coisa mudou. E é aí onde a iniciativa de instituições não governamentais, principalmente por falta de políticas públicas, entram para fazer a diferença.

Quando criei a Rede Mulher Empreendedora, há mais de uma década, pouco ou quase nada se falava da presença da mulher no empreendedorismo.

mulheres em torno de mesas
Durante a pandemia, o Instituto Rede Mulher Empreendedora conduziu a ação 'Heróis Usam Máscaras' - Divulgação

É claro que a mulher já estava inserida no mercado econômico nas mais diversas áreas, mas empreendedorismo ainda era uma palavra reclusa ao mundo masculino, cercada de estrangeirismos, tecnicidade e elitismo.

Sem dizer que todos os cursos eram ministrados por homens e voltados para eles, desconsiderando as diferenças e realidades gritantes entre os dois gêneros.

Seminário Folha debate desafios das mulheres no mercado de trabalho

Foi essa realidade e a sensação de exclusão que me motivaram a mudar esse cenário. Mais do que sobrevivência e autopreservação, tinha em mim a necessidade da mudança e de construir uma rede feminina de apoio que pudesse compartilhar dúvidas e respostas.

Afinal, para ser inovadora, era necessária uma atitude empreendedora tanto na vida como nos negócios e na carreira profissional.

No início, percebi que a diferença entre homens e mulheres não estava restrita apenas a conceitos gerais estabelecidos por uma construção social que determina certos padrões e papéis. Na prática, e ainda hoje, a mulher muitas vezes empreende por falta de oportunidades profissionais e de flexibilidade para conciliar sua carreira com as obrigações da casa, seja como esposa, filha ou mãe.

Esses obstáculos, observados empiricamente e comprovados por meio de estudos e pesquisas da própria Rede Mulher Empreendedora, são só o começo de uma jornada extenuante e desigual.

No dia a dia, a mulher empreendedora sai muito atrás nessa corrida e carrega desvantagens injustificadas, como falta de crédito financeiro, jornada tripla, insegurança e desconfiança.

A mulher empreendedora carrega desvantagens injustificadas como falta de crédito, jornada tripla, insegurança e desconfiança

Ana Fontes

Fundadora da Rede Mulher Empreendedora

A Covid-19 exacerbou a desigualdade. Como resultado das medidas necessárias para combater o vírus, como distanciamento social, 67% delas tiveram que encerrar suas atividades comerciais ou mudar a forma de trabalhar, 65% tiveram redução no faturamento e 70% ainda têm faturamento 30% inferior ao período pré-pandêmico.

Entre as medidas adotadas para lidar com os impactos da pandemia nos negócios, a principal foi a digitalização (70%), para promover e comercializar produtos através de redes sociais e aplicativos de mensagens.

Reverter ou minimizar esse quadro tem sido nosso objetivo principal. Por meio de capacitações, mentorias e de conteúdo específico, temos criado programas para geração de renda da mulher e para cobrir lacunas técnicas, como a digitalização.

Um deles é o Elas Digitalizam, programa que trabalha a dificuldade no processo da transformação digital e outros temas como marca, planejamento e jornada do cliente. Quer fazer parte dessa mudança? O curso é gratuito e pode ser acessado em elasdigitalizam.myedools.com ou institutorme.org.br.

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