Descrição de chapéu Coronavírus

Bolsonaro coloca brasileiros em grave perigo, diz ONG Human Rights Watch

Relatório da organização diz que presidente age de forma irresponsável durante a crise

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São Paulo

A Human Rights Watch, ONG que defende e pesquisa os direitos humanos, divulgou neste sábado (11) um relatório que diz que o presidente Jair Bolsonaro está colocando os brasileiros em "grave perigo ao incitá-los a não seguir o distanciamento social" para conter a transmissão da Covid-19.

No documento, a organização afirma ainda que Bolsonaro "age de forma irresponsável disseminando informações equivocadas sobre a pandemia".

Mais de mil pessoas morreram por coronavírus no Brasil. Segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta sexta (10), o país tem 1.056 mortes confirmadas por Covid-19 registradas.

No mundo, a marca de 100 mil mortes por coronavírus foi batida nesta sexta também.

“Bolsonaro tem sabotado os esforços dos governadores e do seu próprio Ministério da Saúde para conter a disseminação da Covid-19, colocando em risco a vida e a saúde dos brasileiros”, diz José Miguel Vivanco, diretor da Divisão das Américas da Human Rights Watch, no comunicado.

“Para evitar mortes com essa pandemia, os líderes devem garantir que as pessoas tenham acesso a informações precisas, baseadas em evidências, e essenciais para proteger sua saúde. O presidente Bolsonaro está fazendo tudo, menos isso", afirma.

O presidente Jair Bolsonaro limpa o nariz e depois cumprimenta apoiadores em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro limpa o nariz e depois cumprimenta apoiadores em Brasília - Reprodução/TV Globo

O relatório diz que o presidente tem minimizado a gravidade da Covid-19 desde o início da crise e cita declarações nas quais ele chama a doença de "gripezinha" e "fantasia" criada pela imprensa.

"O presidente Bolsonaro tem repetidamente desconsiderado as recomendações de distanciamento social e incentivado as pessoas que não são 'idosas' a fazerem o mesmo, colocando-as em risco de contágio", afirma o relatório.

A organização também critica medidas tomadas por Bolsonaro durante a crise. Entre elas, a decisão do presidente de editar uma medida provisória para retirar dos estados a competência para restringir a circulação de pessoas, em 20 de março.

No dia 8 de abril, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que os governos estaduais e municipais têm autonomia para determinar o isolamento social.

O relatório ainda menciona que, em pronunciamento feito no dia 24 de março, Bolsonaro pediu aos brasileiros que voltassem à normalidade. Também lembrou a campanha do governo federal #OBrasilNãoPodeParar, cuja veiculação foi impedida por uma determinação judicial, que considerou que a peça publicitária contrariava as recomendações do Ministério da Saúde.

Nesta Sexta-Feira Santa (10), o presidente deu um novo passeio por Brasília, em meio ao isolamento social em vigência no Distrito Federal.

Em um dos momentos, Bolsonaro foi cercado por moradores e, antes de entrar no carro, ignorou orientações sanitárias e, sem demonstrar nenhuma preocupação com a crise do coronavírus, primeiro coçou o nariz com o dorso da mão direita e, segundos depois, passou a cumprimentar uma idosa e outros apoiadores. ​

Procurado pela Folha, o Planalto não quis comentar as críticas feitas pela ONG.

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