Descrição de chapéu Coronavírus

Chegada do frio ao Sul tende a facilitar disseminação do novo coronavírus

Temperaturas mais baixas afetam mucosas nasais; ambientes fechados colaboram para a difusão da doença

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Curitiba

Apesar de não existirem evidências de maior agressividade de ação do novo coronavírus em temperaturas mais baixas, a chegada do frio, em especial na região sul do Brasil, deve potencializar a disseminação da Covid-19, a exemplo do que já acontece com outros vírus que afetam as vias respiratórias no inverno, como resfriados e gripes.

Nessa época do ano, o ar seco predominante provoca maior sensibilidade nas mucosas nasais, e os ambientes costumam ser mantidos fechados, dois agravantes para o aparecimento desse tipo de doença, segundo os médicos. Até mesmo uma alergia, mais frequente no frio, pode provocar mais espirros na temporada e, por consequência, novas contaminações.

"Nas baixas temperaturas, aumentam os casos de gripes, resfriados, alergias e pneumonias. A tendência é que realmente aumente a transmissão do novo coronavírus porque não pode ser diferente dos outros vírus", explica o otorrinolaringologista Diego Malucelli.

Não é possível prever o impacto do frio na pandemia no Brasil, mas a doença vai se somar a problemas respiratórios comuns, a exemplo do que ocorreu nos países do hemisfério norte, em que o novo coronavírus estourou no inverno. As complicações preocupam principalmente os estados do Sul, onde nos últimos dias já foram registradas temperaturas próximas de 0 °C.

Neste outono, os termômetros já chegaram a marcar -1,7 °C em General Carneiro, interior do Paraná; 0,9 °C, em Caçador (SC); e 1,8 °C, em Quaraí (RS). Em Curitiba, capital mais fria do país, a mínima foi de 7,8 °C nesta quinta-feira (16), de acordo com as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A previsão do tempo para a estação não anima. “Começam as incursões de massa de ar polar mais intensas com a chegada de frentes frias. Espera-se que comecem temperaturas menores no sul do Paraná, na região metropolitana de Curitiba, que é mais alta, e nas serras catarinense e gaúcha, com possibilidade de geadas”, diz Letícia dos Santos, meteorologista do Inmet.

Com a expectativa anual de acréscimo de até 40% nos atendimentos nas unidades nessa época do ano, a prefeitura da capital paranaense implantou em março um sistema de call center para esclarecer dúvidas sobre o novo coronavírus. Já foram atendidas cerca de 21 mil ligações desde então —cerca de 40% de pacientes com sintomas gripais que acabaram monitorados.

Os doentes com poucos sintomas recebem orientações de isolamento. Caso seja necessária uma avaliação mais completa, o paciente pode consultar um médico por vídeo. Já se precisar de alguma receita, atestado ou medicamento, a entrega ocorre por e-mail ou em casa. Tudo é feito para que doente, um potencial caso de Covid-19, não precise visitar a unidade.

“Com isso, mesmo esperando um aumento de atendimentos, estamos tendo redução por enquanto”, garante a superintendente de gestão em saúde de Curitiba, Flávia Quadros. Ela aponta que as crianças fora da escola e grande parte da população em casa ajudam na queda. Mesmo nos casos de atendimentos presenciais, segundo ela, está havendo o cuidado para prevenir novas contaminações, como disponibilização de álcool em gel e máscaras.

Moradores de rua, já atingidos nessa época do ano, também estão recebendo olhar especial com a pandemia. Em Curitiba, 120 vagas em abrigos foram destacadas para acolher apenas pessoas com suspeita de Covid-19. O protocolo de atendimento também mudou: quem se recusa a tomar banho só pode receber alimentação do lado de fora das unidades.

O Ministério da Saúde também antecipou a campanha de vacinação contra a gripe neste ano, o que deve ajudar na identificação de quem está com a Covid-19. Muitas cidades estão usando o sistema drive-thru para aplicação das doses, evitando o contato físico. O governo de Santa Catarina, por exemplo, já vacinou 72% dos profissionais da saúde e 87% dos idosos.

Apesar da preocupação em torno do potencial aumento de caso do novo coronavírus com o frio, os três estados do Sul do país afrouxaram nos últimos dias as regras de isolamento social, colocando em xeque a quarentena recomendada pelos órgãos de saúde.

Caxias do Sul, na serra gaúcha, por exemplo, conta com 76% das UTIs do SUS ocupadas. Na sexta-feira (17), uma criança de 11 anos morreu na cidade com suspeita de Covid-19, ainda sem confirmação de testes. Mesmo assim, após pressão dos municípios da região, o governador Eduardo Leite (PSDB) autorizou que as cidades liberem o comércio.

Apesar de ter adiantado o isolamento em uma semana em comparação com outros estados, diversas cidades catarinenses voltaram a registrar movimento nas ruas a partir da última semana. O mesmo ocorreu no Paraná, onde grande parte dos municípios liberou a abertura do comércio, mas instituiu regras para a população, como a obrigatoriedade de uso de máscaras.

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