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Plano alimentar desregulado pode causar mais fome na dieta; veja como se adaptar

Genética e questões emocionais também fazem pessoas comerem mais em períodos de restrição

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Jessica Santos

Uma reclamação comum entre pessoas que fazem dieta é a fome excessiva mesmo seguindo à risca as regras do regime. A falta de porções adaptadas à realidade do paciente é um dos fatores que leva ao apetite aumentado durante o período de restrição alimentar, dificultando a reeducação.

Dietas da moda que oferecem a todos os pacientes os mesmos alimentos em quantidades iguais também podem causar mais fome do que o esperado. Questões emocionais também podem estar ligadas.

Quando isso acontece, significa que o cardápio está desequilibrado, diz a nutricionista Lidiane Pereira Magalhães, do Departamento de Oncologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). "Com essas dietas malucas e restrições que o povo sai fazendo, geralmente, a pessoa tem fome por que a forma como deve comer não está equilibrada", pontua.

Dieta Low Carb
Um plano alimentar desregulado pode aumentar a fome durante dietas - Brooke Lark/Unsplash

A profissional afirma que um cardápio personalizado desenvolvido por profissional habilitado será adaptado de acordo com os horários e os gostos alimentares da pessoa, o que facilita a reeducação.

"A partir do momento em que a pessoa faz uma dieta, por exemplo, que ela viu na revista ou o vizinho contou, é impossível dar certo, pois é feita baseado no nada. Ela funciona por um tempo, mas não tem seguimento e pode acarretar problemas de saúde", alerta Magalhães.

Mesmo uma pessoa que possui acompanhamento de um profissional habilitado, porém, pode sentir fome, o que significa que o plano alimentar não está ajustado de forma adequada.

Segundo a especialista, isso ocorre quando o cardápio escolhido não atende as necessidades do corpo da pessoa. A escolha dos alimentos, porções e horários deve ser feito de acordo com as particularidades de cada indivíduo, e o profissional pode fazer ajustes caso a primeira versão não funcione.

"Por isso é importante o acompanhamento. Às vezes, as pessoas não voltam na consulta por não conseguirem perder peso e ficam com vergonha. Não deu certo? Volta para a gente ajustar", orienta Magalhães.

Além de dietas generalistas e quantidades incorretas, a mudança na rotina alimentar visando a perda de peso também mexe com um instinto primitivo do nosso cérebro.

De acordo com o endocrinologista Márcio Mancini, vice-presidente do Departamento de Obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), o corpo humano não entende que a dieta é feita devido ao excesso de peso. Para o organismo, a pessoa está simplesmente "passando fome" e, por isso, o corpo entende que precisa se proteger para evitar a morte.

"É simples assim, é o organismo de homem primitivo", diz Mancini. "Todas as pessoas que fazem dieta vão sentir mais fome."

A nutricionista e coordenadora da comissão de comunicação da SBAN (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), Lara Natacci, lembra ainda que o excesso de fome durante dietas ocorre pois os hormônios que promovem a fome não reagem como o desejado.

"Quando a gente perde peso com dieta, aumenta a secreção dos hormônios que são orexígenos, ou seja, aqueles hormônios que trazem a sensação de fome. Em uma dieta, fazemos uma restrição na nossa alimentação, deixamos de comer a quantidade que a gente gostaria ou que o nosso organismo necessitaria. Então a resposta do nosso organismo é a fome".

Os especialistas também apontam para a questão emocional e psicológica.

"Hoje em dia, o ser humano come muito mais ativando o apetite hedônico, do prazer, ligado ao sistema límbico, do que do apetite homeostático, o apetite de sobrevivência, a fome propriamente dita", destaca o endocrinologista Mancini.

Além disso, a chamada fome emocional pode ser confundida com a fome fisiológica.

"Ela aparece de repente, de uma hora pra outra e normalmente a pessoa busca um alimento específico, o tipo do alimento que se torna reconfortante muitas vezes, como aqueles relacionados com alguma lembrança de infância", afirma a nutricionista da SBAN, Natacci.

Essa sensação pode estar ligada a problemas emocionais como estresse, ansiedade e depressão. Por isso, é importante observar quais gatilhos disparam esse comportamento e buscar a ajuda de um psicólogo.

As nutricionistas dão conselhos e dicas que podem te ajudar a lidar com a fome quando ela apertar durante a dieta – e não for emocional.

Vá com calma. Não existe milagre na perda de peso. "Você quer emagrecer em um mês tudo o que você engordou ao longo de anos? Não faz nem sentido", afirma Magalhães. Uma relação honesta com profissional habilitado será seu grande trunfo nessa jornada.

Esteja presente. Durante uma refeição, é importante que a pessoa use todos os sentidos para apreciar a comida. Nada de comer com pressa, diante do celular e do computador. "Estudos dizem que quando a gente come na frente da TV ou com distrações, a tendência é a comer em maior quantidade, além de demorar para ficar saciado", afirma Natacci.

Devagar. O ideal é comer devagar, pois, de acordo com Magalhães, o centro responsável pela saciedade demora cerca de 15 minutos para ser acionado.

Coma! "O corpo tende a economizar [energia]. Ele reduz as funções do corpo, a pessoa vai ficando mais quieta, mais parada, sente mais sono porque justamente ela está sem energia", explica Natacci. Parece banal, mas a profissional destaca a importância de não ficar muito tempo sem comer para não exagerar na refeição seguinte.

Invista nas fibras e nas proteínas. Inclua esses alimentos em todas as refeições – e não apenas nas principais. Eles demoram a serem digeridos, são ideais na busca da saciedade. Dê preferência às fibras hidrossolúveis como a chia. Gorduras boas em pequenas quantidades como as que existem no abacate, castanhas e amêndoas podem ser boas aliadas

Relaxe. Antes das refeições, tire uns minutos para parar um pouco e se acalmar da rotina agitada. Técnicas respiratórias e de meditação ajudam a trazer a atenção plena para aquele momento e desfrutar o prazer de comer.

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