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"Sem a câmera, sinto que perco algo importante", diz blogueira
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GIULIANA DE TOLEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A estudante de letras e blogueira Amanda Inácio, 22, publica na internet em média três fotos por dia desde que comprou um smartphone e criou uma conta no Instagram, em setembro passado.
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Opinião: Somos todos celebridades
Além de poses do seu cachorro yorkshire Teodorico, as imagens publicadas contam o que Amanda veste, por onde anda e até o que come em cada refeição.
"Quando estou com meus amigos, escuto o tempo inteiro alguém dizer 'chega', mas não consigo evitar. Se eu largo a câmera, tenho a impressão de que bem naquela hora aconteceu alguma coisa que eu deveria ter conseguido fotografar", conta.
A mania também faz parte da rotina da estudante de moda Beatriz Machado, 24, que, desde que ganhou um iPhone no último Natal, atualiza o Instagram em média duas vezes por dia. As fotos somam-se às mais de 1.700 que já estão no seu Facebook.
Luciana Whitaker/Folhapress | ||
Beatriz Machado, 24, estudante, tem mais de 1.700 fotos no Facebook |
"Com o Instagram, estou voltando a ser mais viciada em foto, mas sempre gostei muito. Uma vez, fui a um show dos Backstreet Boys e tirei mais de 300. Depois, percebi que tinha deixado de prestar atenção em vários momentos. Me arrependi."
Apesar de ser dona de mais de 2.100 fotos, ter quase 1.500 seguidores e ser criadora do grupo Instagramers Brasília, a publicitária Heloísa Rocha, 47, diz que sabe controlar seus impulsos.
"No começo, é mais complicado porque você quer testar tudo, mas sei que não posso colocar muitas fotos por dia se não as pessoas reclamam", diz ela, que é usuária do Instagram desde novembro de 2010.
DEPENDÊNCIA
A necessidade de tirar fotos pode virar dependência, segundo Cristiano Nabuco, psicólogo e coordenador do Grupo de Dependência Tecnológica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. O vício exige atenção quando atrapalha obrigações cotidianas no trabalho e na família.
A exposição também tem de ser feita com consciência sobre as possíveis repercussões negativas que o conteúdo possa causar.
"Pode acontecer de alguém comentar que a sua foto é 'nada a ver' e você precisará saber como lidar com isso. Se isso pode abalar muito sua autoconfiança, é melhor nem se expor", diz a psicóloga Andréa Jotta, da PUC-SP.
Outra mania que pode ser prejudicial é a de acompanhar todos os movimentos de quem você está seguindo.
"Quando você observa as atualizações como uma espécie de trabalho e fica apreensivo por não conseguir ver tudo que está acontecendo, é preciso ficar alerta", afirma a psicóloga.
MAIS CUIDADOSOS
Apesar de continuarem exibindo a vida em redes sociais, usuários brasileiros estão ficando mais cuidadosos quanto à exposição, segundo pesquisa da UCPel feita em janeiro com 395 voluntários.
No estudo, 39% dos participantes disseram ter alterado suas configurações de privacidade no Facebook para tornar o perfil totalmente privado a amigos, enquanto em julho de 2012 esse grupo correspondia a 20%.
"As pessoas ainda se arriscam, mas começaram a perceber que um desconhecido pode falar por aí sobre suas férias, o que não é muito bom", diz Raquel Recuero, coordenadora da pesquisa.
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