Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa Coronavírus

Exercício ao ar livre ganhará adeptos pós-pandemia, aposta professor

Em live promovida pela Folha, personal trainer Diego Zanotto aponta mudanças na prática de esportes

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São Paulo

Bastante alterada durante a pandemia do novo coronavírus, a prática de exercícios físicos terá mudanças duradouras, que irão além do período marcado por isolamento social e restrições de movimento. Para Diego Cury Zanotto, devem crescer significativamente a busca por atividades ao ar livre e a realização de aulas online.

O personal trainer, professor e atleta participou da live Ao Vivo Em Casa promovida pela Folha nesta quarta-feira (27). Na conversa, ele apontou a necessidade de as pessoas em isolamento se manterem ativas em casa, de preferência com treinos supervisionados por profissionais, e desenhou o cenário que imagina no futuro da educação física.

ao vivo em casa Diego Zanotto
Diego Zanotto aponta mudanças significativas na prática esportiva - Núcleo de Imagem

Zanotto já começa a observar alguns efeitos na prática. Ele trabalha em Florianópolis, onde foram afrouxadas as regras de isolamento e foi liberada a abertura das academias, ainda que com muitas restrições, como uso de máscara e proibição do uso de vestiários e bebedouros. Há nas ruas da capital catarinense um movimento crescente de pessoas realizando diferentes tipos de exercício.

“Tem muita gente treinando. As pessoas estavam entediadas, sem ver a cor do sol, faltava estímulo sensorial. De um lado, parede; do outro, prédio. Isso foge da natureza humana. É cientificamente comprovado que a saúde psicológica acaba sendo prejudicada. Muita gente experimentou treinar ao ar livre e gostou muito”, afirmou o professor.

Ele realizou uma enquete em sua conta no Instagram, e 85% dos que responderam aprovaram a atividade do lado de fora. De acordo com o personal trainer, com o equipamento adequado, é possível ir além da corrida e executar também trabalhos de força: “É uma tendência bem considerável no ramo da educação física”.

Outra tendência são os exercícios com supervisão a distância. Com as academias fechadas, os profissionais tiveram de se adaptar à situação e oferecer aulas realizadas por aplicativos de vídeo, com interação entre professor e alunos. A modalidade ganhou força e, ao que tudo indica, sobreviverá à pandemia.

“É um novo nicho que foi descoberto por diversos motivos. Um motivo é econômico, e a gente sabe que a repercussão econômica vai existir quando acabar a pandemia. Empresas foram fechadas, pessoas tiveram a renda diminuída. E o treino online acaba sendo mais barato. Outro motivo é a descoberta de que um treino em casa pode ser legal”, disse Zanotto.

As vantagens incluem uma flexibilidade maior de horários. Há também aqueles que não se sentem à vontade no ambiente da academia e preferem praticar exercícios físicos sem companhia. Nesse sentido, o isolamento é visto até como uma oportunidade.

“Para quem não estava fazendo exercícios, é uma excelente chance para começar. Dentro de casa, sem pressão social, sem ninguém na academia olhando, sem aquela coisa do padrão estético perfeito, de a pessoa se sentir mal no ambiente, aquele momento vai ser prazeroso. Isso diminui sintomas depressivos, a pessoa se sente competente e se mantém ativa. Há uma tendência grande de a pessoa desenvolver um significado novo para o exercício físico”, afirmou o professor.

Ele alerta, porém, para os cuidados necessários. O personal trainer recomenda o estabelecimento de uma rotina, com horários marcados para as atividades, e insiste na importância de que elas sejam observadas por um profissional capacitado para analisar os movimentos, corrigi-los e definir a carga apropriada.

Mas Zanotto sabe que muitos não têm condições de bancar um treinador. Nesse caso, diz ele, é necessário buscar orientações disponibilizadas de forma gratuita por profissionais da educação física, não por artistas de boa forma que divulgam seus exercícios nas redes sociais.

“Infelizmente, falta informação para algumas pessoas, que acabam seguindo dicas, treinos e atividades de gente que não tem capacitação para isso. É fundamental procurar alguém que seja graduado em educação física, não um blogueiro fitness, uma pessoa que, por ser atleta, acha que pode postar, definir um treino”, disse o professor.

“Eu, que estudei, mesmo com essa bagagem me pego pensando nas dificuldades de montar um treino, é um quebra-cabeças. Como alguém que não tem formação na área, um artista, um famoso, vai passar um treino de maneira segura? Há pessoas de educação física colocando treinos gratuitos, mas ao menos foram pessoas que estudaram”, acrescentou.

Aqueles que dispensam as orientações online, de famosos ou anônimos, e preferem ir à academia também vão precisar se adaptar. Os estabelecimentos reabertos estão funcionando com várias restrições, como limite de ocupação inferior a 30%, distanciamento entre as pessoas e vestiários fechados. O cuidado com a higiene também foi multiplicado.

Parte dessas adaptações terá vida longa. E muitos precisarão superar a dificuldade imposta pela máscara sanitária nos exercícios. A respiração é modificada e as alças de fixação podem causar incômodo, mas, por enquanto, o acessório não é dispensável.

“Muita gente está reclamando. Vai causar um desconfortozinho respiratório, principalmente em quem é menos treinado. Com uma respiração mais profunda, há a tendência de a máscara se colar ao rosto. Com a máscara, a gente aumenta a frequência respiratória, porque não dá para respirar tão fundo. E há uma exigência maior da musculatura, pelo bloqueio do ar. A própria umidade incomoda”, explicou Zanotto.

Há quem veja isso como um benefício, já que os empecilhos causados pela máscara podem provocar um gasto calórico maior. Seja como for, é mais uma adaptação necessária em uma prática diretamente afetada pela pandemia.

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