Doces são muitas vezes associados a momentos agradáveis e reconfortantes --o bolo e o docinho da comemoração, o açúcar pós-almoço--,mas é importante considerar os possíveis efeitos negativos dele na nossa saúde.
O nosso apreço por esse tipo de alimento, aliás, é evolutivo, afirma Celso Cukier, nutrólogo do hospital São Luiz. "Você une o carboidrato, que é um negócio superimportante e essencial, à gordura, que é uma forma de grande reserva energética", diz Cukier. "Está no nosso instinto gostar disso. É bom para nossa sobrevivência e foi embutido em nosso desenvolvimento."
No entanto, segundo Dan Waitzberg, professor da USP, devemos levar em conta a ânsia por açúcar. Quanto mais açúcar uma pessoa come, mais ela quer comer.
A curto prazo os prejuízos podem já começar na boca. Waitzberg afirma que o consumo excessivo de doces altera a microbiota bucal e leva a uma maior predisposição a cáries.
O trabalho envolvido na produção de insulina --hormônio que ajuda a quebra dos açúcares-- é o segundo ponto preocupante no consumo excessivo de doces. Por conta dos picos de glicemia (açúcar disponível no sangue), o pâncreas é forçado a produzir mais e mais do hormônio, o que pode levar ao esgotamento da glândula.
Soma-se a isso a maior propensão a engordar, considerando a oferta de energia, que é convertida em gordura. "O consumo pode levar ao diabetes. Juntam duas coisas: a obesidade e o esgotamento de função pancreática. A própria obesidade leva à resistência à insulina", diz Waitzberg.
O pesquisador diz que há estudos associando o consumo excessivo de açúcar a modificações cognitivas e estados depressivos.
Se você estiver pensando em abandonar o açúcar, as boas notícias começam agora. "Não precisamos nos livrar totalmente dos doces. O grande problema da nossa alimentação consiste nos exageros", diz Cukier.
Para evitar a tentação, a dica de Cukier é não ter doces em casa. "Se eu tiver em casa, caio matando. A grande maioria das pessoas não consegue parar de comer."
Por isso, busque o consumo desses alimentos somente em algumas ocasiões, como jantares fora de casa ou passeios.
(Declaração de conflitos: o repórter escreveu o texto enquanto comia um chocolate, mas pretende reduzir o consumo de doces.)
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