Descrição de chapéu Corpo inverno

Lavagem nasal desentope o nariz e ajuda tratar doenças respiratórias; entenda

Especialistas recomendam utilizar até 20 ml de soro fisiológico em adultos e 5 ml em crianças; não há contraindicação

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Salvador

A chegada do inverno provoca não só uma sensação térmica mais fria, mas vem acompanhada por uma série de doenças que têm como sintoma a congestão nasal, tais como gripes, resfriados, infecções, rinite, sinusite, rinossinusite, entre outras.

Segundo dados da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), a queda na temperatura chega a elevar em cerca de 40% os quadros das doenças respiratórias.

Especialistas afirmam que não há contraindicação à lavagem nasal - Adobe Stock

Uma vez instalados os sintomas respiratórios, fica aquela sensação de desconforto causado pela falta de ar nas narinas, que se agrava pela noite. Como resultado, o sono é pior, boca fica seca, a coriza dá as caras e, até mesmo, irritação se tornam mais comuns nesta época do ano.

Especialistas afirmam que dormir de boca aberta por congestão nasal, nas crianças, afeta o desenvolvimento dos ossos da face, o crescimento, diminui a aprendizagem, provoca dificuldade de concentração, altera a alimentação, causa agitação, sonolência e irritabilidade.

Já nos adultos, o ronco é uma das principais consequências de se respirar pela boca devido à congestão nasal. "O ronco não é algo que se deva tolerar, assim como a respiração pela boca. É preciso procurar um médico", alerta o otorrinolaringologista Pablo Marambaia.

Para tratar a congestão nasal, Marambaia, que é membro da Câmara Técnica de Otorrino do Conselho Regional de Medicina da Bahia, recomenda que seja feita a lavagem nasal com o uso de soro fisiológico, sem contraindicação.

As situações mais frequentes em que os otorrinos indicam lavagem nasal são para auxiliar no tratamento de rinites alérgicas e não alérgicas, que são processos infecciosos agudos causados por vírus e as infecções bacterianas agudas ou crônicas.

Seringas, sprays, limpadores e lotas são alguns dos instrumentos que podem ser utilizados para fazer a desobstrução nasal. Os acessórios são indicados tanto por Marambaia quanto pelo presidente da ABORL-CCF, Renato Roithmann.

"Existem várias formas de se fazer a lavagem, desde simples sprays com solução vendidos em farmácias até a lavagem em volumes maiores, com soro fisiológico", orienta Roithmann. "Depende da situação clínica do paciente", continua o presidente.

Mas em tempos em que diversos vídeos viralizam pela internet com dicas sobre como fazer a lavagem, inclusive com bebês que esguicham água pela narina como uma mangueira aberta, Marambaia faz um alerta.

"Muito se fala, hoje, em lavagem com grande quantidade de soro, mas o volume deve ser adequado ao tamanho do paciente", afirma. "Nas redes sociais, a gente vê crianças pequenas que passam por lavagens com muito volume", aponta.

Marambaia explica que o exagero na dosagem pode afetar a ligação tubo auditiva, que conecta o nariz ao ouvido. "Quando se exagera, principalmente em crianças, há o risco do soro ir para o ouvido e causar uma inflamação", alerta.

Na avaliação de Roithmann, é considerada lavagem em alto volume quando se coloca acima de 60ml de soro em cada fossa nasal. "O que é mais recomendado apenas para casos de paciente com rinossinusite crônica", observa.

Para Marambaia, o ideal é aplicar 5ml de soro em cada narina das crianças e até 20ml nos adultos. "É bom que o soro seja um pouco aquecido, para ficar na temperatura do corpo. Tudo que é frio prejudica o mecanismo de defesa do nariz, como a produção de muco", diz.

O presidente orienta, ainda, que não se deve colocar pressão durante a lavagem, além de deixar a boca aberta enquanto se faz a lavagem em alto volume. "Dessa maneira, o líquido entra por uma narina e sai pela outra. Esse é um detalhe importante", informa.

O uso de gotas descongestionantes por mais de cinco dias não é recomendado por nenhum dos dois especialistas, sob risco do paciente desenvolver rinite provocada pelo próprio medicamento, que também pode causar dependência química.

"As gotas geram um alívio momentâneo, mas o próprio medicamento cria a necessidade de usá-lo de novo", alerta Roithmann.

"Não encorajamos o uso porque pode ocasionar o vício de o nariz só descongestionar com o remédio", conclui Marambaia.

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