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Pilates pode ser feito em qualquer idade e ajuda na dor crônica e depressão

Método voltou a ganhar espaço com a pandemia, uma vez que praticantes buscam atividades que unam corpo e mente

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Danielle Friedman
The New York Times

Depois que Shari Berkowitz se machucou durante uma apresentação de dança no palco, os médicos disseram à atriz que um movimento errado poderia deixá-la paralisada por toda a vida. Ela havia sofrido três hérnias de disco no pescoço, com uma saliente na coluna vertebral. Meses de fisioterapia a tiraram da zona de perigo, e então ela descobriu o pilates.

Embora excelentes médicos e fisioterapeutas a tenham ajudado na cura inicial, ela disse que o pilates lhe deu "força e confiança na minha capacidade de movimento –a confiança de que eu poderia voltar a me mexer", disse ela. O treino levou à sua recuperação completa e a inspirou a se tornar uma instrutora de pilates e abrir um estúdio.

"O pilates foi tão transformador para mim, que quando vejo um cliente desenvolver essa força física e emocional é extremamente gratificante", disse ela.

Sala de pilates durante a inauguração da unidade do Sesc na Av. Paulista - 29.abr.2022 - Adriano Vizoni/Folhapress

Berkowitz não é a única devota do pilates a falar sobre os poderes transformadores do exercício. Muitos estúdios divulgam uma frase atribuída a seu fundador, o boxeador e ginasta alemão Joseph Pilates, que diz: "Em dez sessões você se sente melhor, com vinte você melhora, em trinta você tem um corpo totalmente novo".

Embora nenhum exercício possa nos oferecer um novo corpo, os devotos dizem que o treinamento de resistência com baixo peso pode ajudar nossos corpos de maneiras importantes, fortalecendo os músculos centrais –o "core"– ao redor da coluna.

Além disso, pesquisas científicas confirmam uma série de benefícios impressionantes para a saúde. Estudos sugerem que o pilates pode ajudar a melhorar a resistência e a flexibilidade musculares, reduzir a dor crônica e diminuir a ansiedade e a depressão.

O pilates ganhou ampla atenção no final dos anos 1990, quando celebridades como Madonna e Uma Thurman divulgaram seus benefícios, e os entusiastas da ginástica aeróbica buscavam uma opção de menor impacto.

Mas há alguns anos o método parecia estar em declínio. Os pessimistas previam um final drástico, à medida que as tendências de fitness mais novas e mais suarentas, como spinning e boot camps, explodiam.

Devido em parte à pandemia, porém, as prioridades de muitas pessoas mudaram, de exercícios intensos para queimar calorias para atividades que também promovem a conexão mente-corpo, disse Cedric Bryant, presidente e diretor científico do Conselho Americano de Exercício.

O método está crescendo novamente. A maioria dos pesquisadores de mercado não o analisa separadamente do ioga, mas a Associação Internacional de Saúde e Esportes dos EUA o classificou como a atividade de academia mais popular para mulheres.

Ele agora inclui uma ampla gama de ofertas, desde pequenos estúdios particulares com aulas individuais e franquias nacionais de pilates até aulas virtuais baseadas em aplicativos e "power" pilates ampliado.

Então, vale a pena tentar incorporar o Pilates em sua rotina de exercícios? E qual estilo combina com você? Se você está intrigado com o treino, veja aqui o que precisa saber.

O que é pilates?

Um treino de pilates geralmente é realizado sobre um tapete ou uma cadeira e inclui muitos exercícios de força e flexibilidade encontrados em outras formas de treinamento de resistência. "Não há nada de misterioso no pilates", disse Alycea Ungaro, proprietária do Real Pilates em Nova York e autora de vários guias sobre o método.

Mas existem alguns elementos que o tornam único. Primeiro, o método incentiva os participantes a se concentrarem na respiração e cultivarem a conexão mente-corpo, prestando atenção especial em como todo movimento se origina do core. Os exercícios são repetidos em séries que trabalham estrategicamente os músculos sem esgotá-los.

Muitos exercícios de pilates também usam equipamentos especiais, incluindo máquinas de resistência baseadas em molas projetadas para apoiar a coluna e atingir grupos musculares específicos. A máquina mais popular, chamada de "reformer" [reformador], parece uma pequena cama com uma plataforma deslizante ligada a um sistema de molas, cordas e polias.

Quem pode se beneficiar?

A resposta rápida é: todos. Sério.

​O método pode ser adaptado a um espectro de objetivos de condicionamento físico, idades e habilidades –para bailarinos profissionais, atletas, grávidas, octogenários que desejam melhorar o equilíbrio.
"Qualquer pessoa pode fazer", disse Carrie Samper, diretora de educação de Pilates na Equinox. "Você não precisa ter 25 anos e ser dançarina do Cirque du Soleil. Pode ter 85 e começar a fazer pilates."

Embora traga recompensas por si só, algumas pessoas o consideram um complemento de outras atividades físicas.

"Ele realmente me ensinou a movimentar meu corpo", disse Chris Robinson, artista marcial e proprietário do estúdio Pilates and Sports, situado em San Diego, na Califórnia. "E descobri que poderia aplicar essa técnica a qualquer coisa."

