Descrição de chapéu Coronavírus Rio de Janeiro

Rio de Janeiro tem 88% dos leitos públicos de UTI ocupados

RJ é o segundo estado mais afetado pelo vírus, ficando atrás apenas de SP

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Rio de Janeiro

Sem nenhum hospital de campanha pronto, a cidade do Rio de Janeiro caminha para um cenário de lotação com o avanço do novo coronavírus. Até esta terça-feira (14), 88% dos 619 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da capital estavam ocupados.

Diferentemente da contagem feita em São Paulo, esse número considera tanto os internados pela Covid-19, suspeitos ou confirmados, quanto pacientes acometidos por outras doenças. Também leva em conta as redes municipal, estadual e federal de saúde no município.

O Rio de Janeiro é o segundo estado mais afetado pelo vírus, ficando atrás apenas de São Paulo. Até esta quarta, os fluminenses somavam 3.743 casos confirmados e 265 mortes, com outros 114 óbitos em investigação.

Hospital de campanha para coronavírus é montado pela Prefeitura do Rio de Janeiro no centro de convenções Riocentro, na Barra da Tijuca - Tércio Teixeira - 1º.abr.2020/Folhapress

"Ainda temos capacidade de resposta, mas não chegamos no pico da pandemia", diz o clínico Alexandre Telles, 28, que trabalha no hospital Ronaldo Gazolla, unidade municipal de referência para coronavírus, e é presidente do sindicato de médicos (Sindmed-RJ).

Na rede municipal, 80% dos 70 leitos de UTI e 97% dos 110 leitos de enfermaria reservados apenas para a Covid-19 estão cheios, mas ainda há capacidade para a ativação de mais vagas conforme a demanda no Ronaldo Gazolla. Nesta terça, por exemplo, a prefeitura decidiu abrir dez delas.

Isso porque os casos e as internações estão subindo rapidamente. Na rede estadual, a taxa de ocupação das UTIs passou de 63% para 72% em dez dias. Nas enfermarias, saltou de 41% para 62% no período (considerando pacientes com e sem coronavírus).

Já a rede federal é a que está na pior situação. O Hospital de Bonsucesso, um dos seis geridos pela União no RJ, foi escolhido para ser a unidade federal de referência para a Covid-19 no estado. Por isso um bloco com pacientes renais transplantados foi esvaziado.

A promessa era disponibilizar ali 170 leitos para o vírus, mas só 23 estão liberados, todos já ocupados por pessoas com suspeita da doença. Os demais estão prontos, mas não podem ser usados porque não há profissionais e equipamentos de proteção individual (EPIs) suficientes.

A empresa municipal RioSaúde iniciou um processo seletivo para contratar temporariamente mais de 5.000 funcionários para o enfrentamento à epidemia nas redes municipal, federal e universitária, mas ainda não há data certa para que eles comecem a trabalhar.

Outro problema que persiste no Hospital Federal de Bonsucesso é a mistura de pacientes com e sem suspeita de Covid-19 na emergência, como mostram planilhas internas. Foi o caso de uma mulher de 42 anos que dividiu a sala de hipodermia (medicação) com ao menos outras três pessoas na última segunda (12).

A situação das unidades públicas de saúde do Rio, assim como no resto do país, tem se agravado com o afastamento de profissionais de saúde com sintomas do coronavírus.

Em Bonsucesso, funcionários dizem que ao menos cinco pessoas da diretoria, incluindo a própria diretora, estão ausentes porque teriam contraído o vírus. Questionada, a assessoria de imprensa não respondeu se foi esse o motivo.

Na rede municipal, havia 768 médicos e profissionais de enfermagem (6% do total) afastados de suas funções na semana passada por apresentarem sintomas ou por estarem nos grupos de risco da doença, em hospitais, maternidades e na saúde mental.

Na rede estadual, já são 493 dispensados (3%), sendo 208 nas 30 unidades de pronto-atendimento do estado. É nelas que está um dos maiores gargalos do combate ao coronavírus no Rio de Janeiro.

Os pacientes que chegam com sintomas da doença nessas unidades muitas vezes não são atendidos com a estrutura adequada, com isolamento e leitos aparelhados. Na UPA da Rocinha, por exemplo, profissionais relatam que têm tido dificuldades para transferir os casos graves para hospitais.

Por enquanto, nenhum dos dez hospitais de campanha ou modulares anunciados pelo governador Wilson Witzel (PSC) ficaram prontos, incluindo um no estádio do Maracanã. Todos estão previstos para o fim do mês, somando 2.000 leitos (990 de UTI).

Já o que está sendo montado pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) no espaço que abrigou partidas de tênis de mesa na Olimpíada de 2016, na Barra da Tijuca, deve ficar pronto no domingo (19), com 500 vagas (100 de UTI).

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