Na luta contra o coronavírus, pulmões são um campo de batalha

Ventiladores são importantes para fazer funcionar os órgãos danificados pela Covid-19

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Mika Gröndahl ​Andrew Jacobs
The New York Times

Os ventiladores pulmonares se tornaram a peça de equipamento médico mais importante para os pacientes críticos de coronavírus, cujos pulmões danificados impedem que eles levem oxigênio suficiente aos órgãos vitais. As máquinas forçam o ar a entrar profundamente nos pulmões, desalojando o fluido e o pus acumulado que interferem na troca de oxigênio, processo orquestrado por pequenos sacos de ar chamados alvéolos.

Ainda não está claro como os pulmões são impactados pela Covid-19

Os pulmões são órgãos complexos que entregam oxigênio à corrente sanguínea e mantêm os demais órgãos funcionando.

Os pulmões humanos são vasos esponjosos formados por milhões de sacos de ar microscópicos em forma de balões, chamados alvéolos, o elemento principal do sistema respiratório, onde ocorre a troca de gases.

Como funcionam os pulmões
Como funcionam os pulmões - Folhapress

Cada alvéolo, com a espessura de um cabelo humano, é envolto por uma rede de capilares que transportam o oxigênio para a corrente sanguínea.

Nos pulmões saudáveis, os alvéolos permitem que o oxigênio alcance a corrente sanguínea e expulsam o dióxido de carbono, que é então exalado.

Embora os especialistas ainda estejam tentando entender como a Covid-19 ataca os pulmões, em muitos pacientes os alvéolos ficam inflamados e se enchem de líquido, prejudicando a capacidade do corpo de absorver oxigênio e remover o dióxido de carbono.

Um ventilador ou respirador mecânico pode ajudar os pacientes a receber o oxigênio de que precisam para continuar vivos...

Os ventiladores não são uma cura para os pacientes de Covid-19, mas a respiração mecânica pode mantê-los vivos enquanto lutam contra a infecção.

Como funciona um ventilador pulmonar
Como funciona um ventilador pulmonar - Folhapress

Os ventiladores de tratamento crítico são mais que simples bombas de ar. São máquinas minuciosamente reguladas por software, que devem ser constantemente ajustadas por profissionais de saúde treinados para garantir que os pacientes recebam a combinação certa de nível de oxigênio, pressão, volume de ar e ritmo de respiração.

...mas ventilar um paciente não é uma solução garantida

Os pacientes não-coronavírus em ventilação mecânica têm uma taxa de sobrevivência aproximada de 50%. A taxa de mortalidade dos pacientes de coronavírus em ventiladores ainda não está clara —em parte porque sem um método comprovado de tratamento do vírus, os pacientes muitas vezes ficam ligados a essas máquinas durante semanas para poderem respirar por tempo suficiente para que seus pulmões tenham a chance de se curar.

Paciente intubado
Paciente intubado - Folhapress

A intubação é delicada. Os pacientes precisam ser fortemente sedados para permitir que os médicos insiram um tubo de respiração nos pulmões —e impedir que eles acordem e retirem os tubos. Como a pressão do ar em excesso pode danificar os pulmões, os pacientes intubados devem ser monitorados constantemente.

Os profissionais de saúde estão experimentando novas técnicas...

O temor da falta de ventiladores em Nova York e o prognóstico incerto para os pacientes intubados ajudaram a produzir inovações para sustentar os pacientes sem contar com os ventiladores para tratamento crítico.

Os profissionais de saúde adotaram uma manobra que é usada há muito tempo para pacientes ventilados --virar seus corpos periodicamente sobre o estômago para aumentar a capacidade pulmonar. Deitar de bruços abre áreas dos pulmões que normalmente são comprimidas pelo peso do coração quando a pessoa se deita de costas. Os médicos estão estudando se deitar de bruços alguns pacientes com problemas respiratórios pode permitir que eles se recuperem sem o uso de ventiladores mecânicos.

Posição de bruços ajuda na oxigenação
Posição de bruços ajuda na oxigenação - Folhapress

Os médicos descobriram que virar de bruços os pacientes com problemas respiratórios agudos pode aumentar notavelmente a oxigenação. Mas o processo pode ser difícil, exigindo que os enfermeiros virem os pacientes várias vezes por dia.

...e também há tratamentos alternativos menos dispendiosos

Profissionais de saúde recorrem cada vez mais a máquinas CPAP e BiPAP, bombas de ar de baixo custo usadas por milhões de pessoas com apneia do sono, doença pulmonar obstrutiva crônica e outros problemas respiratórios. Os hospitais vêm reformando máquinas não utilizadas e usando-as com ou sem intubação para enviar ar pressurizado para os pulmões de pacientes de coronavírus.

Uso de máquina CPAP com capacete
Uso de máquina CPAP com capacete - Folhapress

Para reduzir o risco de infecção nos profissionais de saúde, os médicos também têm colocado nos pacientes capacetes improvisados que entregam oxigênio por meio de máquinas CPAP enquanto filtram as partículas virais exaladas. Esses capacetes foram usados pela primeira vez por médicos italianos obrigados a improvisar devido à falta de ventiladores para tratamento intensivo.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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