Médicos e fisioterapeutas geralmente recomendam o método como um caminho para a reabilitação de pessoas que se recuperam de lesões.

"Pode servir como uma ponte de volta para uma atividade mais normal", disse Bryant. Também pode ajudar a reduzir as chances de alguém se machucar, disse ele, devido à sua capacidade de melhorar a estabilidade do core, o equilíbrio, a flexibilidade e a postura.

"Sabemos que quando eles estão inadequados você aumenta o risco de diversas lesões musculoesqueléticas e articulares."

O pilates também pode beneficiar as mulheres grávidas ou após o parto, fortalecendo com segurança o core e condicionando a pélvis.

"É uma ótima maneira de fortalecer o assoalho pélvico sem fazer centenas de exercícios de Kegels", disse Sarah Clampett, fisioterapeuta e chefe de operações clínicas da Origin, empresa de saúde sediada em Los Angeles, na Califórnia. "Qualquer pessoa com problemas ou disfunção do assoalho pélvico pode se beneficiar do pilates."

O que o pilates não faz?

O método tradicional não é um treino cardiovascular. "Quanto mais a pessoa avança, mais se parece com um treino cárdio", disse Berkowitz, que agora treina instrutores por meio de seu estúdio online, The Vertical Workshop.

"Mas você nunca chegará ao ponto de realmente desafiar seu sistema cardiovascular."

Também não é equivalente a levantar grandes pesos. "Existem limitações quanto à força que ele cria", disse Samper. "Não é a mesma coisa que fazer levantamento de peso ou supino. Você não vai formar o mesmo músculo, porque nunca fazemos movimentos de pilates até a exaustão."

Também não é o melhor treino para conversar com um amigo ou assistir TV. "Você precisa estar realmente presente e prestar atenção em onde seu corpo está no espaço e no que ele está fazendo, e nem todo mundo quer isso", disse Samper. Sem esse nível de concentração, você provavelmente não colherá tantos benefícios –e ainda pode se machucar.

Então, com que frequência você deve fazer?

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA aconselham os adultos a dedicar 150 minutos à atividade aeróbica de intensidade moderada e dois dias ao treinamento de força por semana. O pilates ficaria no último.

Mas embora você tenha benefícios fazendo uma ou duas vezes por semana, os especialistas em exercícios concordam que o melhor é três vezes por semana. Esse é o "ponto ideal", disse Samper.
Existe um "excesso de pilates"? Não realmente, se você misturar seu modo de praticar.

"Se você achar que é a coisa perfeita para você, não há nada errado em fazer cinco vezes ou mais por semana", disse Bryant.

Que tipo é melhor para você?

Nem todos os treinos chamados de pilates são criados igualmente.

Instrutores experientes geralmente recomendam começar com aulas individuais ou em pequenos grupos para que você possa aprender o básico. "A situação ideal é estar no estúdio", disse Robinson. "Você tem todo o aparato para ajudá-lo e um instrutor para orientá-lo."

Mas para muitas pessoas isso simplesmente não é viável, disse ele. As sessões de treinamento individuais geralmente começam em US$ 75 (R$ 400) ou mais por sessão, enquanto as aulas virtuais podem ser uma fração disso. "Ainda há muito a ganhar virtualmente, se é tudo o que você pode fazer", disse Robinson. "Um pouco de pilates é melhor do que nenhum."

O treino com o qual você se conecta pode depender de seus objetivos e necessidades específicas. "Se você é uma pessoa saudável e não tem nenhum problema musculoesquelético –você só quer um bom treino–, faça uma aula de pilates na academia", disse Carrie Lamb, instrutora na empresa americana Balanced Body e fisioterapeuta em Golden, no Colorado. Mas se você está se recuperando de uma lesão ou lidando com uma dor crônica, pode se beneficiar de um ambiente mais íntimo.

Para pessoas que procuram um treino que as ajude a atingir objetivos de cárdio e criação de músculos, considere verificar ofertas de pilates mais recentes e híbridas, que aceleram os movimentos clássicos e prometem fazer seu coração bater mais forte.

Encontrar o instrutor certo é crucial

Para se beneficiar ao máximo do método, procure "um instrutor bem treinado e qualificado", que coloque a segurança dos clientes em primeiro lugar, disse Bryant.

À medida que se tornou mais popular, mais pessoas com muito pouco treinamento estão se anunciando como instrutores.

"Algumas pessoas dizem que ensinam pilates e só foram a uma aula de fim de semana", disse Lamb, enquanto outras "passaram por um treinamento abrangente e gastaram centenas de horas e milhares de dólares para aprender."

Antes de se inscrever em qualquer tipo de pilates, verifique as credenciais do instrutor e procure alguém que tenha concluído um programa de certificação que exija pelo menos 400 horas de treinamento e educação continuada, disse Bryant.

Pergunte ao instrutor em potencial como ele ou ela pode ajudá-lo a atingir suas metas específicas. Encontre alguém que o ouça atentamente e o entenda como indivíduo, disse Bryant, "em vez de ser o especialista quem vai lhe dizer do que você precisa".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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