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Medo de vazamento de dados em aplicativo de encontro virtual divide opinião de jovens na quarentena

Houseparty foi alvo de denúncias de usuários que afirmam que foram hackeados pelo app; empresa nega

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São Paulo

Enquanto conversava com os amigos por videochamada, Pedro Valera, 21, conta que um desconhecido mascarado entrou na sala virtual e ficou por ali observando o grupo. O estranho não respondia nenhuma pergunta e por ali ficou.

“Não tem como remover alguém da sala, então só ficamos rindo e tentando puxar papo com ele”, conta o estudante de administração sobre uma das suas experiências com o Houseparty.

O aplicativo leva adiante as atividades sociais comuns das pessoas virtualmente e, além das conversas por vídeo, também permite entretenimento entre amigos, por meio de jogos de quiz, adivinha e desenho.

A interface foi descrita pelo site americano Huffpost como um híbrido entre o Zoom, pois permite videochamadas com até oito pessoas, com o Snapchat, pela interatividade.

Além disso, se o usuário não bloquear sua sala de conversa, pode ser que um estranho entre e participe do seu bate-papo —como aconteceu com Valera.

Popular no início da quarentena, a plataforma somou mais de 2 milhões de downloads pelo mundo em menos de uma semana e foi um dos aplicativos mais baixados na App Store.

Interface do app de festas virtuais Houseparty
Interface do app de festas virtuais Houseparty - Divulgação

Porém, no início de abril alguns usuários começaram a denunciar a empresa pelo vazamento de dados e acesso a contas de outros sites e aplicativos, como Spotify e Netflix, além da utilização do Uber.

Por isso, muitos optaram por desativar suas contas. Pedro foi um deles, apesar da avaliação positiva e de ter entrado até cinco vezes por dia durante duas semanas na interface. Ele diz que, apesar de não ter notado nada de estranho nas suas contas, achou que seria melhor desativá-lo.

Algo semelhante aconteceu com a estudante de direito Katryn Kherlakian, 23, que baixou o Houseparty quando uma amiga recomendou como opção para elas conversarem e jogarem juntas.

Kherlakian acabou usando apenas duas vezes porque, durante uma conversa, começou a receber e-mails do Spotify, que informava que sua conta estava sendo usada na Índia e China.

“Eu não sei se foi por causa do Houseparty, mas comecei a ver outros relatos semelhantes e resolvi excluir minha conta e parar de usar”, disse Kherlakian.

O app, que é controlado pela Epic Games, criadora do jogo Fortnite, informou em nota que “não houve nenhuma violação de dados, nem exposição de dados de clientes ou de contas de terceiros. Assim que tomamos conhecimento desses relatos falsos, nós montamos imediatamente uma equipe interna que trabalhou com especialistas externos para investigar a situação. Nós constatamos que essas afirmações não eram verdadeiras”.

Estudante de direito e administração pública, Pedro Gama, 20, resolveu acreditar na empresa. Ele conta que, quando a polêmica surgiu, começou a ler a avaliação de alguns especialistas em ataques virtuais de que as invasões que esses usuários não estavam ligadas necessariamente ao app de festa virtual.

“Disseram que o provável motivo para essas invasões seria porque as pessoas estão mais tempo em casa e acessando mais a internet, e, por isso, estão mais propícias a este tipo de golpe por diferentes sites”, analisa ele, que continua usando o aplicativo.

Gama avalia que o Houseparty é melhor que o Hangouts, plataforma de chat em vídeo do Google. Ele e outros amigos têm usado entre três a quatro vezes por semana para comentar sobre o Big Brother Brasil, reality show da TV Globo. “Eu nem assistia, mas comecei a ver agora”, conta o remanescente no app que tem conseguido reunir apenas quatro amigos no aplicativo, já que a maioria apagou.

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