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Curada da Covid-19, enfermeira escolheu profissão por causa da avó

No Dia do Enfermeiro, Katia diz que, apesar do estresse, é gratificante fazer a diferença para pacientes

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São Paulo

No dia 12 de maio de 1820, nascia a britânica Florence Nightingale, que se tornou a pioneira da enfermagem moderna. E é no dia do seu aniversário, nesta terça-feira (12), que se celebra o Dia do Enfermeiro.

Durante a carreira, as sugestões de Nightingale não eram muito bem aceitas por médicos. Mas foi ela a responsável por adotar medidas de higiene no hospital do exército britânico durante a Guerra da Crimeia, como a lavagem de lençóis e lavar as mãos com água de sabão, o que na época não era tão comum.

Esse é o cuidado que tem sido relembrado constantemente como forma de evitar a propagação do coronavírus. “Essa prática é algo imprescindível na nossa profissão e o mundo tem sido relembrado durante a pandemia da importância dela”, conta a gerente de enfermagem Katia Simone Cruz Azevedo, 50.

Azevedo, que trabalha no hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, conta que seu dia começou cheio de emoção, com lembrancinhas e parabenizações dos colegas.

Na linha de frente do combate ao coronavírus, o último mês não foi fácil para ela que, após começar a sentir muita dor de cabeça e apresentar febre alta, foi diagnosticada com Covid-19.

Ela teve 30% do pulmão comprometido, apresentou saturação baixa e ficou internada oito dias. “Levei a doença para casa e meu marido também foi infectado”, conta. Ele teve um quadro ainda pior, e ficou na UTI com 80% do pulmão comprometido.

A enfermeira Katia Simone Cruz Azevedo
A enfermeira Katia Simone Cruz Azevedo - Divulgação

Ela acredita que o caso do seu marido foi um milagre, pois, mesmo que com os sintomas graves, ele não precisou ser intubado.

“Mesmo com todos os equipamentos de proteção, a gente corre riscos”, afirma ela. O casal se recuperou e está bem. Azevedo retornou ao hospital no dia 23 de abril, não como paciente e sim no seu posto de trabalho.

Passado o susto, ela diz que a doença fez ela valorizar a vida e até o ar que respira. “Mudou meu olhar pelo paciente e fez com que eu tenha vontade de ser muito mais empática, porque acho que isso ameniza a dor do paciente e traz esperança."

Durante a internação, ela lembra que o isolamento foi um período difícil. “O psicológico fica muito afetado. Você não tem acesso à sua família, só à equipe de enfermagem. Já cuidei de tanta gente e ali estavam cuidando de mim”, diz.

Azevedo afirma que sua maior preocupação era seu filho de 12 anos, que ficou sob os cuidados de uma amiga —os dois também foram infectados pelo novo vírus, mas tiveram sintomas leves. “Não tenho família aqui, o que passava pela minha cabeça era ‘se eu morrer o que que vai acontecer com o meu filho?’”

Há 22 anos em São Paulo, Azevedo nasceu em Belém em uma família cheia de educadores. Mas ela sempre sentiu vontade de de cuidar das pessoas. Foi observando o trabalho de sua avó que ela escolheu ser enfermeira.

“Minha avó era o que a gente chama de enfermeira prática, ela não era graduada, mas praticava por instinto, já que onde morava as pessoas não tinham acesso ao hospital. Ela que ajudava as pessoas com curativos e auxiliava as mulheres durante o parto”, diz Azevedo que quando decidiu por seguir a profissão contou com grande apoio da matriarca.

“Quando escolhi a profissão, descobri que o enfermeiro é também um líder e um educador. O que o paciente espera de nós é o acolhimento, a comunicação, é ser informado tudo que vai acontecer com ele, e isso desenvolve a segurança”, reflete ela que afirma que apesar do estresse que elas e os colegas passam, eles “fazem a diferença na vida de alguém”.

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