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Guarda-roupas inteligente exige bom acabamento e conhecimento sobre o próprio corpo

Especialistas dão seis dicas para ter roupas mais duráveis, com melhor caimento e que sejam sustentáveis

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São Paulo

Entrar em uma loja ou passar algumas horas em um site parece um comportamento simples quando o objetivo é comprar roupas. Afinal, qual pode ser a dificuldade disso? Essa escolha, na verdade, é mais complexa quando a ideia é investir em uma peça durável e que caia bem.

Logo, o ato de encarar araras e mais araras de roupas vai muito além de uma simples escolha. Há diversas questões para se levar em consideração, principalmente se o propósito for investir em um produto que vá durar, seja sustentável e faça sentido em seu guarda-roupa.

Clothes on hangers in a retail shop
Um guarda-roupa inteligente exige peças com bom caimento - Alberto Grosescu/Agcreativelab/Adobe Stock

Por isso, a Folha conversou com especialistas em moda e sustentabilidade para entender o que pode te ajudar neste momento.

Entenda seu corpo

Pode parecer clichê, mas é importante saber suas medidas e o tamanho do seu corpo para aproveitar melhor os tecidos. Uma peça do tamanho adequado também tem melhor caimento.

Se a roupa estiver apertada, por exemplo, o desgaste será maior, diminuindo a durabilidade do produto. A ideia, então, é entender como usar uma roupa bem ajustada, e tirar maior proveito de certos tecidos, aumentando o tempo de uso.

"Fazer boas escolhas neste sentido é importante. É interessante que o tecido tenha mais elasticidade quanto mais justa for a roupa", diz Ana Vaz, consultora e palestrante em imagem pessoal, moda e etiqueta, além de fundadora do Boutique de Cursos.

Preste atenção nos tecidos

Antes de pensar no tecido é preciso considerar algumas questões, como qual a função da roupa. É necessário que o material tenha elasticidade? Ele pode ser mais rígido, pode amassar? Vou passar calor?

Tendo isso em mente, leia com atenção a composição de cada peça na etiqueta. É o que sugere Talitha Tartari, consultora de imagem e estilo e especialização pela Blossom Image Consulting (Portugal), e membro da Aici (Association of Image Consultants International).

Linho, algodão e seda têm mais durabilidade, pois são tecidos naturais e feitos de fibras vegetais ou animais. Por isso, geralmente são mais caros e precisam de mais cuidado. Já os tecidos sintéticos, como poliéster, viscose e nylon, são de fácil manutenção, não amassam com facilidade, secam mais rápido e são mais baratos.

Sejam materiais naturais, mistos ou sintéticos, é importante prestar atenção no caimento, no toque e se eles formam o chamado "pilling" – aquelas "bolinhas" indesejadas que aparecem com o atrito do tecido conforme seu uso.

Atente-se ao acabamento

Depois de olhar com atenção para o tipo de tecido, as especialistas aconselham analisar bem o acabamento da peça que você está adquirindo, pois uma roupa nova não é sinônimo de impecável.

O transporte, tempo que ficam expostas nas araras e a quantidade de pessoas provando as peças podem diminuir a qualidade delas. Em quais detalhes, então, é preciso prestar atenção?

É válido checar as costuras externa e interna –virar a roupa do avesso mesmo. Observar, ainda, se a peça apresenta linhas soltas, se a costura se desmancha com facilidade, se o tecido ficou torto ou franzido onde não deveria e se as bainhas estão bem acabadas e adequadas para o tipo de tecido. Se ela foi feita a mão ou na máquina também é um ponto fundamental.

Botões e zíperes são outros fatores para serem analisados com cuidado. Note se eles fecham e abrem sem dificuldade, se estão bem colocados e se são frágeis. Recortes, pences, drapeados, bolsos e aplicações também precisam de uma avaliação das costuras e acabamentos.

"Tudo isso vai indicar uma peça com mais ou menos durabilidade e qualidade", disse Tartari.

Avalie preços

Tecido aprovado, acabamento também, mas e quanto ao preço? É natural torcer o nariz ao se deparar com a etiqueta de certos produtos.

"Às vezes uma peça barata faz muito sentido no seu estilo de vida, na sua rotina, para a capacidade que você tem de cuidados e manutenção. Essa peça que pode ser usada com facilidade é a melhor que você tem", diz a consultora Ana Vaz.

Ela recomenda avaliar esses fatores, já que muitas vezes uma roupa cara pode valer a pena a longo prazo, já que o valor será diluído conforme o seu aproveitamento.

"Fazer essa relação de custo-benefício é importante, lembrando que nem toda peça barata é ruim e nem toda peça cara é boa", afirma ela, considerando a existência de marcas que cobram pelo prestígio e não necessariamente pela qualidade.

Pense em sustentabilidade

Para Marcos Vaz, consultor de ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance) e diretor-sócio da ONE Sustentabilidade, o preço é um dos aspectos a se levar em consideração no quesito sustentabilidade.

Peças muito baratas, por exemplo, podem ser fabricadas por marcas que têm problemas legais e sociais em seu processo de fabricação.

"Quando a gente compra, estamos trazendo a responsabilidade de cuidar daquele item e de usar por um longo tempo para que não tenhamos um desperdício daquele recurso utilizado na fabricação daquela roupa", afirma.

É preciso analisar o antes, durante e depois da compra: pensar se você realmente precisa daquele item, bem como nas questões ambientais (as fibras sintéticas têm mais impacto ambiental do que as naturais, por exemplo) e sociais é fundamental.

Questione e busque informação sobre origem da roupa, como quem foram os trabalhadores envolvidos no processo. Uma cadeia de produção de vestuário passa por várias etapas e começa na extração do material da natureza.

Por último, se algo não for mais útil para você, venda, troque, ressignifique ou doe as roupas em boa qualidade. Colocar peças em circulação também é um ato sustentável.

Apoie a moda circular

A circulação dos itens diminui os impactos causados pela indústria da moda e aumenta a vida útil do produto, afirma Luanna Toniolo, cofundadora e CEO da Troc, plataforma de moda circular do Grupo Arezzo&Co.

Os brechós, por exemplo, são uma forma prática de investir em moda circular, e lá é possível encontrar peças boas, duráveis e com melhor custo-benefício.

"Essa é uma forma de compensar o impacto da produção da peça, uma vez que aumenta o número de vezes que aquele produto será usado."

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