Aulas são suspensas em mais da metade da Europa por causa do coronavírus

Até a noite desta quinta, escolas fecharam em ao menos 24 países; paralisação é total em 20 deles

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Bruxelas

Crianças estão sem aulas em mais da metade (24) dos países europeus, e em 20 deles todas as escolas foram fechadas por causa do novo coronavírus, segundo balanço feito na noite desta quinta (12).

A medida, que já atinge uma população de mais de 400 milhões de pessoas, é uma das mais polêmicas entre as anunciadas pelos governos. Sem ter onde deixar seus filhos, pais têm sido obrigados a faltar ao trabalho.

Pátio de escola vazia, com amarelinha pintada no chão
Escola primária Frederic Mistral, em Cres (França), fechada por causa da epidemia de coronavírus - Pascal Guyot/AFP

A questão vira um problema de saúde quando são os avós os encarregados de cuidar das crianças. Os idosos são a faixa etária mais suscetível a complicações da doença, e a probabilidade de maiores de 80 anos que se contaminam chegarem à morte vai até 15%, segundo estudos feitos na China.

O contato diário com os netos, que circulam por outros lugares, pode acabar levando o coronavírus para dentro da casa dos avós.

Por causa disso, a Bélgica, que vai fechar todas as escolas a partir da próxima segunda, recomendou aos pais que não deixem seus filhos com os avós. Caso não haja alternativas, as crianças poderão ficar nos edifícios escolares, sob responsabilidade dos funcionários.

A Áustria também abriu exceção para que, mesmo sem aulas, os alunos fiquem sob supervisão de funcionários nos edifícios escolares.

Organizações sociais chamaram a atenção para o fato de que, nos bairros mais pobres, muitas famílias dependem das refeições escolares. Não há anúncio de alternativas para esses casos em nenhum dos países que suspenderam aulas.

Outro efeito negativo acontece onde as universidades fecharam, já que os estudantes acabam voltando para suas cidades de origem, o que pode espalhar o contágio.

Países que não adotaram o fechamento total da rede escolar argumentam também que os mais jovens são os menos vulneráveis à covid-19, doença causada pelo coronavírus.

À noite, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, recomendou que escolas em regiões mais afetadas fechem as portas. Os governos do Reino Unido e da Holanda continuam reservando a medida mais drástica para colégios que registrem contágios.

Já o cancelamento total de aulas foi adotado até mesmo em países com pouquíssimos casos registrados e nenhuma morte, como Turquia (1 caso), Lituânia (3), Moldávia (4), Macedônia e Malta (3 em cada).

Conforme a epidemia avança, novos governos têm optado pelo fechamento total de escolas. A Irlanda anunciou a medida pela manhã; à noite, foi a vez da Espanha, da Bélgica, de Portugal e da França.

França e Portugal, que vinham defendendo fechamentos caso a caso, anunciaram que as aulas serão suspensas em todos os níveis a partir da próxima segunda-feira.

Segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, a medida é necessária porque “são as crianças e jovens que espalham os vírus”. Macron também pediu aos maiores de 70 anos que evitem sair de casa. Visitas a asilos foram proibidas.

O aumento no número de casos têm feito surgirem novas restrições, que variam bastante de país para país, independentemente do número de doentes ou de mortes.

Além da Itália, que colocou o país todo em quarentena, a Eslováquia proibiu viagens nesta quinta e anunciou que as fronteiras ficarão abertas apenas para a entrada de residentes no país.

República Tcheca e Polônia decretaram estado de emergência, o que permite ao governo impor várias restrições à população.

A região espanhola da Catalunha colocou quatro cidades em quarentena, e o governo espanhol orientou o autoisolamento de quem tiver contato com doentes ou sintomas de gripe em todo o país, mesma recomendação feita por Reino Unido, França, Holanda e Noruega.

​Eventos públicos foram cancelados total ou parcialmente em 11 países, e em 14 há número máximo de pessoas que podem se reunir num mesmo local, de 30, na República Tcheca, a 1.000, na Alemanha, França e outros quatro países.

Restaurantes foram fechados na Bélgica, na Noruega e cidades da Albânia, e precisam fechar às 20h na República Tcheca.

Na Bélgica, as lojas terão que fechar aos finais de semana, com exceção de farmácias e mercados.

O aperto nas restrições de mobilidade provocou corrida aos supermercados em vários países. Prateleiras vazias e tumulto em lojas foram descritos na Espanha, na França, na Irlanda e em Portugal.

Com os sistemas de saúde sobrecarregados, Áustria e França suspenderam tratamentos que não sejam urgentes. Hungria e Eslováquia proibiram visitas a hospitais.

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