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Captação de recursos nos EUA e no Brasil: os números
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JOÃO PAULO VERGUEIRO
Um estudo publicado nos Estados Unidos, o Giving USA Report, anunciou recentemente os números referentes ao cenário das doações norte-americanas para o ano de 2011.
No ano passado, as doações no país atingiram um valor estimado de US$ 298 bilhões, sendo 73% deste valor (US$ 218 bilhões) composto por recursos doados por pessoas físicas, 14% (US$ 42 bilhões) doados por fundações, 8% (US$ 24 bilhões) de doações realizadas a partir de legado/heranças e 5% (US$ 14 bilhões) de doações de empresas.
Dentre os principais receptores das doações feitas pelos norte-americanos, as organizações religiosas são as mais beneficiadas (32%), seguidas pelas organizações de educação (13%), serviços sociais (12%), fundações (9%), organizações de saúde e organizações de apoio internacional (8% cada), além de outras beneficiárias de demais áreas.
O relatório mostra também que, comparado com o ano anterior, o valor total de doações norte-americanas cresceu 4% em valores absolutos e 1% quando descontada a inflação. Nos EUA, o ano de 2007 foi o que mais se arrecadou com doações na história.
"E no Brasil?"
No Brasil, infelizmente, os números referentes às doações realizadas são pouco precisos e não há nenhum trabalho igual ao do Giving USA Report, que é realizado de forma permanente há exatos 57 anos.
Em nosso país, as organizações da sociedade civil não contam com informações detalhadas sobre quem são os principais doadores, quanto é doado por ano e para onde esse recurso é dirigido. Sem esse tipo de conhecimento, o trabalho do profissional especializado em captar recursos para as organizações é menos preciso e, por isso mesmo, mais difícil de realizar.
Aqui, por exemplo, grande esforço se coloca, por parte dos captadores, em buscar recursos de empresas, muitas conhecidas por disporem de grande orçamento para patrocínios. A isenção fiscal é um instrumento para doação largamente utilizado, principalmente na área cultural (e em parte na área social nos conselhos municipais), e muitos professam que se aprofunde essa prática.
Não temos, por aqui, sequer informações muito confiáveis em relação ao número de organizações da sociedade civil existentes, por não dispormos de um instrumento jurídico que as classifique de forma única.
Enquanto nos EUA o Departamento de Receita informa contar com o registro de cerca de 1.080.000 "organizações de caridade" (como elas são chamadas por lá), aqui elas se dividem em fundações e associações e organizações religiosas e, para saber quantas são, é preciso buscar o número de registros existentes em todos os cartórios do país, uma tarefa hercúlea e ingrata. Estima-se, na verdade, que sejam 340 mil organizações no país, com dados de 2005.
Parece clara a necessidade de investirmos mais em pesquisa e informação sobre as doações realizadas no país, apoiando iniciativas semelhantes à do Giving USA Report. Com informação, teremos maior capacidade de análise e planejamento, alcançando melhores resultados no trabalho com organizações e junto aos doadores. Ganham os profissionais que atuam na área, lucra com isso a sociedade civil.
João Paulo Vergueiro, administrador, é presidente da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos).
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