Lavar as mãos só com água e sabão já mata novo coronavírus; entenda

Uso de álcool em gel deve ser feito quando estiver na rua sem poder usar uma pia, diz especialista

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São Paulo

Nas últimas semanas, enquanto o país enfrenta um isolamento social que afetou a rotina de milhões de brasileiros, muito se tem perguntado sobre formas de prevenção do contágio pelo Sars-Cov-2, o novo coronavírus.

Embora o Ministério da Saúde recomende lavar as mãos com água e sabão ou limpá-las com álcool em gel de concentração mínima de 60%, a correta higiene das mãos não está clara para a maioria da população.

A ação do sabão ou álcool em gel no vírus é muito simples, de acordo com a microbiologista Natália Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e presidente do Instituto Questão de Ciência.

O Sars-Cov-2 é um vírus da família dos coronavírus, que são formados basicamente de RNA —material genético “primo” do DNA, porém com apenas uma fita— e uma cápsula de revestimento feita de proteínas e lipídios —nome técnico para gordura.

Essa capa, segundo a pesquisadora, é essencial para que o vírus se prenda nas células humanas. Sem ela, o vírus morre.

Assim, a água e sabão ou o álcool têm a função de destruir essa cápsula.

Como se aprende nas aulas de química no colégio, aos se colocarem água e gordura —por exemplo, óleo de cozinha— em um recipiente, as substâncias se mantêm separadas, mas a adição de detergente comum “quebra” a gordura.

A lógica é a mesma: ao lavarmos as mãos com água e sabão, o envelope protetor do vírus é quebrado, destruindo-o. Por isso, é sempre importante lavar as mãos.

“Qualquer tipo de sabão serve: sabonete, detergente líquido, sabonete líquido... Só não pode usar aquele sabão antibacteriano, por dois motivos: ele mata bactérias, e não vírus; e ele pode também matar bactérias que são protetoras da nossa pele, deixando-a muito mais suscetível a infecções”, completa Pasternak.

A pesquisadora ressalta ainda que o uso do álcool em gel, que já está em falta nos mercados, deve ser restrito para quando se está na rua; em casa, o bom uso de água e sabão basta.

Quanto à limpeza de superfícies, os maiores cuidados devem ser aplicados a mesas, bancadas, botões de elevadores e corrimãos, que são áreas de uso comum.

Nesses casos, pode-se usar também a solução de hipoclorito de cloro —a água sanitária, ou cândida, produto doméstico dos mais corriqueiros, diluída em água comum.

A substância, porém, não deve ser usada na higiene das mãos, pois é agressiva para a pele, podendo causar feridas que facilitariam a entrada do vírus.

O álcool líquido a 70% é altamente inflamável e deve ser usado com cuidado para a limpeza de superfícies.

Natália lembra ainda que a transmissão do vírus é dada por contato direto de secreções, quando uma pessoa contaminada espirra ou tosse, e as gotículas ficam na superfície, ou então quando as mãos são usadas para cobrir o espirro ou cutucar o nariz e depois o vírus é espalhado em objetos compartilhados.

Como não é possível saber ao certo se alguém esteve no local antes e espirrou ou tossiu ali, higienizar essas superfícies é recomendado, além de manter distância de pelo menos dois metros de outras pessoas e evitar aglomerações.

Dentro de casa, manter a boa higiene já é suficiente.

Para Pasternak, não é necessária a atitude de chegar em casa e retirar toda a roupa imediatamente do corpo, lavá-la e correr para o banho. Basta manter o cuidado de lavar bem as mãos por ao menos vinte segundos, além de não tocar em objetos compartilhados —como maçanetas— sem antes fazer a limpeza.

“Tenho visto uma atitude muito positiva nos mercados que frequento; sempre antes de pegar o carrinho tem uma pessoa passando um pano com álcool a 70%. Espero que essa pandemia deixe o bom hábito nas pessoas de manterem a higiene dos lugares”, completa.

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