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Melhora da análise genética do feto levanta questões éticas
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DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA + SAÚDE"
O avanço desse tipo de técnica traz em si a pergunta: por que fazer teste de paternidade antes de o bebê nascer? Não seria mais fácil esperar?
O artigo americano justifica os esforços por causa dos estupros: segundo o texto, 5% das mulheres que sofrem essa violência engravidam e, às vezes, ficam em dúvida sobre abortar ou não porque não sabem ao certo se o pai é o criminoso ou o parceiro.
O médico Ciro Martinhago diz, no entanto, que, de acordo com sua experiência clínica, a maior parte das clientes que vão procurar esses testes antes de dar à luz são as que têm dois parceiros e querem saber de quem é o bebê.
Hoje, para determinar a paternidade antes do nascimento, é preciso fazer um teste que colhe líquido amniótico. O exame é invasivo: o material é retirado por meio de uma agulha inserida na barriga da gestante.
Esse procedimento traz um risco de 0,5% de causar aborto. Seu uso principal não é para teste de paternidade mas para diagnóstico de males como síndrome de Down.
"O exame só se justifica quando o feto tem um risco maior do que 0,5% de ter um problema genético, como é o caso das gestantes com idade acima de 35 anos", afirma Martinhago.
"Mas esses bebês que vão fazer teste de paternidade não têm esse risco", diz o geneticista. Por isso, o teste é um perigo desnecessário, daí a vantagem do novo método, que requer só um exame de sangue comum na mãe e uma amostra do DNA do pai. Essa amostra pode ser conseguida em material descartado como bitucas de cigarro ou escovas de dente.
SÍNDROMES
O exame de sangue não vai servir só para paternidade: estudos recentes têm demonstrado a eficácia da análise do material genético do feto tirado do plasma materno para detectar males como síndrome de Down.
Uma pesquisa divulgada em fevereiro nos EUA conseguiu usar a técnica não invasiva para diagnosticar síndromes de Down, Edwards, Patau e Turner.
Um teste para down já foi lançado em escala comercial no mercado americano no fim do ano passado, causando controvérsia.
O temor é de uma maior procura por abortos seletivos de fetos com down, por exemplo, ou de frutos de relações extraconjugais.
De acordo com a lei brasileira, o aborto não é permitido nessas situações.
No país, a prática é permitida em caso de estupro ou se a vida da mãe estiver em risco por causa da gestação. Também é possível abortar legalmente no Brasil se o feto for anencefálico.
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