Inchaço abdominal constante pode ser gases ou doenças; veja dicas

Fumar também pode elevar o risco, uma vez que aumenta a quantidade de ar engolido

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Trisha Pasricha
The New York Times

Em meu consultório de gastrentorologia, todas as semanas recebo pacientes que se queixam de suas roupas estarem muito apertadas, de sentirem que seu abdome está comprimido.

"É como se eu estivesse grávida de 30 semanas" é algo que me é dito com frequência por pacientes que vão de homens de 65 anos e mulheres de 20.

Assim, não surpreende que esses pacientes todos sofram de inchaço –uma sensação desagradável de pressão no estômago que se estima que afeta 1 em cada 5 adultos. (Um fenômeno distinto, mas relacionado, chamado distensão abdominal, descreve o aumento visível de circunferência abdominal que frequentemente acompanha o problema.)

Uma bexiga rosa cheia de água amarrada com um barbante ao meio
É preciso entender quais alimentos são gatilhos para que você se sinta inchado - Aileen Son/The New York Times

Mas entender por que ocorre o inchaço e tratá-lo pode ser um desafio, tanto para os pacientes quanto para os médicos. "As pessoas pensam ‘oh, é apenas inchaço’, e o problema muitas vezes é minimizado ou visto como insignificante", comentou a gastrenterologista Kimberly Harer, especialista em motilidade intestinal na University of Michigan Health, nos Estados Unidos.

Para a maioria das pessoas, o inchaço e a distensão se resolvem após um período curto de tempo. Mas algumas pessoas têm tendência maior que outras a apresentar inchaço.

Pessoas com determinadas condições médicas –como a intolerância à lactose, doença celíaca ou desordens que afetam o modo como o intestino desloca conteúdos pelo corpo (como a gastroparesia)—sofrem de inchaço mais frequente, devido ao excesso de gases.

Se você não tem essas condições, mas o inchaço persiste por meses, é possível que tenha algo chamado inchaço funcional. Condições como a síndrome do intestino irritável e a constipação idiopática crônica se enquadram nessa categoria. Nesses casos, os exames médicos geralmente dão resultados normais, mas o inchaço é um sintoma importante e recorrente que atrapalha o cotidiano.

Esses casos de inchaço muitas vezes ocorrem não em função de uma produção muito grande de gases, mas devido ao modo como o abdome reage a eles. "Quando ocorre inchaço, boa parte do problema está na mecânica do corpo", disse a gastrenterologista Linda Nguyen, professora clínica de medicina na Stanford Medicine (EUA).

Movimentos musculares anormais –e o inchaço que os acompanha— podem ocorrer quando os nervos do intestino e da parede abdominal são excessivamente reativos a níveis de outro modo normais de pressão vinda do interior do intestino. É a chamada hiperssensibilidade visceral.

Assim, mesmo pequenos volumes de gases produzidos na digestão natural podem provocar desconforto e distensão.

Os especialistas muitas vezes recomendam que os pacientes primeiro procurem identificar e em seguida eliminar qualquer coisa em sua dieta ou seu estilo de vida que possa estar provocando o inchaço. Certos alimentos são gatilhos clássicos de inchaço, especialmente os alimentos ricos em fibras insolúveis, como os vegetais crucíferos, lentilhas e feijões.

Outros gatilhos comuns incluem bebidas fermentadas como cerveja e kombucha, o adoçante artificial sucralose, cebolas e frutas. Às vezes alguns comportamentos como tomar bebidas carbonatadas, mascar chiclete ou fumar pode elevar o risco de inchaço, por aumentar a quantidade de ar que você engole.

Com tantos gatilhos potenciais, pode ser difícil ou até prejudicial fazer experimentos por conta própria com a eliminação de alimentos problemáticos. Por isso, disse Harer, a recomendação é procurar a orientação de um nutricionista.

Em alguns casos, resolver a causa subjacente do inchaço pode exigir mais do que apenas a modificação de hábitos alimentares e de estilo de vida. Pacientes com gastroparesia ou constipação significativa podem beneficiar-se de um medicamento chamado prucaloprida, que ajuda a esvaziar o estômago e expelir resíduos. (Os especialistas não recomendam intervenções caseiras para esvaziar o cólon, como a irrigação colônica, devido ao risco de provocarem trauma ou lesões no trato gastrintestinal.)

Algumas causas de inchaço não têm relação direta com os intestinos. Segundo Harer, alguns pacientes que roncam ou que usam aparelhos de CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) para combater a apneia do sono, por exemplo, podem apresentar inchaço adicional quando acordam pela manhã.

Pacientes que têm doenças hepáticas podem sofrer distensão abdominal. E a menstruação e alguns tipos de anticoncepcionais podem aumentar o inchaço.

Harer destacou que ninguém deve sentir-se envergonhado ou constrangido por alterações em sua área abdominal. "Os pacientes devem sentir-se à vontade para discutir o inchaço com seus médicos e receber a ajuda que necessitam."

Tradução de Clara Allain

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