Lubrificantes de maconha não fazem milagre, mas abrem novas sensações; leia depoimento

Produtos podem também dar uma 'forcinha' para quem ainda não chegou ao orgasmo

Marcella Franco
São Paulo

São 16h20, estou sozinha em casa, e um envelope me encara de cima da mesa da cozinha. Dentro dele, três singelos vidrinhos aguardam a avaliação de seu conteúdo.

Nestes 20 anos de carreira, já critiquei peça de teatro, show e livro, mas lubrificante à base de maconha vai ser a primeira vez. Tiro a calcinha: é hora de trabalhar.  

Foria, o lubrificante americano e o mais elegante, vem em uma embalagem que lembra produtos de beleza caros. A sensação é de que talvez os orgasmos de Hollywood sejam, finalmente, possíveis.

Xapa Xana, uruguaio, vem em um pote redondo que, a despeito de trazer a ilustração mais legal do Universo (uma xoxotinha colorida e meio alucinada), depois do primeiro uso fica todo melecado, desperdiçando produto.

Completa a escalação um óleo caseiro nacional com cara de remédio homeopático.

Embora a ideia seja aplicar na mucosa da vagina ao menos meia hora antes do sexo em si, convenhamos que esse tipo de programação é pouco prática na vida real.

Foto mostra frasco de lubrificante vaginal Xapa Xana, feito à base de maconha
Lubrificante vaginal Xapa Xana, feito à base de maconha - Carlos Pazos/Folhapress

Sendo casada, mãe de dois, funcionária e bailarina, admito que não tenho a vida sexual mais inusitada do mundo, mas considero broxante agendar trepadas.

Estando desacompanhada, no entanto, decidi untar as partes e aguardar. Havia uma pilha de louça a lavar, e me empenhei em cumprir tarefas domésticas fingindo não saber que passaria de dona de casa a despudorada.

Entre os três lubrificantes de maconha, o Foria foi o que menos surpreendeu. Na hora da masturbação não fez lá grande diferença, causando sensação de um Halls preto esfregado no clitóris.

O brasileiro caseiro é o que mais demora para fazer efeito, mas, quando bate, a onda é boa. Entre a dormência e o inchaço, senti a vulva mais sensível e receptiva. O orgasmo parece mais longo, embora a intensidade seja igual.

O campeão é o Xapa Xana. Além de fazer efeito de cara, causa a “chapação” esperada de um produto à base de maconha. Algumas gotas já ajudam a gozar de maneira mais prolongada e vigorosa. Pulei para o segundo, terceiro e quarto orgasmos com menos esforço que o normal.

Nenhum dos produtos faz milagre. É preciso lembrar que as condições de temperatura e pressão adequadas ainda são fundamentais —não adianta se lubrificar e sentar para assistir ao Datena na TV. Entrar no clima e relaxar ainda são importantes.

Tendo isso em mente, dá para dizer que são produtos que abrem novas sensações para quem já experimentou o orgasmo e, provavelmente, darão uma forcinha a quem ainda não chegou lá.

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