Pedras nos rins são mais bonitas do que você imagina, diz estudo

Cientistas estudam imagens de pedras para entender como elas se formam (e como quebrá-las)

Emily Baumgaertner
Nova York

Pedras nos rins, os depósitos urinários dolorosos que incomodam mais de 10% da população mundial, são surpreendentemente bonitas e se parecem com corais de recifes microscópicos, segundo uma nova pesquisa que pode dar pistas sobre como melhorar o diagnóstico da condição e tratá-la.

Os achados, publicados na revista Scientific Reports, desafiam a crença de que as pedras nos rins são homogêneas e insolúveis. Na verdade, elas se parecem com corais de recifes: pedras complexas, ricas em cálcio com camadas que se acumulam e se dissolvem com o tempo.

“Quando os médicos encontram no paciente aquela pedra feia e sem graça e a descartam, eles estão jogando fora o mais preciso recordatório que nós temos —uma história em camadas, minuto por minuto, da fisiologia do rim”, disse Bruce Fouke, professor de geologia e microbiologia da Universidade de Illinois que liderou a pesquisa.

Brian Matlaga, urologista no hospital Johns Hopkins, chamou o estudo de uma abordagem provocadora, “fora da caixa”, para esse problema de saúde.

“Quando quebramos a pedra cirurgicamente, algumas delas são, de fato, lindas, como algo que você penduraria na parede”, disse.

Fouke e seus colegas de pesquisa examinaram mais de 50 fragmentos de pedras de seis pacientes da Mayo Clinic usando diferentes microscópios. Eles então identificaram matéria orgânica e cristais de cálcio usando luz ultravioleta, que usa diferentes comprimentos de onda para fazer minerais brilharem.

Os padrões disruptivos das pedras mostraram que a maioria do material tinha se dissolvido e se reintegrado ao longo do tempo.

Os médicos normalmente indicam o tratamento com base nos componentes químicos e moleculares da urina do paciente. Mas futuras pesquisas podem permitir que os médicos tirem vantagem da composição mutante das pedras, usando ingredientes específicos para dissolvê-las completamente, sem procedimentos invasivos.

“Agora que a gente conhece o processo que as faz crescer, a pergunta é: como virar a chave ao contrário e fazê-las diminuir?”, questiona Matlaga.

O estudo dá o crédito a geólogos do passado pela inspiração pela hipótese. O mais importante deles é Nicholas Steno, um anatomista dinamarquês que, em 1667, propôs que as camadas de pedras poderiam indicar a história dos eventos (ele supostamente morreu por causa de pedras nos rins).

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