Há três anos Danielle Fleming, 43, corretora de imóveis de Hoboken, no estado de Nova Jersey, começou a sofrer com acne. Eram espinhas feias e estranhas, diz.
Depois de trocar detergentes, spray para o cabelo e todas as outras coisas nas quais ela poderia pensar, Danielle procurou uma dermatologista em busca de medicamentos ou um tratamento a laser. No fim, ela voltou com a prescrição de uma dieta.
Foram necessários dois anos para que Danielle seguisse corretamente a dieta sugerida por Whitney Bowe, dermatologista de Nova York.
A recomendação alimentar, descrita no livro “The Beauty of Dirty Skin” (a beleza da pele suja, em tradução livre) de Bowe, é essencialmente uma lista de alimentos de baixo índice glicêmico e comidas fermentadas por bactérias.
O objetivo é alterar os trilhões populacionais de micro-organismos gastrointestinais e dar fim a inflamações, inclusive as de pele.
Mas Danielle, viciada confessa em açúcar, estava relutante em abrir mão do seu iogurte adoçado artificialmente e das visitas a lojas de doces.
Na esperança de que fosse suficiente, a tática era adotar pequenas doses da dieta recomendada. Não foi, e ela teve que começar a levar o assunto a sério. “Não tenho uma crise de acne desde então”, diz Danielle.
Arrumar a microbiota gastrointestinal tem sido relacionado a uma ampla gama de benefícios. Segundo estudos, a mudança poderia ajudar a reduzir a incidência de câncer, derrame e obesidade.
Agora é o mercado de cuidados com a pele que entra na microbiota em busca da perfeição. Há uma infinidade de probióticos em pílulas e pós —e nomes como Glow (brilho) e Inner Beauty (beleza interna)— que afirmam poder mudar a microbiota.
Mas, infelizmente, não é possível “limpar” a microbiota e a pele com um probiótico. Pelo menos ainda não.
Há pequenos estudos associando certos tipos de bactérias à redução da acne e hidratação e elasticidade da pele.
Por exemplo, o L K-1 (nome curto para Lactobacillus casei subsp. casei 327) parece promover proteção da
pele e reduz a descamação, de acordo com estudo japonês de 2017. Já o Lactobacillus rhamnosus SP1 tem sido relacionado à redução da acne em adultos, segundo estudo de 2016.
Então, por que não se pode só ingerir essas bactérias e se beneficiar com os resultados?
Em primeiro lugar, ainda não há consenso de que um estômago forte —do ponto de vista das bactérias— seja o segredo para uma pele limpa.
Ainda não sabemos quais as conexões entre a microbiota e a pele, diz Justin Sonnenburg, professor de microbiologia da Universidade Stanford. O cientista diz que o que acontece no trato digestório não tem efeitos somente locais. Os micro-organismos afetam o metabolismo, respostas imunes e estresse.
Mas um dos problemas dos probióticos atuais é que a microbiota de cada pessoa é diferente. Ou seja, tomar um probiótico e esperar que ele funcione é como jogar na loteria.
Mesmo que comprovada no futuro, a relação direta entre microbiota e pele vistosa não necessariamente terá probióticos como chave.
Bowe diz que o uso de probióticos é indicado junto a uma alimentação equilibrada.
Já Sonnenburg diz acreditar que as fórmulas para pele eventualmente ficarão mais precisas, para diferentes tipos de pele e com diferentes dosagens, tudo aliado a uma dieta. Com isso será possível promover a construção de uma comunidade de um determinado tipo de bactéria.
Hoje, a melhor forma de melhorar a pele —de dentro para fora— parece ser a boa e velha mudança alimentar.
Além disso, comer alimentos integrais, não exagerar na gordura saturada e minimizar o açúcar refinado são ações já relacionadas a outras melhorias na saúde.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.