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Contra coronavírus, governo quer que países retirem turistas em cruzeiro no Recife

Ministro da Saúde disse ter dado orientação para contatar embaixadas após turista ter diagnóstico confirmado

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Brasília

Após rever a determinação de suspender a saída de novos cruzeiros, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse à Folha que o governo pretende contatar embaixadas para sugerir que países retirem turistas de um navio que está parado em Recife, onde um passageiro teve diagnóstico confirmado para o novo coronavírus.

“Os próprios governadores das regiões costeiras estão todos arrepiados com o que ocorreu com Pernambuco. Mandei entrar em contato com os embaixadores, pegar a lista de quem é de outros países. Minha sugestão é: tire todo mundo do navio desde que o país coloque o avião que vai levar. Tira lá de dentro, põe numa van, põe no avião e vai para o país de destino. E lá eles se entendem sobre quarentena”, afirmou.

“Mandei falar com todos os países para repatriar. Do contrário, o que vou fazer? A cada vez que for tirar, é uma operação de guerra. Quanto mais tempo ficarem lá, mais gente vai ficar contaminada.”

Cruzeiro de bandeira bahamenha na capital pernambucana desde quinta-feira (12) - Reprodução/TV Globo

A medida ocorre após um turista canadense que estava em um cruzeiro de bandeira bahamenha, retido no porto de Recife, ter sido confirmado para Covid-19. Ele está internado em um hospital da rede privada. Enquanto isso, o desembarque do navio está suspenso. Cerca de 600 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estão no navio.

Na sexta (13), o Ministério da Saúde recomendou aos estados a suspensão de todos os cruzeiros marítimos enquanto durar a emergência pelo novo coronavírus.
A ideia da pasta era que novas viagens já estivessem vetadas. Já aquelas em andamento seriam analisadas caso a caso.

Menos de um dia após a determinação, o ministério teve que recuar da medida. A situação ocorreu após pressão dentro do governo, segundo apurou a Folha.

À reportagem, Mandetta diz que o ajuste na suspensão dos cruzeiros foi necessário para organização do setor.

“Tinha que ajustar, porque criou uma confusão. Tinha gente que estava dentro do mar numa hora dessa. De repente os capitães dos navios falam: então não é mais para atracar? É para atracar onde? Falei: então vamos dar um intervalo de 72 horas e convocamos as pessoas desse setor”, disse.

Nesta segunda (16), o presidente Jair Bolsonaro defendeu o recuo sobre a suspensão dos cruzeiros. Para ele, autoridades não podem “começar a proibir isso ou aquilo”.

“Você pode ver, há dois dias tive um problema na saúde, proibiram os cruzeiros de aportar aqui. Tinha navio que faltava hora pra chegar no porto de Santos. Outros faltavam horas para sair do porto do Rio. Como que você toma medida dessa maneira? Você não pode fazer isso”, afirmou ele, para quem está havendo uma “histeria”.

Segundo Mandetta, a ideia é arrumar uma solução no início desta semana. Até lá, o ministro desencoraja a população ao embarque.

“O pior lugar para estar hoje é no navio. Não tem programa de índio pior hoje do que pegar um monte de idoso e colocar em um cruzeiro.”

Questionada sobre o caso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não respondeu.

Colaborou TALITA FERNANDES

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