Descrição de chapéu Coronavírus

Brasil bate recorde de mortes por coronavírus em 24 h, com 474, e passa o total da China

País se torna o 9º com mais vítimas no mundo; em número de casos, é o 11º, com 71.886

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Brasília e São Paulo

O Brasil bateu um novo recorde de mortes registradas em 24 horas, com 474 novas vítimas, e ultrapassou a China no número total de óbitos causados pelo novo coronavírus. O recorde anterior do Brasil era de 407 vítimas em 23 de abril.

O país é agora o 9º com mais vítimas no mundo. Segundo boletim do Ministério da Saúde, ao todo 5.017 pessoas morreram por Covid-19. A pasta diz que há ainda 1.156 óbitos em investigação.

A China, de onde o novo vírus é oriundo, registra 4.637 mortos, a maioria (4.512) em Wuhan, na província de Hubei, segundo a Universidade Johns Hopkins, nos EUA, que monitora a pandemia.

Em número de pessoas com a infecção, o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking de países, com 71.886. Fica só atrás da China, que tem 83.938 casos.

Assim como na China, que tentou esconder a gravidade do surto inicialmente e é criticada pela falta de transparência de dados, é possível que no Brasil haja subnotificação do número de pessoas infectadas e de mortes causadas pela Covid-19.

Especialistas apontam a baixa oferta de testes como fator que dificulta ter um cenário real sobre a pandemia no país. Dados do ministério apontam ao menos 1.156 mortes ainda em investigação. Há casos de óbitos que demoram até um mês para entrarem nos registros.

Questionado sobre os números, o presidente Jair Bolsonaro disse em entrevista na porta do Palácio da Alvorada: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre". Ele disse que cabia ao ministro da Saúde, Nelson Teich, explicar os números.

"Eu tenho que falar com o ministro, ele que fala de número. Eu não falo sobre a questão da saúde. Talvez eu leve na quinta-feira para fazer uma live aqui. Ninguém nunca negou que teríamos mortes", disse Bolsonaro.

Depois de questionar e ouvir que sua entrevista estava sendo transmitida ao vivo em redes de TV, Bolsonaro deu uma uma declaração mais amena sobre o assunto.

"Lamento a situação que nós atravessamos com o vírus. Nos solidarizamos com as famílias que perderam seus entes queridos, que a grande parte eram pessoas idosas, mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente que a gente quer, se um dia morrer, ter uma morte digna, né? E deixar uma boa história para trás", disse.

Bolsonaro não citou nenhuma proposta para conter a transmissão do coronavírus e voltou a dizer que está preocupado com a situação econômica e o aumento do desemprego no país.

Ele disse que conversou na terça com um grupo de 200 empresários do Rio de Janeiro e conversou com eles sobre a reabertura das atividades econômicas. "O próprio pessoal da Firjan [Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro] hoje disse que tem que ser retomado".

Após dizer na última semana que não via um crescimento explosivo de casos do novo coronavírus no Brasil, Teich afirmou nesta terça-feira que o Brasil vive um período de evolução da curva de casos e mortes do novo coronavírus.

"O que tem que ficar claro é que é um número que vem crescendo. Há uns dias atrás eu falei que poderia ser um acúmulo de casos de dias anteriores, que foi simplesmente resgatado. Mas como a gente tem a manutenção desses números elevados e crescentes, temos que abordar isso como um problema, como uma curva que vem crescendo, como um agravamento da situação".

Teich, porém, disse que a piora está restrita aos lugares que estão enfrentando as maiores dificuldades atualmente. Ele citou como exemplos Manaus, Recife, Rio e São Paulo.

"A gente vê como uma tendência naqueles lugares onde a gente tem as piores condições em relação à doença", disse. "Hoje a gente aborda isso como uma evolução da curva pra cima, uma piora em relação aos dias anteriores."

Questionado sobre os locais que despertam maior preocupação, membros da pasta citaram ainda Fortaleza entre as regiões.

"São Paulo nas próximas semanas pode ter intensidade na região metropolitana. Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Manaus são locais que nos chamam maior atenção. Estamos atentos à situação em todo o território nacional", disse o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira.

Para Oliveira, que fazia parte da gestão anterior e permanece na equipe de transição com a chegada do novo ministro, a tendência é que haja aumento de casos também com a entrada de diferentes regiões em um período de maior circulação de vírus respiratórios.

Ele fez um alerta para que pessoas intensifiquem medidas de prevenção, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca ao tossir e espirrar e usar máscaras.

O secretário-executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, disse que o ministério deve começar a distribuir, a partir desta quarta (29), cerca de 185 respiradores para os estados mais afetados, além de equipamentos de proteção individual para profissionais.

Embora tenha reconhecido o agravamento da crise, o discurso de Teich chamou a atenção por não trazer uma mensagem de lamento diante das mortes, diferente das mensagens que vinham sendo adotadas pela pasta.

Segundo Oliveira, das 474 mortes confirmadas nesta terça, 146 ocorreram nos últimos três dias. "São óbitos recentes, e também uma boa parte que estava em investigação".

No Brasil, os casos confirmados estão mais concentrados em uma região, a Sudeste. Ao mesmo tempo, estados de outras regiões já apresentam alta incidência (a proporção de casos pela população da doença). As maiores são registradas no Amazonas, Amapá, Ceará, Roraima e Pernambuco.

Em números absolutos, São Paulo lidera com 24.041 casos confirmados. Em seguida vêm o Rio de Janeiro (8.504), Ceará (6.918) e Pernambuco (5.724).

O estado paulista também tem o maior número de mortes confirmadas com 2.049 até o momento. Depois, aparecem o Rio de Janeiro, com 738, e Pernambuco, com 508.

China

Os primeiros casos confirmados do novo coronavírus foram registrados em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Já no início da pandemia o país determinou uma quarentena sem precedentes de milhões de pessoas nas cidades mais afetadas.

O isolamento, ao que tudo indica, levou à diminuição do número de novos casos confirmados por dia e culminou no relaxamento da quarentena no fim de março.

A velocidade com que o vírus se alastra e causa mortes no Brasil é similar à observada na China. Ambos os países levaram cerca de dois meses para atingir os primeiros mil mortos após o primeiro caso.

Mas, no intervalo de 18 dias, entre 29 de março e 16 de abril, a China registrou 42 mortes novas mortes e o Brasil, 1.788. Relatórios da pasta também indicam aumento da transmissão do novo coronavírus.

Até o momento, os EUA registram o maior impacto do coronavírus no mundo. O país atingiu nesta terça 1 milhão de casos confirmados de Covid-19, marca inédita entre os 185 países impactados pela pandemia. O patamar alarmante foi atingido 12 dias depois que o presidente Donald Trump anunciou um plano para a reabertura econômica dos estados americanos.

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