Vivemos um grande desafio ao empreendedorismo social, diz procurador no Fiis

Marlon Alberto Weichert participou do painel Brasil Pós-Eleições no festival

Cristiano Cipriano Pombo
Poços de Caldas (MG)

Marlon Alberto Weichert, procurador federal dos direitos do cidadão, apontou que o momento do Brasil, pós-eleições, apresenta mais desafios do que a sociedade brasileira está atenta.

No sábado (3), ao participar do painel “Brasil pós-eleições: onde estão e para onde irão a democracia, a Constituição e os direitos humanos”, que integra a programação do Fiis (Festival de Inovação e Impacto Social) em Poços de Caldas (MG), ele apontou que cinco problemas estão tão enraizados no país que preocupam tanto quanto qualquer medida a ser adotada pelos políticos.

Marlon Alberto Weichart, procurador federal dos direitos do cidadão, em palestra no Fiis
Marlon Alberto Weichart, procurador federal dos direitos do cidadão, em palestra no Fiis - Cristiano Cipriano Pombo/Folhapress

“Considero que as questões do racismo e da violência são problemas estruturantes, assim como a desigualdade, a estrutura social, o autoritarismo que vemos em diferentes situações do nosso cotidiano”, afirmou.

Para ele, ao mesmo tempo que corroem a democracia e afrontam a Constituição, esses problemas impõem mais desafios aos empreendedores socioambientais e aos cidadãos.

“Estamos à beira de um abismo, porque os principais canais de comunicação, o horizontal, de um indivíduo com o outro, e o vertical, da sociedade com o Estado, foram abalados, especialmente, no processo eleitoral e pela corrupção”, afirmou.

Segundo ele, que citou até a letra de “Caravanas”, de Chico Buarque –”Sol / A culpa deve ser do sol que bate na moleira / O sol que estoura as veias / O suor que embaça os olhos e a razão ... Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria / Filha do medo, a raiva é mãe da covardia / Ou doido sou eu que escuto vozes”–, os direitos humanos não são causa de direita ou esquerda nem só questão de solidariedade.

"Todos nós, do acordar ao dormir, exercemos e desfrutamos de direitos humanos."

Ele também promoveu uma reflexão com a plateia, ao exibir dados da violência que mataram mais no Brasil de 2011 a 2015 do que a guerra na Síria no mesmo período.

“Isso mostra que temos que readequar a linguagem e a estratégias para acessar a sociedade na base, pelos direitos humanos e sociais”, afirmou.

Iniciativas como a do Fiis, diz ele, representam que há espaços para “recomeçar o jogo” e que os empreendedores sociais têm condições de decifrar os códigos para ajudar a sociedade no diálogo com o estado.

“O festival é uma forma inovadora de amarrar esses temas e levá-los à sociedade.”

FESTIVAL

O Fiis acontece entre os dias 2 e 7 de novembro no Palace Cassino, em Poços de Caldas (MG). O evento agrega o encontro anual da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, formada por cem líderes, o Congresso Sorriso do Bem, da Turma do Bem, correalizadora desta edição, e o Fórum Melhores Práticas para Saúde no Terceiro Setor, da Aliança Latina.

Na programação, temas como o futuro dos negócios sociais e das ONGs, captação, mobilização e conexão, inovação e novo significado do voluntariado serão discutidos durante masterclasses, workshops e painéis que contarão com a participação de empreendedores, investidores e empresas que atuam por impacto positivo.

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