Francisco Bosco ministra masterclass em festival da Folha em MG

Filósofo, escritor e apresentador fala sobre seu mais recente livro no Fiis, em Poços de Caldas

Ana Paula Franzoia
São Paulo

O mais recente livro do escritor, filósofo, poeta, compositor e apresentador do programa Papo de Segunda, no canal GNT, Francisco Bosco, tem causado certa polêmica em meio aos politicamente corretos.

Em "A Vítima Tem Sempre Razão?", ele discorre criticamente sobre os movimentos de defesa das minorias políticas, questionando algumas atitudes e posições mais radicais.

A polêmica com certeza está na pauta da masterclass que Francisco faz neste domingo (4), às 18h30, no Festival de Inovação e Impacto Social, em Poços de Caldas (MG).

Francisco Bosco
Francisco Bosco é filósofo, poeta e autor do livro "A Vítima Tem Sempre Razão?" - Ricardo Borges - 17.nov.2017/Folhapress

 

                    

A empatia está se tornando mais rara? Tem havido um maior apelo por empatia, sobretudo por parte dos movimentos ditos identitários (movimento negro, feminista etc.). A empatia é uma das formas de descentrar o sujeito, isto é, fazer com que suas ideias e ações não sejam orientadas exclusivamente pela defesa de seus interesses pessoais, e sim pelo interesse do outro, da coletividade.

A outra forma é o senso moral, o princípio racional e abstrato de que devemos nos orientar sempre com responsabilidade pelo outro. A empatia conduz a isso não pelo caminho racional e abstrato, mas por um caminho emocional: ela propicia a identificação do sujeito com a situação do outro, com a dor do outro.

Há riscos, entretanto, que a empatia traz consigo. Como observa o psicólogo australiano Paul Bloom, é sempre mais fácil nos identificarmos com quem é parecido conosco. Com isso, tende a impedir uma perspectiva mais geral, mais estrutural dos problemas. E normalmente as melhores soluções para problemas individuais estão em ações estruturais. Portanto, é preciso estar atento a esses riscos.

Por que mesmo sabendo que toda mudança deve partir do indivíduo, é tão difícil mudar de atitude? No limite, só existem indivíduos. Toda instituição é formada por indivíduos. Mas os indivíduos se inscrevem em grandes forças estruturais (a História, a linguagem, a cultura, etc.), diante das quais eles não têm tanta autonomia.

Então é preciso, em primeiro lugar, compreender o sentido dessas forças, e com isso desnaturalizar sua ação sobre nós. Aí sim se pode criar uma atitude que corresponda ao que entendemos serem as melhores diretrizes morais e políticas para a comunidade em que vivemos.

Qual o impacto que eventos como o Fiis trazem? Qualquer pausa para reflexão, para a escuta de argumentos mais aprimorados, mais esclarecidos, é benéfica para a comunidade. O Fiis cumpre esse papel.

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