Secretaria da Saúde do Paraná descarta suspeita de coronavírus em paciente de Curitiba

Caso é um dos três analisados pelo Ministério da Saúde

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São Paulo

A Secretaria da Saúde do Paraná informou nesta quarta-feira (29) que descartou que a doença de um paciente internado em Curitiba seja coronavírus, conforme se suspeitava. Este é um dos três casos suspeitos monitorados pelo Ministério da Saúde.

O paciente de 29 anos é de Fortaleza e esteve na China há dez dias. Ele está internado em um hospital particular de Curitiba, para onde viajou a trabalho. Os exames detectaram que ele apresenta um quadro de Influenza B, descartando a hipótese de coronavírus.

Outra paciente de Curitiba, uma mulher de 23 anos, chegou a ter o quadro notificado como suspeito junto ao Ministério da Saúde na terça-feira (28) à noite, mas a hipótese da infecção pelo novo coronavírus foi descartada pela Secretaria do Paraná antes que fosse anunciada. Ela também esteve na China, mas há mais tempo do que o considerado de risco.

"Todo o indivíduo que chegar em serviço de saúde no Brasil com um quadro clínico gripal ou respiratório e que nos relatar nesse serviço que teve passagem pela China ou contato com alguém que esteve na China passa a ser caso suspeito", explicou a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Cecília Huçulak.

Uma das preocupações do governo estadual é com as entradas por portos e aeroportos. No porto de Paranaguá, por exemplo, há um terminal de contêineres de propriedade de um grupo chinês. Empresários do país inclusive devem visitar o estado nos próximos dias.

"Ninguém desembarca sem que seja emitida uma declaração de saúde por parte do comandante de cada embarcação, mas temos também trabalhadores que prestam serviços na região de Paranaguá e todo o cuidado vai ser estendido a eles. Se houver necessidade, trabalhadores vão passar por um período de observação ou até isolamento na chegada, tudo em nome de manter o ambiente sanitário a salvo", declarou o secretário estadual de saúde, Beto Preto.

O governo brasileiro analisa ainda outras duas suspeitas, em São Leopoldo (RS) e Belo Horizonte.

O caso de Belo Horizonte foi o primeiro, de uma estudante de 22 anos que viajou para a cidade de Wuhan, na China, epicentro da doença.

Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o estado de saúde da paciente é estável. Após ser atendida na sexta-feira (24), ela foi encaminhada a um hospital de referência e colocada em isolamento até o resultado de exames. Em Wuhan, a paciente afirma não ter ido ao mercado de peixes da cidade, nem ter tido contato com pessoas doentes. Cerca de 14 pessoas que tiveram contato com a paciente no Brasil estão sendo monitoradas. 

Na terça (28), os outros dois casos foram notificados. 

Segundo a prefeitura de São Leopoldo (RS), o paciente atendido na cidade é morador de Kunming, a 1.500 km de Wuhan, e chegou da China há quatro dias. Ele procurou a UPA após registrar febre e está em observação. 

Atualmente, não há um teste rápido para o coronavírus, mas é possível fazer exames laboratoriais que verificam se o padrão do vírus é equivalente ao identificado na China. Os resultados devem ficar prontos até sexta-feira.

Ainda de acordo com o ministério, desde 18 de janeiro, ao menos outros nove casos de pessoas com sintomas respiratórios chegaram a ser notificados por secretarias de saúde para serem avaliados, mas nenhum se enquadrava na definição de casos suspeitos. Resultados de exames feitos nos pacientes também descartaram o quadro.

O Ministério da Saúde desaconselha viagens à China neste momento. "Não sendo estritamente necessário, recomendamos que não façam viagens até que o quadro todo esteja bem definido", afirma, citando a ausência de dados completos sobre a extensão da transmissão do novo coronavírus

Na segunda-feira (27), a OMS (Organização Mundial da Saúde) corrigiu a avaliação de risco diante do coronavírus de "moderado" para "alto". A medida levou o Ministério da Saúde a atualizar a definição de casos de suspeita. 

Antes, eram considerados suspeitos os casos de pessoas com sintomas respiratórios, como febre, tosse e dificuldade para respirar, e com histórico de viagens a região de Wuhan nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas. 

Agora, passam a ser considerados como suspeitos aqueles com histórico à China ou contato com casos suspeitos ou confirmados em até 14 dias antes do início dos sintomas. O intervalo corresponde ao período de incubação do vírus —tempo entre infecção até o desenvolvimento dos sintomas.

Na última semana, o Ministério da Saúde ativou um centro de operações de emergência para monitorar o registro de possíveis casos. O centro, formado por especialistas em emergência em saúde pública, foi ativado em nível 1, entre três possíveis, o que indica um alerta inicial, visando a preparação da rede de saúde.

Com o registro de um caso de suspeita em investigação, o nível de alerta passa agora a nível 2, de perigo iminente do vírus chegar ao país. Se for confirmado algum caso, o nível 3 é acionado, e o governo declara emergência em saúde pública. 

Segundo o ministro da Saúde, além dos casos notificados pelas secretarias de saúde, a pasta chegou a verificar 126 rumores de casos de coronavírus, mas nenhum estava nos critérios.

A recomendação para prevenção segue parâmetros semelhantes ao de outras infecções respiratórias, como evitar contato próximo com pessoas doentes e lavar as mãos com água e sabão.

Até a noite desta terça, já haviam sido confirmados mais de 5.000 casos do novo coronavírus, de acordo com dados da OMS. Destes, 4.537 ocorreram na China, com 131 mortes. 
 

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