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Seis dicas de autocuidado para não se estressar no dia da eleição

Especialistas indicam limitar o uso de redes sociais, ficar perto de pessoas confiáveis e se planejar com antecedência

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Ribeirão Preto

O período eleitoral é sempre um momento de estresse, em especial para os eleitores mais engajados. A ansiedade que começa com a divulgação das pesquisas eleitorais, chega ao seu ápice no dia das eleições e, para alguns, é ainda mais intensa no momento da apuração dos votos.

Para Wagner de Lara Machado, doutor em psicologia e professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), este sentimento está diretamente relacionado à expectativa em relação ao resultado.

Tal ansiedade é ainda potencializada pelas mídias sociais. O psicólogo afirma que "a experiência digital faz com que se viva mais intensamente a polarização. Você tem um contato direto com o outro lado muito mais intenso em função da proximidade via mídias digitais do que em outras ocasiões".

silhueta de duas cabeças humanas com psicoterapia de saúde mental cerebral, conceito bipolar, terapeuta e paciente, ilustração plana em vetor
Especialistas recomendam limitar o uso de redes sociais para preservar a saúde mental no dia da eleição - ST.art/Adobe Stock

Para Maria da Glória Calado, psicóloga e conselheira vice-presidenta do CRP-SP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo), a situação do país e as condições sociais da população são fatores determinantes no pleito deste ano.

Ela explica que "a violência política expressada por ataques a jornalistas, assassinatos de indivíduos por motivações de escolha partidária, os reflexos da pandemia na saúde mental e condições sociais do Brasil são fatores agravantes para a ansiedade eleitoral em 2022".

Medidas que geralmente são indicadas para uma boa manutenção da saúde mental podem ajudar. Fazer atividades físicas, exercitar práticas meditativas, ter uma rotina organizada e se alimentar bem são parte das recomendações dos especialistas.

Aqui estão algumas outras práticas apontadas pelos profissionais que também podem ser adotadas neste domingo (2) para ajudar a controlar o estresse e a angústia que a votação pode provocar.

LIMITE O USO DAS REDES SOCIAIS

No dia da eleição é comum que as pessoas sejam afetadas pelo chamado "Fomo" (do inglês "fear of missing out" ou "medo de ficar de fora", em português), que indica o temor que algumas pessoas têm de que algo importante aconteça enquanto elas não estejam presentes ou acompanhando. Isso faz com que o indivíduo esteja sempre online e receba uma quantidade muito grande de informações, o que pode ser uma fonte de estresse.

Os psicólogos consultados recomendam que as redes sociais sejam utilizadas com cautela para que as atividades da rotina, como lazer, sono e trabalho não sejam negligenciadas e a pessoa consiga focar no presente.

Além disso, o dia da votação também costuma ser propício para a propagação de notícias falsas. Machado recomenda que os eleitores escolham suas fontes mais confiáveis de informação e deem prioridade a elas.

FIQUE PERTO DE PESSOAS CONFIÁVEIS

Ter por perto uma rede de apoio também pode ser benéfico.

Segundo Maria da Glória Calado, "quando as pessoas ficam mais isoladas, elas tendem a ficar mais nervosas e ansiosas, então estar em um grupo pode ajudar a pessoa a se acalmar".

Por isso, dialogar com amigos e familiares é essencial. Para Machado, ter com quem conversar, desabafar e falar sobre possíveis aflições pode ser uma maneira de encarar os problemas e, consequentemente, aliviar a ansiedade.

PLANEJE SEU DIA E FOQUE NO AUTOCUIDADO

Ter uma rotina é sempre uma boa ferramenta para controlar a ansiedade. Por isso, os profissionais consideram importante planejar com antecedência o melhor horário e trajeto para ir votar e pensar nas outras atividades que serão desenvolvidas ao longo do dia.

Calado alerta que esse ano muitos locais de votação mudaram, então consultá-los alguns dias antes pode ajudar a evitar estresses no dia. Ela salienta que é importante pensar com antecedência em quem votar. "Deixar essa decisão muito próxima ao dia ou na própria data do pleito pode desencadear ansiedade".

Caso vote em São Paulo, você pode utilizar a ferramenta Match Eleitoral da Folha, que utiliza as suas respostas para te ajudar a escolher um candidato a deputado federal e senador.

Os especialistas ainda recomendam que momentos de autocuidado, como o horário de sono, da alimentação e do banho sejam priorizados.

ACEITE AS INCERTEZAS

Participar do processo eleitoral é uma etapa importante da democracia e, por isso, as consequências são encaradas em comunidade. De acordo com Machado, é importante aceitar que o indivíduo, sozinho, não está no controle desse processo.

Calado ainda alerta para o momento da apuração dos votos. É importante que os apoiadores de todos os candidatos saibam que "a apuração passa por diversos momentos, em especial no pleito presidencial. Então, não considere que a fotografia do momento será, necessariamente, o resultado".

Ela ainda sugere que, se a apuração é uma fonte de angústia, não acompanhar este processo a todo momento é uma boa opção. Assistir ou não a contagem de votos não altera os resultados.

FUJA DOS EXTREMOS

No dia da eleição as pessoas podem estar mais estressadas e a polarização mais exacerbada. Calado recomenda que, por isso, provocações de motivação política sejam ignoradas, em especial as mais desrespeitosas.

Machado indica distanciamento das narrativas que reforcem a polarização. Segundo ele, raramente alguém se identifica 100% com um dos extremos do espectro político e, por isso, deve se evitar a crença de que quem pensa diferente é um inimigo.

Para ele, a conversa com quem está disposto a dialogar abertamente deve ser estimulada, inclusive após as eleições.

"Quando as pessoas conseguem falar abertamente sobre as questões políticas elas notam que, muitas vezes, tem muito mais pontos de concordâncias do que de divergências".

SE PRECISAR, PROCURE AJUDA

Apesar da ansiedade ser normal conforme o pleito se aproxima, Calado alerta que não conseguir dormir ou comer e apresentar sintomas físicos, como falta de ar, podem ser um sinal de alerta que não devem ser ignorados. Nesses casos, o indivíduo deve buscar ajuda profissional especializada.

  • Procure a UBS (Unidade Básica de Saúde) ou o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) mais próximo da sua residência

  • Em caso de emergência, entre em contato com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ligando para 192

  • Converse com um voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) ligando para 188 (chamada gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou de celular de todo o território nacional) ou acesse www.cvv.org.br

  • O Mapa da Saúde Mental rastreia diversos tipos de atendimento: mapasaudemental.com.br

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