Descrição de chapéu Coronavírus

Prédios fecham piscina, salão de festas e academia para conter coronavírus

Entidade recomenda, ainda, higienizar as áreas coletivas e disponibilizar álcool em gel, entre outras ações

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São Paulo

Ficou de quarentena, está trabalhando de casa, os filhos estão sem aula e de repente a rua não é mais um lugar seguro. Sorte de quem mora em condomínio com piscina, parquinho, academia e salão de festas, certo?

Errado. Condomínios residenciais também têm restringido o acesso a áreas comuns, na tentativa de evitar a disseminação do novo coronavírus.

No prédio do qual Antonio Castro é síndico, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, foram fechados salão de festas, piscina, academia e churrasqueira.

“Ficar em casa realmente cansa. Aí de repente uma pessoa resolve fazer um churrasco… A medida evita esse tipo de coisa. Com menor frequência, há menos contágio”, afirma ele, que diz que os moradores não têm reclamado.

“Isso partiu de um bate-papo entre os próprios moradores. Além de fechar as áreas, dispensamos funcionários que moram longe e precisam usar o transporte público”, diz.

Na Bela Vista, região central, a síndica Eva Yu Bertani achou prudente fechar uma área social, com sofás, e uma área de lazer, com quadra e parquinho para crianças.

“É uma força-tarefa que a gente faz, porque vivemos em comunidade. Na área social, ficam crianças e idosos. Por mais precaução que você tenha na higiene, não pode garantir totalmente. A melhor garantia é isolar o espaço e pedir que cada um fique na sua casa”, diz a síndica.

No prédio, de 130 apartamentos, já não tem mais álcool em gel nem para os funcionários, diz ela, dada a dificuldade de encontrar o produto em mercados.

Mas nem todos lidam bem com a medida. “Não vou morrer em função do coronavírus, vou morrer de tédio. Não dá para fazer nada”, brinca Adonilson Franco, presidente da Acresce (Associação dos Condomínios Residenciais e Comerciais).

O prédio em que ele vive fechou a área da piscina, o salão de festas e a academia. “Em locais confinados, entendo o risco. Mas numa área aberta, como a piscina, não me parece fazer sentido.” “As pessoas podem chegar a uma situação psicológica inadministrável. Sair para a área interna do condomínio me parece uma medida salutar”, afirma.

A Acresce tem feito informes para as administradoras com dicas de como tratar o vírus, com orientações de higiene, por exemplo.

Não há evidências de que o coronavírus se dissemine pela água, mas aglomerações em tornos de piscinas podem facilitar sua disseminação. Já parquinhos podem ser mais perigosos, porque crianças compartilham brinquedos e colocam mais as mãos na boca e nos olhos. O uso de academias também é desaconselhado.

Por isso, mesmo que o condomínio não tenha restringido o acesso, é prudente evitar esses espaços e quaisquer outras aglomerações, recomendam médicos.

No começo da semana, o Secovi (Sindicato da Habitação de SP) divulgou orientações a administradores de condomínios sobre como lidar com a pandemia que diziam que a restrição do uso de áreas comuns “é questão polêmica” e que os prédios deveriam, na verdade, recomendar aos condôminos que se abstenham de usar esses espaços.

Com o avanço do vírus no Brasil, a entidade mudou seu posicionamento. Marco Gubeissi, diretor no Secovi (Sindicato da Habitação de SP), diz que “de fato, existe o direito de propriedade, porém em situações como essa o entendimento é que o direito da comunidade, de bem-estar e da vida suplanta o direito individual de propriedade do morador”, afirma.

“Sabemos que vai ter gente que vai judicializar isso, mas a gente espera que o Judiciário entenda que foi uma situação incomum que pediu medidas drásticas.”

“É uma medida dura e impopular. Mas imagina se todo mundo desce para a piscina ao mesmo tempo? Vamos na linha do que as autoridades recomendam.”

A entidade recomenda ainda que os condomínios façam assembleias ordinárias virtuais, caso seja possível, e adiem assembleias extraordinárias.

O Secovi diz também que os prédios devem higienizar as áreas coletivas, disponibilizar álcool em gel, desinfetar com mais frequência maçanetas, botões de elevadores e corrimãos e orientar que trabalhadores usem máscaras e luvas, entre outros.

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Piscina e quadra de condomínio em Mogi das Cruzes (SP); Secovi recomenda fechar espaços - Gabriel Cabral/Folhapress
Erramos: o texto foi alterado

A reportagem tratou incorretamente Eva Yu Bertani por pronome no gênero masculino. O texto foi corrigido.
 

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