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Documentário antibullying é acusado de exagerar o problema
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FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
A campanha antibullying nos EUA ganhou mais força nas últimas semanas com a estreia de um documentário elogiado pela crítica, mas cercado de polêmicas após receber uma classificação etária rigorosa.
Divulgação | ||
Alex, 14, um dos garotos intimidados por colegas que teve sua história contada no filme, em Sloux City, Iowa |
Além disso, o filme foi acusado de omitir problemas de saúde de um garoto suicida e de criar uma suposta epidemia de bullying no país.
"Bully", do diretor Lee Hirsch (sem previsão de estreia no Brasil), segue a vida de cinco adolescentes americanos em cidades do interior que sofrem abusos de colegas. Há o desajeitado sem amigos que apanha nos intervalos, a lésbica que se veste de menino e a garota que leva uma arma para se defender e acaba presa.
Devido ao uso de palavrões, a obra foi classificada imprópria para menores de 17 anos. Após uma campanha sem sucesso para revisar a idade, que contou com apoio de celebridades como Ellen DeGeneres, Meryl Streep, Martha Stewart, Demi Lovato, Johnny Depp e Michael Jordan, "Bully" acabou sendo lançado sem classificação. Alguns cinemas se negam a exibir filmes dessa maneira.
Os problemas do documentário, no entanto, não pararam por aí. Um artigo da revista eletrônica "Slate" acusou o diretor de omitir que Tyler Long, um garoto que se mata supostamente por causa de bullying, sofria de uma desordem bipolar. Outro personagem também comete suicídio e seus pais são filmados durante o luto.
"Eu me preocupo seriamente com o efeito contágio [...]Uma das mensagens do filme é 'bullying mata', como se isso fosse normal", disse Ann Haas, do projeto Fundação Americana de Prevenção ao Suicídio, à "Slate".
Segundo ela, jovens que são intimidados poderiam se voltar ao filme e se sentir atraídos pela ideia, já que Tyler é retratado de forma romântica e incompleta.
EPIDEMIA
"Bully" faz parte de uma ampla campanha social segundo a qual 13 milhões de jovens sofrerão abusos nas escolas americanas ainda neste ano. Com o assunto de volta ao noticiário, há quem suspeite que a chamada "epidemia de bullying" seja antes uma crise de pânico de uma sociedade superprotetora do que uma ameaça real.
"Apesar de casos raros e trágicos que precisam de nossa atenção, os dados mostram que, na verdade, as coisas estão melhorando para os jovens", escreveu no "Wall Street Journal" Nick Gillespie, editor-chefe do site da revista "Reason".
Ele cita números do Centro Nacional de Estatísticas Educacionais, incluindo um sobre o declínio de 12% para 4% dos estudantes que afirmaram ter medo de serem atacados na escola entre 1995 e 2009, ano mais recente da pesquisa. Em outro relatório, 28% dos entrevistados disseram ter sido vítimas de bullying em 2009, contra 32% em 2007.
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