Captação de recursos de pessoas físicas é desafio para empreendedores sociais

Estratégias de fidelização de doadores devem espelhar tendências do comércio, afirmaram participantes do Fiis

Beatriz Maia
Poços de Caldas (MG)

O consumidor de hoje está acostumado a ser bem tratado pelas empresas das quais consome e por isso espera o mesmo padrão de excelência das organizações que apoia, disseram os participantes das mesas sobre captação de recursos e modelos de sustentabilidade do Fiis (Festival de Inovação e Impacto Social), na segunda-feira (5).

A tecnologia é uma aliada nesses esforços. Ela possibilita que mais pessoas conheçam os empreendimentos sociais e doem sem sair de casa. Mas ainda há grandes desafios para entender o doador, transformá-lo em embaixador da organização e fazer com que ele seja um multiplicador para atrair outras doações, afirmou Marcelo Jambeiro, consultor de captação. 

Marcelo Jambeiro (à esq.) lidera painel Captação de Recursos no Fiis
Marcelo Jambeiro (à esq.) lidera painel Captação de Recursos no Fiis - Arquivo pessoal

Colocar-se no lugar do doador é o primeiro passo. Para o presidente-executivo e fundador da Trackmob (empresa de software para gestão de doações), Jonas Araújo, as pessoas estão cada vem mais críticas, e exigem cada vez mais transparência das organizações. Por isso, é preciso se preparar para isso em todas as etapas do relacionamento com seus mantenedores.

“As empresas não podem parar a comunicação depois que conseguem a doação. As pessoas não querem se sentir esquecidas”, afirmou Araújo. Além disso, a comunicação precisa ser individualizada, uma vez que as dúvidas de um novo doador não serão as mesmas dos que apoiam frequentemente. A estratégia é velha conhecida do varejo online, que segmenta a comunicação com seus clientes. 

Para entender a situação das ONGs no Brasil ele fez uma experiência. Buscou na internet as palavras “ONG doar”, e visitou os sites das primeiras 50 organizações que apareceram nos resultados. Dessas, conseguiu concluir a doação online para 30, ou seja, 20 delas apresentavam algum entrave que impediam a captação.

Uma das saídas para o problema foi a criação da Mol, editora de impacto social que doou mais de R$ 26 milhões nos últimos dez anos com a venda de revistas. Para Roberta Faria, diretora-executiva da editora, o modelo de microdoações esporádicas e que devolvem benefícios para os apoiadores foi o que tornou a iniciativa viável. A empresa estabelece parcerias com grandes redes de farmácia para comercializar as publicações que têm todo lucro revertido para ONGs credenciadas.

FESTIVAL

O Fiis contece entre os dias 2 e 7 de novembro no Palace Cassino, em Poços de Caldas (MG). O evento agrega o encontro anual da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, formada por cem líderes, o Congresso Sorriso do Bem, da Turma do Bem, correalizadora desta edição, e o Fórum Melhores Práticas para Saúde no Terceiro Setor, da Aliança Latina.

Na programação, temas como o futuro dos negócios sociais e das ONGs, captação, mobilização e conexão, inovação e novo significado do voluntariado serão discutidos durante masterclasses, workshops e painéis que contarão com a participação de empreendedores, investidores e empresas que atuam por impacto positivo.

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