'Grey's Anatomy' mata três vezes mais que vida real, diz estudo

Pesquisa comparou tratamento de traumas de pacientes fictícios e reais

São Paulo

A série de TV americana "Grey's Anatomy" dá a impressão errada de como os traumas são tratados na realidade —incluindo a velocidade com que os pacientes se recuperam—, acusa um estudo na revista especializada "Trauma Surgery & Acute Care Open".

Para chegar a essa conclusão, os autores do estudo compararam o tratamento de traumas de 290 pacientes fictícios (em 259 episódios) aos traumas reais de 4.812 pacientes de um banco de dados nacional dos EUA.

Cena do episódio final da segunda temporada da série "Grey's Anatomy".
Cena do episódio final da segunda temporada da série "Grey's Anatomy" - Gale Adler/ABC

A taxa de morte foi três vezes maior em "Grey's Anatomy" do que na vida real (22% contra 7%) e a maioria dos pacientes da TV (71%) saiu direto da unidade de emergência do hospital para a sala de cirurgia, enquanto só 25% dos pacientes reais passaram pela operação a jato.

Entre os sobreviventes televisivos, só 1 em cada 20 (6%) foi transferido para uma unidade de cuidados de longa duração —taxa bem mais baixa do que a real (22%).

E, entre os pacientes em estado grave, 50% dos pacientes fictícios passaram menos de uma semana no hospital e foram liberados rapidamente, contra 20% da vida real.

"Apesar de o realismo ser um elemento importante para o sucesso de uma série dramática em um ambiente de trabalho contemporâneo, como um hospital ou uma delegacia de polícia, os requisitos para o efeito dramático se concentram no excepcional, e não no comum", dizem os autores, do St. Josephs Hospital em Phoenix, no Arizona (EUA).

"Portanto, os dramas médicos americanos tendem a se agarrar a histórias sobre doenças raras e manifestações bizarras ou fantásticas de moléstias comuns, todas enquadradas dentro da representação 'realista' de um hospital típico americano." Para manter os fãs ligados na série, a realidade normalmente dá um passo para trás.

Segundo os autores, a divergência entre a expectativa dos pacientes e a realidade podem, de fato, contribuir para um nível menor de satisfação final.

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